It's a Boy Girl Thing

Capítulo 45

E eu sei que é difícil de dizer, mas eu acho que gosto muito de você, apenas vá devagar e mova seus pés com ritmo, porque se nós dançarmos então você não precisa falar.
E eu sei que é difícil de dizer, mas eu acho que gosto muito de você.

    Dance With Me – beabadoobee

        Point of view Dulce María

Sentei-me na cama, respirando fundo, enquanto meu subconsciente me acusava de forma sorrateira, dizendo o quão patética eu poderia ser por mentir tão descaradamente para Christopher. Seu olhar já me dizia tudo; ele sentia e sabia que eu mentia. Mas eu não conseguia afastar a sensação que me tomou desde que Noah citou aquela maldita carta, garantindo que Christopher a leu e ignorou de propósito.

Será que ele realmente havia lido? Será que ele realmente sabia e tinha consciência da existência daquelas crianças? Seus comportamentos recentes me deixavam incerta sobre isso. Ele parecia tão diferente, mostrando um lado sensível, um lado que se importa, algo que eu não imaginava que existia. Isso me deixava tão confusa, principalmente pelo sentimento de culpa que me tomava por não contar a verdade. Sinto como se estivesse traindo sua confiança, e isso me faz mal.

Engoli em seco, levantando-me de repente, decidida a encontrar a carta que, se realmente chegou até ele, estaria em algum canto daquele cômodo. E quando a tivesse em mãos, poderia finalmente conversar com Christopher e tentar compreender cada detalhe daquela confusão que o perseguia. Determinada, iniciei minha procura por todos os cantos do quarto, vasculhando gavetas e armários, mas não encontrei nada.

Sentindo a frustração começar a me atingir, comecei a caminhar de volta até a cama, mas meu olhar foi direto para uma caixa marrom, semelhante a um baú, em cima do guarda-roupa.

   Como não a havia percebido antes?

— Vamos lá. — murmurei, aproximando-me do guarda-roupa, colocando-me nas pontas dos pés e apalpando a caixa com a mão. Estar no corpo de Christopher tinha lá suas vantagens. — Isso!

Comemorei quando peguei a caixa entre minhas mãos, a posicionando entre meus braços. Fechei os olhos espirrando três vezes seguidas ao inalar toda a poeira que a cobria. Caminhei devagar até a cama e me sentei, deixando a caixa apoiada nas minhas pernas. Quando a abri, fiquei surpresa ao ver alguns itens lá dentro: uma velha câmera Polaroid aparentemente quebrada, um globo de neve com pequenos pinheiros, como uma pequena floresta, um quebra-cabeça infantil de Natal e, por fim, algumas fotos que provavelmente foram impressas pela câmera Polaroid.

Havia várias fotos de Christopher quando era mais novo. Encontrei algumas com Alexandra e, por fim, com o pai dele. Havia incontáveis fotos do homem com ele. Peguei uma fotografia específica de Christopher quando era pequeno, segurando um sorvete e sorrindo para a câmera. A imagem era adorável, mostrando um garotinho com um sorriso radiante e cheio de vida.

— Uau! Tão loiro. — ri comigo mesma, como se ele pudesse me ouvir. Aproximei a foto, me sentindo encantada por aquele garotinho inocente e vulnerável. Seus olhos brilhavam com uma alegria que parecia pura e intocada, e era impossível não sentir um aperto no coração ao pensar em tudo o que ele havia passado desde então. — Nunca teve uma fase feia, não é?

Neguei com a cabeça, lutando contra a vontade de guardar aquela foto comigo. Levantei-me com a caixa nas mãos, confirmando pela segunda vez que não tinha sinal de nenhum papel dentro do objeto. Mas também não foi difícil identificar que tudo ali tinha uma ligação forte com o passado de Christopher com o pai. Eu podia jurar que ele havia queimado todos os resquícios ou vínculos de Víctor com ele, mas não.

— Filho? — ouvi a voz de Alexandra chamando do lado de fora do quarto. — O almoço já está pronto.

— Já estou descendo. — avisei, guardando rapidamente a foto e fechando a caixa em seguida. — Um minuto.