— Fico feliz que tenha vindo atender minha solicitação.
O fae assentiu quando me sentei à mesa.
—Bem, você se mostrou mais uma vez bem evasiva.- Ele respondeu. - E eu tenho que admitir que me deixou curioso sobre o tal assunto tão urgente que precisava me encontrar nesse restaurantezinho humano no fim do mundo.
—Sinto muito pelo lugar, sei que não é o tipo de entretenimento mortal do qual você gosta. -desviei o olhar para a banda de cordas tocando, que, sinceramente, me parecia um pouco escondida entre tantas pessoas.- Aqui era o lugar mais próximo que eu conseguiria chegar a tempo. Como você deve saber, já não sou mais parte do exército de Stewart Romckpay.
—Sim, a noticia já me alcançou.
É claro que o imortal não teria interesse nenhum em se intrometer nos assuntos humanos, eu o conhecia há tempo suficiente para saber disso, mas não tive medo que pudesse me levar de volta para Londres. Alguém confiável depois de tanto tempo. Não havia tido uma boa experiência com outro feérico, mas esse eu já conhecia bem.
— Os assuntos mortais não me interessam, a menos que envolva um dos meus.
Ele me olhou, esperando que eu explicasse porque tinha o chamado até ali.
Eu sabia tudo sobre sua espécie, mas ainda achava impressionante como a beleza feérica os tornava mais perfeitos que qualquer mortal. Seus cabelos eram de um tom de azul escuro, que mudava de cor conforme o movimento, as mechas repicadas caiam sobre a testa e os ombros eram musculosos e largos, a pele escura o destacava perto dos outros clientes do bar.
Algo me dizia que, se passasse minhas mãos sobre seu cabelo, seriam ainda mais macios do que aparentavam.
Como todos os homens fae, ele era muito mais alto que qualquer humano, talvez próximo dos 2m de altura, e por causa de suas pernas longas, sentia seus joelhos encostando nos meus mesmo com a mesa entre nós. O maxilar marcado estava escurecido por uma barba ainda crescendo que não me lembrava de estar ali da última vez que o vi. Seu rosto era de um homem formado, mas seus olhos de um tom violeta diziam que ele já havia visto muito mais do que qualquer mortal, embora não soubesse exatamente sua idade. Era notável que tinha uma sabedoria além do normal escondida sob sua expressão fechada.
Olhei ao redor para ter certeza de que ninguém estava prestando atenção à nossa conversa.
—Preciso que me escute com atenção, Ellon. Não sei se terei a chance de repetir essas palavras.- Disse por fim. - Você me ajudou quando eu precisei sem nem mesmo perguntar quem eu era. Como retribuição, eu também faço o mesmo. Agora preciso lhe alertar sobre algo importante acontecendo neste Reino.
Ele continuou em silêncio, limitando-se a me escutar, sequer questionando minhas palavras.
— Sei que normalmente não vem à essa dimensão, mas visando seu cargo no Comando de sua raça, creio que essa ameaça envolva não só sua espécie, mas todas as criaturas não humanas.- Expliquei.- Eu estou indo embora, mas meu acompanhante insistiu para que eu viesse até aqui e informasse alguém para que pudesse fazer algo à respeito.
Ellon mudou de posição na poltrona, parecendo interessado, mas não disse nada.
— Tentarei ser rápida e não desperdiçar nosso tempo. Em meus últimos dias com os Caçadores, descobri algumas...Coisas que podem ser prejudicais tanto para mim quanto para você.
—E eu devo saber mesmo do que se trata?-ele me interrompeu.- Por que você está hesitando demais.
—Sim, é uma ameaça de grande porte.-respondi-lhe, sem dar atenção às suas desconfianças.-Ouça, descobri que Romckpay está criando uma nova arma, e não está sozinho em seu plano. Sabe o quanto aquele homem odeia criaturas como nós. Por isso, fez uma aliança com o nobre Cinclair e algum inventor maníaco, o qual não tenho ideia de quem seja. Agora sei que está construindo algo que vai nos matar um por um, até que o sobrenatural já não exista nesse mundo.
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A Caçadora da Meia-Noite
Fantasy[COMPLETO APENAS NA AMAZON] Durante a Era Vitoriana, um lorde poderoso fundou a Caçada da Meia-Noite, uma organização dedicada ao controle e extermínio de criaturas do submundo que passavam do limite, atacando inocentes sem razão boa o bastante. Mai...