Capítulo 40

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Me escute agora, estou de joelhos e rezando, embora minha fé seja fraca.
Sem você amor não dá, por favor, nos dê uma chance.
Vamos fazer as pazes e ficamos até o final, um milhão de vezes, um trilhão mais.
Amor preciso de você por perto, eu sei, eu sei.
Amor preciso de você por perto, eu sei, eu sei.

           The Spins – Mac Miller

         Point of view Christopher

Sorri levemente assistindo Dulce acertar seu quinto touchdown. Ela corria pelo campo concentrada, sequer percebendo que eu estava ali na arquibancada a observando. Ela está jogando cada vez melhor, a cada dia que passa se supera, se dedica, se esforça como ninguém, e isso me enche de orgulho.

— Olha como ela está sorrindo apaixonada, eu vivi para vê-la assim. – Demi riu e iniciou uma sessão de apertos em minhas bochechas. Tentei tirar sua mão, resmungando alguns xingamentos que saíram totalmente incompreensíveis, já que suas mãos continuavam ali, espremendo incansavelmente.

— Pare de zoar ela, Demi. – Maite falou entre risadas e saiu do lado de Anahí para se sentar ao lado de Demi.  – Por que não conta logo a novidade para ela, uh?!

— Você é tão ansiosa. – Demi negou com a cabeça, ainda com aquele sorriso gigantesco no rosto. – Está bem, vamos lá! Dulce. María.

Demi falou pausadamente e me puxou para mais perto de si, seus olhos brilhando de entusiasmo. Fiquei realmente curioso para saber o que aquela garota maluca e de cabelos exageradamente coloridos me diria.

— Vou tentar uma vaga em Oxford também! Meus pais finalmente concordaram em me deixar estudar no exterior! – disse ela, quase pulando de alegria. Abri e fechei a boca sem saber exatamente como reagir. Ela me olhou atentamente, parecendo ansiosa pela minha reação, então apenas sorri e tentei corresponder ao seu entusiasmo ao máximo, embora sentisse um peso repentino no peito.

— Isso é incrível! Estou...eu estou muito feliz, isso é ótimo. – dei leves tapinhas em suas costas enquanto nos mantínhamos abraçados. Maite se juntou a nós, abraçando Demi com força.

— Isso é maravilhoso! Vamos poder ficar perto uma da outra, mesmo longe de casa. – Maite deu pulinhos leves e me olhou com um brilho suave nos olhos. – Oxford nunca foi minha prioridade, gostaria muito de ir para Stanford, mas imagine só, nós três juntas na Inglaterra?!

Maite também iria tentar para Oxford, então. Sorri forçado mais uma vez, voltando meu olhar na direção de Dulce que correu até o outro lado do campo, parando próximo ao Poncho. Então ela virou o rosto devagar e me viu. Ela sorriu de orelha a orelha e acenou para mim, surpresa e feliz.
Acenei de volta ainda com aquele sorriso congelado no rosto. Eu não entendia, mas por dentro algo esfriou, congelou todo o meu corpo, me deixando extasiado e com...

                           Medo.

A ideia de Dulce ir para Oxford significava que nossos caminhos poderiam se separar para sempre. Ela estaria a milhares de quilômetros de distância, e nossas vidas seguiriam direções completamente diferentes.

Porra! Eu já sabia disso, eu sempre soube disso.

Então por que ouvir suas amigas falarem disso com tanta empolgação me dói? Por que ver o tempo passar mais rápido e estar cada vez mais próximo dessa entrevista faz tudo em mim tremer? Por que algo no meu subconsciente inventava hora, data, locais, eventos e qualquer merda que nos aproximasse, como os treinamentos na praia, o passeio em Central Park, a iniciativa para ensiná-la a dirigir...

Tudo porque algo martelava incessantemente na minha cabeça que eu precisava aproveitar cada momento que ainda tínhamos juntos.
Por um milésimo cheguei a torcer para que a nossa troca de corpo durasse um ano inteiro, só para não vê-la ir embora e isso me fez se sentir um merda. Ela queria aquilo mais que a própria vida, como eu podia torcer pelo ao contrário, torcer por algo que a atormenta?!

It's a Boy Girl Thing Onde histórias criam vida. Descubra agora