XIV. Novas Amizades

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— Há quanto tempo você está aí?

— Não o bastante, infelizmente.-me respondeu com um meio sorriso. Será que todos os Inquisidores eram tão convencidos assim?

— O que você quer?-Questionei.- É algo importante ou só veio me espionar?

— Por que eu iria te espionar?-O Inquisidor  perguntou, obviamente divertindo-se com a situação.

Revirei os olhos.

—Não se faça de idiota!-avisei.- Você é um Inquisidor. Com certeza quer ajudar o seu amigo, então decidiu vir me observar.

—Quem? Courtney?-o rapaz franziu as sobrancelhas, balançando a cabeça enfaticamente em negação.- Ele não é meu amigo.

— E você pode provar que não é?

Esse rapaz era um deles, é claro que deviam se dar bem. Não tinha motivos para confiar.

—Só porque faço parte dos Inquisidores, não quer dizer que eu seja amigo de todos eles.-explicou.- Eu não gosto de Courtney, ele sempre me pareceu arrogante demais.

Soltei uma risada, puro sarcasmo.

— E você com certeza seria o mais humilde Inquisidor que já existiu!

—Não exagere.- ele sorriu.- Alguns de nós valem a pena, assim como nem todos os Caçadores da Meia-Noite são boas pessoas. Nós não podemos ser definidos por nossas companhias.

—Se acha que os Caçadores são os vilões nessa sua teoria, por que está aqui?-perguntei.- Digo, por que continua falando comigo? Sei que precisa seguir os Inquisidores para todos os lugares, mas não precisa interagir com a gente mais do que o necessário.

Na verdade, era óbvio que não estava falando aquilo apenas para afetá-lo. Sabia que era só reflexo do que eu pensava sobre a minha convivência com os Inquisidores no Instituto. Quantos menos tivesse que vê-los, melhor.

—Eu não disse que você estava incluída no grupo dos que não gosto da Caçada.- o rapaz se explicou, aproximando-se onde eu continuava de pé.- Você me parece estar sempre tão distante de todos, como se tivesse seu próprio mundo aqui dentro. Nunca conheci alguém como você. É intrigante.

— Que declaração mais clichê!- Dei risada.- Você fala isso para todas que tenta conquistar ou eu sou só alguém que você quer vigiar para favorecer seus amigos?

—Não, é bem diferente disso.- ele admitiu, dando de ombros.-Eu estive te observando nesses dias que estamos aqui, mas nunca tive a chance de falar com você. Na verdade, eu mudei de ideia quanto a falar com você quando você foi até os nossos dormitórios lá em cima, a forma como me enfrentou na frente dos outros... Sabe, não são todas as pessoas que me enfrentam assim, especialmente da forma que você o fez.

—Bem, você deve estar acostumado a lidar com civis e serviçais.- lembrei- Mas sou uma Caçadora formada, não alguém baixo na hierarquia.

O Inquisidor assentiu, em silêncio.

— Eu não vim te espionar, só queria te conhecer.- disse, por fim.- Já sei o seu nome porque é famosa nessa cidade. Saphira, a Caçadora mais jovem a receber um cargo de oficial. Difícil não te reconhecer, já ouvi muitos comentários sobre essa sua incomum combinação de cabelos claros e olhos pretos, mas não do jeito ruim. Só é bem difícil não identificar.

Bom saber que até minha aparência era motivo para chamar a atenção, não bastasse minha reputação.

—Bem, obrigada. Eu acho.- franzi as sobrancelhas, tentando ser amigável, para variar.

A Caçadora da Meia-Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora