Me toque em qualquer lugar, porque eu sou sua garota.
Pegue minha cintura, não desperdice nenhuma parte.
Eu acredito que você me veja por quem eu sou, então espalhe minhas roupas pelo chão do seu carro novo.
É seguro, é seguro apenas sermos nós mesmos?
[...]
Agora estou aqui com você, e eu gostaria de pensar que você ficaria por aqui. Você sabe que eu morreria para te deixar orgulhoso.
O gosto, o toque, a maneira como amamos, tudo se resume a fazer o som da nossa canção de amor.Love song – Lana Del Rey
Point of view Dulce María
O ar úmido da Inglaterra era diferente de tudo o que eu já tinha sentido. Havia uma bruma leve no vento, carregando consigo um frio discreto, mas penetrante. Saí do voo com a sensação de estar fora do eixo, como se cada passo dado fosse um lembrete de que eu estava longe, muito longe de tudo que um dia foi familiar.
Era a primeira vez que deixava Nova York para trás de verdade, e a única vez que fiz uma viagem tão longa e pisei fora, foi justamente durante minha mudança do México para o Estados Unidos, porém isso já faz muito tempo. Mas essa viagem parecia diferente. A Inglaterra carregava uma estranheza silenciosa, e eu a observava como quem tenta compreender uma nova língua que não conhece. Cada detalhe ao meu redor exigia atenção. As pessoas se moviam com pressa, falavam baixo, arrastando vogais e sílabas com uma suavidade incomum. Tudo me parecia fascinante e... opaco. Mesmo assim, meus olhos captavam cada nuance. Talvez porque, se eu me distraísse, algo dentro de mim afundaria de vez.
Demi falava ao meu lado sobre algo que eu mal registrei. Algo sobre a arquitetura, ou talvez os bares do campus. Eu sabia que ela tentava me animar, mas sua voz era um ruído distante na minha mente. Não tive coragem de dizer que não importava onde eu estivesse. A Inglaterra podia ser a mais linda das paisagens, mas nada conseguia apagar a sensação vazia que habitava meu peito.
Chegamos finalmente a Oxford, e nos receberam com um sorriso educado e instruções claras sobre como seriam nossos próximos dias. Nos deram um mapa e horários das entrevistas, além da chave dos dormitórios onde ficaríamos. Demi ainda tentou me convencer a explorar a universidade com ela.
— Vem, Dul. Vamos conhecer o campus, tomar uma cerveja ou só ver o movimento. Vai ser bom pra você. — seu olhar tinha aquela insistência cuidadosa, como quem enxerga algo que não foi dito, mas respeita o espaço de quem ainda não quer falar.
— Não hoje. Preciso realmente descansar, me sinto exausta. — menti, um sorriso fraco esticando meus lábios, um verdadeiro disfarce malfeito.
Ela me olhou por um instante a mais, como se procurasse uma brecha nas minhas palavras. Mas não insistiu. Apenas assentiu com um sorriso leve e se afastou. Entrei no quarto com passos lentos, observando o espaço vazio ao meu redor. O cômodo era simples e bem arrumado, com móveis básicos: cama, escrivaninha e um armário pequeno. Paredes nuas, sem quadros ou cores, apenas um espaço temporário. Eu deveria sentir ansiedade pelo que estava por vir – as entrevistas, o peso de estar aqui. Mas não. O que me apertava por dentro não tinha nada a ver com Oxford.
Desfiz a mala com calma, como se cada movimento pudesse retardar o turbilhão que ameaçava me dominar.
Eu havia trago o essencial, havia roupas o suficientes para usar ao longo dos dias ou até semanas, já que eu não sabia muito bem qual seria o resultado. Mas ainda assim preferi colocar minhas roupas para fora, ajudaria a me distrair de alguma forma. Dobrei as mesmas com cuidado e as deixei no canto do armário, organizando tudo como se minha mente pudesse se organizar junto. Mas era inútil. Ele estava ali. Em cada pensamento. Como uma sombra que se recusava a ir embora.

VOCÊ ESTÁ LENDO
It's a Boy Girl Thing
FanfictionDulce María e Christopher Uckermann se odeiam intensamente, talvez devido a alguns erros do passado que nunca foram reparados. No entanto, a vida de ambos toma um rumo inesperado durante uma visita ao museu e uma acalorada discussão diante de uma es...