Prólogo

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"Eu esperarei aqui, por você.  Pois estou quebrado, caindo. (...) Você se tornou tudo o que eu perdi, e tudo o que eu esperava, mas eu devo seguir em frente, sempre sozinho, nunca quebrado."

Jack Bugg, Broken

Point of view Christopher

Aqueles dois dias passaram lentamente, e os resultados com Dulce eram os mesmos, até que naquela manhã eu a avistei de longe, entrando no refeitório ao lado de Anahí e uma garota que eu nunca havia visto. Eu nem mesmo acreditei quando a vi, seus cabelos já não eram aquele castanho escuro que eu amava, mas um vermelho vivo, que ainda sim a deixou tão bem quanto seus cabelos castanhos, porém aquele vermelho sangue lhe trazia um outro olhar, uma outra face.

  Quase como se fosse outra pessoa.

— Aquela não é a... – Não deixei Poncho completar e me levantei imediatamente da minha mesa, abandonando a bandeja de comida e tudo aquilo que me impedia de chegar até ela. Caminhei às pressas em sua direção, mas para minha felicidade ela já estava vindo até o centro, como se estivesse realmente vindo ao meu encontro. Segurei minha respiração, tentando formar algo para que eu pudesse iniciar minha explicação para Dulce e fazer ela entender que tudo o que aconteceu não tinha meu dedo.

Dul nós precisamos conversar. – Eu iniciei, mas algo no olhar dela me calou.Eu nunca havia visto aquele olhar nela, não daquela maneira tão explícita, ela me olhava com um ódio quase palpável.

— Apenas Dulce María para você. – Ela falou alto passando por mim, eu continuei a seguindo.— Dulce é sério, nós dois precisamos conversar. – Ela sequer dirigiu o seu olhar para mim dessa vez, apenas continuou andando. – Dulce! Por favor...

— Eu já disse que não tenho nada para falar com você. – Ela falou tão alto que os olhares de todos no refeitório pairavam sobre nós dois, até mesmo Channing e seu time de futebol. – Você me humilhou da pior forma que pôde, eu confiei em você e então você traiu a confiança que eu entreguei a você.

Dulce isso tudo é um mal entendido, se me deixar explicar para você eu te juro que... – Comecei a falar rapidamente, mas fui interrompido novamente.

— EU NÃO QUERO EXPLICAÇÕES. – Ela gritou e vários burburinhos de falatório se iniciaram. – Eu quero que todos saibam o cara otário que você foi comigo.

— Dulce... – Eu a chamei pela última vez, ela me lançou um sorriso maldoso e um olhar ácido.Nada daquilo se parecia com ela.

— Galera me dêem um pouco da atenção de vocês por favor! – Ela exclamou para que todos a escutassem, engoli em seco observando cada movimento dela. – Sabe esse garoto aqui? Sim, ele mesmo. O novato!

— Dulce, é sério vamos conversar sozinhos. – Voltei a chamar sua atenção, mas ela não se importava.

— Ele é um mentiroso! Falso! Ele brinca com os sentimentos das pessoas e as coisas que essas pessoas se importam. – Eu a observei, ela fechou os olhos e seus lábios estremeceram.

Ela estava se referindo ao galpão, mas não havia sido eu.

— Dulce, eu não fiz aquilo. – Falei baixo tentando fazê-la parar, mas era em vão.

— Ele destruiu algo muito importante para mim, mas tudo bem, eu nem sei se é verdade o que ele me contou, ele é tão mentiroso, mas se for que bom... ao menos tenho algo para atingi-lo. – Ela riu forçado e seu dedo trêmulo apontou para mim. – Esse cara aqui, chora pelo papai que foi embora até hoje.

— Não faça isso Dulce. – Eu pedi, ela não tinha direito de explanar algo tão doloroso e pessoal.

— O mecânico fracassado, que prometeu para o filhinho de dez anos que voltaria, mas nunca voltou. – Ela riu novamente de um jeito amargo, risadas escandalosas ao nosso redor acompanharam ela. – Seu próprio pai o abandonou.

Meu coração acelerou e se contraiu, eu queria que Dulce parasse imediatamente. Todo aquele cinismo, aquele desdenho com algo que me machucou e me machuca por anos estava me causando raiva.

Ela estava me expondo!

— Mas sabe Christopher? Ainda bem que seu pai te deixou... – Ela finalmente olhou para mim e manteve o sorriso debochado no rosto. – Pelo menos ele não teve o desgosto de ver o merda que você se tornou.

Uma raiva me subiu, me aproximei de Dulce com ódio e peguei em um dos seus braços.

— Eu nunca mais vou permitir que deboche dos meus sentimentos e dos meus problemas desse jeito. – Falei entre dentes e de repente uma expressão desconfortável passou pelo seu rosto.Soltei seu braço com força, como se uma grande carga de choque houvesse passado por todo meu corpo. Eu não quero machucá-la, mas sinto uma raiva cada vez mais crescente. Me sentindo ofegante, dei dois passos para trás, me afastando de Dulce.

— É isso que você merece. – Sua voz embargou e eu neguei com a cabeça. – Eu nunca vou perdoa-lo pelo que fez.

Eu engoli em seco aquele nó que se formou em minha garganta, minha decisão já estava tomada desde então.

— Muito menos eu pretendo te perdoar. – Falei dando as costas para Dulce, eu não queria mais ficar ali, eu já não estava suportando segurar todos aqueles sentimentos que estavam perfurando minha alma.

Eu odeio você. – Ouvi ela dizer alto entre dentes, mas não me dei ao trabalho de me virar para responder.

— Pode ter certeza que é recíproco. – Caminhei em direção à saída do refeitório sentindo meus olhos lacrimejarem. Eu não esperava nada daquilo, eu só queria que ela tivesse escutado tudo o que eu tinha para dizer a ela, mas foi como se tudo houvesse saído do controle.Ela escolheu me humilhar ao invés de tentar me ouvir.

Ela me quebrou.

-/-

Notas finais da Autora: Boa madrugada para vocês, queridos leitores. A história vem passando por revisão como todos sabem, estou entregando um novo prólogo para vocês, muitas coisas foram mudadas, mas o foco ainda é o mesmo.

 
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