Capítulo 57

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Talvez seja a maneira como você diz meu nome, talvez seja a maneira que você joga o seu jogo, mas é tão bom, eu nunca conheci ninguém como você. É tão bom, eu nunca sonhei com ninguém como você.
[...]
Eu acho que você é único para mim, porque fica tão difícil respirar quando você está olhando para mim.
Eu nunca me senti tão viva e livre. Quando você está olhando para mim, eu nunca me senti tão feliz.
E eu ouvi falar de um amor que vem uma vez na vida e eu tenho certeza de que você é esse amor.

              Dandelions – Ruth B.

         Point of view Dulce María

Nova York nos recebeu com o céu escuro e um vento cortante que anunciava o fim do verão. Já passava das dez da noite quando desembarcamos, e, apesar do cansaço acumulado pela viagem, meu coração ainda batia rápido, meio confuso, meio eufórico. Talvez fosse pela cidade que não dorme, ou talvez fosse por ele. Christopher estava ao meu lado, caminhando ao meu ritmo, e tudo ainda parecia surreal. Eu e ele. Nós. Como um casal de verdade. Como se todo o caos, a troca de corpos e as mágoas fossem uma história antiga, um borrão distante.

               Agora era diferente.

          Agora, estávamos juntos.

— Você vai direto pra minha casa hoje, ok? — ele disse enquanto chamava um táxi, a mão ainda segurando firme a minha, como se temesse que eu sumisse no ar. — Amanhã você vai pra sua.

Eu sabia que ele estava tentando me proteger. Queria evitar qualquer confronto imediato com a minha mãe ou com qualquer fantasma do passado que nos cercava. Mas, mais cedo ou mais tarde, eu teria que encarar isso. Suspirei, aceitando sua tentativa de adiar o inevitável.

— Tá bom. — concordei, mesmo que por dentro eu soubesse que fugir não era exatamente uma solução. Mas naquela noite, eu não queria estragar nada. Ainda estava embriagada pela lembrança de Londres, da nossa primeira noite como "nós".

O táxi nos deixou na porta da casa de Christopher, e deixei que ele abrisse a porta do carro e me guiasse dali por diante. Visualizei rapidamente a minha casa ao lado, as luzes já estavam apagadas, provavelmente meus pais já dormiam.

Assim que Christopher destrancou a porta e entramos em sua casa, o familiar cheiro amadeirado me envolveu. Era um cheiro que me trazia conforto, um cheiro que eu tinha aprendido a amar. Ele trancou a porta e, sem precisar dizer uma palavra, nós dois fomos para o quarto dele.

Eu me sentia exausta, mas ao mesmo tempo ansiosa. Aquela coisa maluca de querer estar perto dele o tempo todo, de querer sentir cada toque e cada beijo como se fosse o primeiro. O início de um relacionamento é assim, não é? Uma mistura de urgência e encantamento que faz tudo parecer melhor, mais vivo.

— Vou tomar um banho. — avisei, já indo em direção ao banheiro. — Me traz uma toalha?

— Claro. — ele respondeu, e eu já ouvi o som dos seus passos se afastando para buscar a toalha.

Assim que entrei no banheiro do quarto de Christopher, senti o frio da noite me envolver. A viagem havia sido longa, e meu corpo implorava por um banho quente para aliviar o cansaço acumulado. Deslizei a blusa de manga pelos braços lentamente, e o ar gelado me arrancou um arrepio imediato. Era estranho como o frio fazia meu corpo parecer mais vivo, cada sensação mais acentuada, mais intensa.

Com um movimento automático, puxei minha calça jeans para baixo, ficando apenas de sutiã e calcinha. O espelho embaçado começava a se desfazer aos poucos, revelando minha imagem borrada. Antes que pudesse me dar conta, ouvi passos suaves atrás de mim, e lá estava ele.

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