VIII. Capitão Exílio

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— Quem é você?

Esperava que meus antigos casos já tivessem me ajudado a manter a expressão neutra o tempo inteiro, mas lidar com faes era completamente diferente de qualquer outro tipo de discussão entre espécies do submundo e humanos.

Eles eram ótimos em ler as pessoas, e eu não queria arriscar.

O fae de aproximou, fechando um cofre metálico parcialmente escondido atrás de um armário. Sim, ele estava começando uma pequena exibição.

— Por que você não me diz?-perguntou.- Você é quem está invadindo o meu estabelecimento.

Olhando-o de perto, tive a certeza de que era um feérico. O macho era alto e forte, de pele morena, e usava uma armadura de ferro por cima de suas roupas simples. O cabelo era roxo e ia até os seus ombros, seus olhos negros se destacavam nas sombras que ele tentava esconder-se.

Poderia funcionar com outras pessoas, ficar no escuro e esconder parcialmente o rosto, mas não comigo. Minha visão era muito boa e a sua tática não funcionava. Eu não o temia e o fae sabia disso.

— Como sabe o que eu sou?-insisti.- Digo, não estou com o meu uniforme.

O macho contorceu o nariz, demonstrando seu nojo.

—Você cheira como eles.

— Cheiro como quem, exatamente?

Estava apenas fingindo interesse enquanto pensava.

Já que segurava minha missão em suas mãos, tinha que achar uma maneira de pegar. E precisava ser rápido.

— Como uma humana.- ele explicou, mas seu olhar me analisou de cima a baixo.- Mas não é isso que você é, certo, Caçadora?

Dei de ombros.

— Não sei nem a que você se refere.

— Temos um acordo, eu me lembro.- o fae mudou de assunto. Nossa, como eles gostam de falar. Meu pensamento me deu uma ideia, no entanto.- Tem permissão de matar esses membros do submundo arruaceiros, desde que não invada nosso território. Eu tenho pessoal para garantir que vocês não tenham motivo para estar aqui, então você está violando o acordo que minha espécie fez com a Caçada.

— Você sabe por que estou aqui.- apontei para o pequeno vidro.

Ele entendeu o que quis dizer e deu um sorriso convencido.

— Tenho ouvidos em todos os lugares, os planos dessa sua laia da Caçada da Meia-Noite não é um completo mistério para mim.- Senti que ele insinuava alguma coisa, mas pensar em um de nós trabalhando para a espécie que a maioria dos Caçadores costumava desprezar soava quase como uma piada. Não, não era possível.

— Ainda não me disse como sabe tanto de mim.

— Ah, seu disfarce ridículo não funciona, tampouco. Tenho idade suficiente para reconhecer impostores em um único olhar, e você é uma.- o elfo fazia pouco caso da minha pergunta.- Fantasia bem feita, mas não o bastante. Você não me engana.

— Eu tenho conhecimentos dos acordos de Mestre Romckpay.

— Você não sabe de nada, menina.

— Ah, eu tenho!-exclamei.- Meu chefe confia em mim. Eu fico surpresa de que você me deixe fazer meu trabalho assim tão fácil.

O macho sorriu com malícia.

— Primeiro você precisa tirar da minha mão.- ele escondeu o vidro no bolso de sua roupa.- Boa sorte.

— Que tipo de título você acha que tem para ser tão convencido assim?- o provocava na intenção de irritá-lo.- Se fosse mesmo importante, estaria com sua espécie e não se escondendo em um bar qualquer na Terra, no meio de uma cidade humana.

A Caçadora da Meia-Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora