Nossa conversa não durou muito tempo depois de toda a minha explicação.
Khan nos prometeu abrigo pelo tempo que julgasse necessário, permitindo que ficássemos desde que eu e Adam ajudássemos na administração ou trabalhando em algum lugar do acampamento.
Ele tentou agir de maneira mais informal depois do que lhe contei, tentando mascarar o quanto parecia assustado com todas as novas informações, mas eu sabia reconhecer quando alguém estava preocupado. Khan tentava manter o controle, só que era perceptível que estava falhando.
Um alfa não devia ter tanta dificuldade para esconder suas emoções dessa forma, mas sabia que sentia tanto quanto qualquer humano. Era uma pena que fosse assim, mas Khan precisava sempre se manter estável e na linha. Um verdadeiro líder precisava ser racional, mas até mesmo lobisomens se importavam com outros seres vivos além deles, não éramos de todo monstros. Uma parte nossa sempre permaneceria humana.
Quando me levantei para sair, senti o alfa segurar meu pulso e me impediu de seguir Adam. Vi que ele me esperaria na porta, mas decidi prestar atenção no que Khan me diria.
—Quanto ao que você me contou, nós vamos precisar conversar mais tarde. - Khan pediu. - Se puder.
Soltei meu braço de sua mão pesada, mas permaneci no lugar e assenti.
—É claro.-disse.-Pode me chamar quando estiver pronto para falar sobre um assunto tão pesado. Sei que ainda precisa digerir a informação.
Ele balançou a cabeça em agradecimento. Adam, por outro lado, parecia impaciente.
—Eu preciso ir...-quando dei um passo para trás, fui interrompida por sua voz me chamando mais uma vez.
—Espera. - ele repetiu. - Será que podemos conversar a sós? Agora?
—Agora?-arqueei as sobrancelhas. - Não quer deixar para falar sobre...
—Não é sobre o que você está pensando. - ele me interrompeu.
Não tinha certeza do que Khan se referia, mas o observei com atenção para tentar decifrar as palavras em seu olhar e, por coincidência ou não, ambos desviamos a atenção para Adam, um pedido silencioso para que ele fosse embora. Meu amigo hesitou um pouco e parecia não querer acreditar, mas quando ele levou a mão à maçaneta, a porta se abriu atrás dele.
Aquele era o dia para ser interrompida!
Um menino de não muito mais do que 13 anos foi quem entrou, ele nem nos olhou por mais de alguns segundos e apressou-se até o alfa. O garoto sussurrou alguma coisa perto do ouvido de Khan, baixo demais para que eu escutasse quando o homem se abaixou para ouvi-lo, mas assentiu em concordância e o garoto se afastou. Olhando-os juntos, percebi como eram fisicamente parecidos. Os mesmos cabelos negros e a pele morena, contrastando com os olhos azuis. No entanto, aquele garoto era muito magro e parecia ainda não ter entrado na puberdade. Pelo menos era o que dava para perceber com seus cabelos cacheados e as bochechas ainda rechonchudas de uma criança.
—Mais tarde resolvemos isso, Morgan. - Khan informou ao menino. - Agora volta para casa. Deve ter muito o que fazer antes de jantar.
O pequeno Morgan murmurou um "sim" que quase não escutei e voltou seu olhar para mim com uma expressão indecifrável, então correu para longe, batendo a porta às suas costas. Irmão ou... filho?
—Sinto muito pela interrupção. - Khan pediu. - Morgan é meu irmão mais novo, então me sinto responsável por ele, mesmo com minha mãe por perto. Além disso, ele é muito apegado. Não consigo dizer "não".
—É só uma criança.-argumentei.-Não se desculpe por isso.
—Certo. - Ele se levantou e gesticulou para que o seguíssemos. - Vou leva-los até os dormitórios. Normalmente, ficam vazios, já que só servem para visitantes ou àqueles que ainda não foram realocados para outra casa. E os dois casos são raros, então...
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A Caçadora da Meia-Noite
Fantasy[COMPLETO APENAS NA AMAZON] Durante a Era Vitoriana, um lorde poderoso fundou a Caçada da Meia-Noite, uma organização dedicada ao controle e extermínio de criaturas do submundo que passavam do limite, atacando inocentes sem razão boa o bastante. Mai...