Capítulo 37

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Às vezes, minhas tentativas são fora dos padrões, fomos condicionados a não cometer erros, mas não posso viver desse jeito, não.
Encarando a página em branco diante de você, abra a janela suja, deixe o sol iluminar as palavras que você não consegue encontrar. Procurando por algo à distância, está tão perto que você quase pode provar, liberte suas inibições.
[...]
Sinta a chuva na sua pele, ninguém mais pode senti-la por você
Só você pode deixar entrar, ninguém mais, ninguém mais.
Pode falar as palavras nos seus lábios, se encharque em palavras não ditas, viva sua vida com os braços bem abertos. É hoje que seu livro começa, o restante ainda não foi escrito.

Unwritten – Natasha Bedingfield

         Point of view Dulce María

Toda vez que eu entrava nos corredores, sentia os olhares das pessoas queimando em minha direção. Era inevitável não me sentir intimidada. Mas hoje, especialmente hoje, com nossas mãos entrelaçadas, a sensação é completamente diferente. É como se cada olhar fosse uma lâmina afiada, cortando qualquer resquício de segurança que eu poderia ter.

Christopher, o popular capitão do time de futebol americano, e eu, a garota conhecida por ser assídua, tímida e dedicada, estávamos de mãos dadas. E não era um boato espalhado pelos corredores, era real, visível para todos verem. As pessoas já estavam carecas de saber que eu supostamente odiava Christopher, e agora, de repente, estávamos assumindo um "namoro" na frente de todos.

— Eu juro que me sinto entrando em colapso. — murmurei enquanto sentia meu coração bater mais rápido a cada passo. O que os outros viam era meu corpo, mas era ele quem estava ali, ao meu lado. As expressões de incredulidade nos rostos das pessoas eram quase cômicas, se não fossem tão desconfortáveis. Eu podia ouvir os sussurros e os cochichos que surgiam ao nosso redor como um mar de murmúrios.

— Isso é sério? Eles estão realmente juntos? — Uma voz soou com desdém.

— Nunca pensei que veria isso. — Outra pessoa comentou, claramente chocada.

Eu sabia que, no fundo, todos estavam tentando entender como isso é possível. Como a garota que passava horas na sala de jornalismo do colégio, conhecida por seu comportamento tímido e discreto, poderia estar andando de mãos dadas com o cara que praticamente reinava sobre todo aquele lugar. A diferença entre nossas realidades era gritante, e eu podia sentir a tensão no ar. Christopher, por outro lado, parecia completamente tranquilo. Eu nunca poderia imaginar que em uma situação dessa eu poderia me vê com uma expressão tão confiante e despreocupada, como se nada no mundo pudesse abalar minha postura. Ele era popular, acostumado a ser o centro das atenções, enquanto eu me sentia como um peixinho fora d'água, lutando para manter a compostura.

— Dulce, relaxa. — Ele murmurou baixinho, inclinando-se para falar perto do meu ouvido. — Deixe que falem.

Eu queria acreditar nele, queria realmente sentir essa confiança toda que ele parecia exalar. Mas é difícil quando eu podia sentir cada par de olhos fixos em nós, julgando, especulando, incrédulos. O colégio inteiro parecia ter parado para nos observar, e eu mal podia suportar a pressão.

— Eu não sei se consigo fazer isso. — sussurrei lutando contra a vontade de soltar a mão dele e correr para longe.

— Lembra, Dulce. Temos que parecer convincentes — sussurrou Christopher de volta, apertando levemente minha mão me convencendo de não solta-la.

— Eu sei, Christopher. Só que isso ainda é meio esquisito para mim. — Respondi, tentando não tropeçar nos próprios pés. – Olha só como eles estão nos olhando! Parece que nasceu um terceiro olho na minha testa.

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