Capítulo 21

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Eu consigo fingir um sorriso, eu consigo forçar uma risada, eu consigo dançar e interpretar o papel se é isso que você está me pedindo.
Dar a você tudo o que sou.
[...]
Mas eu sou apenas humana e eu sangro ao cair, sou apenas humana, eu me arrebento e desmorono.
Suas palavras na minha cabeça, facadas no meu coração, você me levanta e então eu caio em pedaços porque sou apenas humana.

Christina Perri - Human

          Point of view Dulce Maria

Meus passos arrastavam-se pelo chão, ecoando meu desânimo interior. Todos os sonhos que eu almejava, as conquistas meticulosamente planejadas para minha jornada em Oxford e uma futura carreira brilhante, tudo parecia se esvair entre meus dedos. Minha visão embaçou com as lágrimas, e as palavras de Alzira ecoaram em minha mente, lançando-me em um abismo de desamparo.

"Não posso fazê-los voltar ao normal. Sinto muito, crianças."

Uma. Duas. Três. Quatro. As lágrimas continuavam a escorrer, um turbilhão de emoções presas na minha garganta. Queria gritar, espernear, implorar por alguma resposta, por um fio de esperança naquele momento desolador.

— Ainda há esperança, Dulce. Prometo que vamos dar um jeito nisso e... – A voz de Christopher ao meu lado despertou uma raiva incontrolável. Não havia esperança alguma!

— Você realmente acreditou naquela baboseira, Christopher? – Minhas sobrancelhas se arquearam com incredulidade. – Acha que devemos nos "unir" e fazer toda aquela palhaçada de remissão?

— Você está de cabeça quente agora, mas se pudesse ver o olhar de Alzira para mim, juro que senti algo... – Christopher tentava explicar, mas eu o interrompi.

— Foi tudo fruto da sua cabeça. Ela só teve pena de você e quis acalmar a criança descontrolada. – Parei em frente a ele. – Você ficou surtado e ela não queria ver um "brutamontes" destruindo o centro de Hogwarts dela.

— Dulce! Para com isso. A titia estava tentando ajudar, não é culpa dela se as coisas não saíram como imaginávamos. – Anahí interveio, visivelmente incomodada.

— Alzira não tem culpa, Anny! Ela vive num mundo de contos de fadas que não nos pertence. Só faltava dizer que a magia acabaria com um beijo de amor verdadeiro. – Ri ironicamente, mas lágrimas se misturavam às minhas palavras enquanto retomava a caminhada.

— E se fosse? Olha toda nossa situação, acha mesmo que não seria possível que um ato de perdão pudesse nos devolver ao normal? Ou que um beijo de "amor verdadeiro" e todas essas porcarias do seu conto de fadas não pudessem trazer a solução? – Christopher se aproximou com os olhos cheios de raiva. – Eu prefiro começar a acreditar em todas essas idiotices e tentar algo do que ficar me remoendo e chorando por tudo que perdi. Tudo isso é inútil!

                        Babaca!

Apertei os lábios, me sentindo pequena diante dele - mesmo que, ironicamente, eu fosse a mais alta na situação. Quis questioná-lo sobre como ter fé, como reagir após tudo que ouvi e percebi. Como manter a fé quando tudo parece desmoronar?

— Me deixe em paz! – Foi tudo que consegui dizer, antes de apressar o passo. Anahí me seguiu, mas eu não me importei se Christopher ainda vinha atrás. Minha mente fervilhava, desejava desaparecer por algumas horas.

Adentrei o quarto de Christopher e senti um pesar por não poder me refúgiar em meu próprio quarto.
Era impossível não notar a organização minuciosa em contraste com a bagunça controlada de um jovem apaixonado por futebol americano e videogames. As paredes estavam adornadas em pôsteres autografados por ídolos do esporte e times renomados, todos em tons vibrantes de azul, não era difícil identificar que aquela é a cor favorita de Christopher.

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