O dia passou e eu ainda tava na boca, eu tava atônita por notícias dele, porque bem ou mal, por incrível que pareça, eu o considerava um colega, mesmo depois de tudo, ainda sim ele era meu chefe.
Eu estava olhando o movimento quando ouvimos fogos:
— Puta que pariu, era tudo que a gente menos precisava agora — eu disse pro Zé
— Fazer o quê né, Barbie, vamos à luta, pelo patrão.
— Bora! — bati no ombro dele
Todo mundo já sabia seus postos, nenhum dos responsáveis do morro estava presente, eu acho, mas isso não significa que ele estava desprotegido, o que depender de mim, não sai nenhum rival vivo daqui.
Eu fui descendo e vi um bondinho me acompanhar, quando estávamos bem baixo o povo se espalhou, foram pelos becos, eu odeio andar em beco, então eu subi pra uma lage, a visão era ampliada, era bem melhor. Eu fui andando agachada pelas lajes, quando de repente eu vi alguém sair de trás de uma caixa d'água, eu me assustei e mirei:— Opá, calma! — o Tomada disse
— Que susto, porra. — eu disse
— Uns moleques, vão passar por aqui, fica com o cano pra baixo.
— Jaé.
Mal ele disse e não deu outra, um bando de molequinhos passou por lá, a bala comeu, mas eles também revidaram, por muito pouco não pegou, em mim, no final estavam todos mortos, eu fui olhar pro Tomada:
— Tomada te atingiram! — eu disse olhando pra perna dele
— Tá de boa. — ele disse e riu
— Estanca essa porra!
— Ih, Barbie, dá nada não. — disse despreocupado
— Tomada, tá saindo muito sangue! — eu disse assustada, em segundos a calça dele tava ensopada — Atingiu alguma veia...
Ele olhou pra baixo, com o olhar baixo e logo depois olhou pra mim:
— Continua sem mim, se tu ficar aqui pra ver o que vai dar, tu vai rodar também.
— Fica bem, Tá? — eu disse quase chorando — Eu vou mandar virem aqui te pegar!
— Relaxa, fidelidade ao A.D.A. sempre hein, Barbie— ele disse um pouco fraco, se sentando, eu sorri de lado, contendo a lágrima — Vai!
Eu assenti e corri, escalei pra uma laje mais alta. Eu vi um dos atiradores de elite lá e disse:
— Passa um rádio pra virem pra laje de trás, o Tomada, a bala atingiu a veia dele.
— Tem mais jeito não, ele vai morrer — o cara disse grosso
— Juro que se tu não prestasse pra nada, eu te dava um tiro agora, filho da puta! — eu disse trincando os dentes e sai
Eu fui andando e senti um tiro do meu lado, eu olhei pra trás e o atirador disse:
— Porra, errei — disse com um sorriso irônico no rosto
Eu sorri cínica e mirei na mão dele e atirei:
— Acertei! — eu disse isso e pulei da laje com pressa, antes que ele atirasse novamente
Eu fui beirando os muros, até uma escadinha que dava acesso a parte mais baixa do morro, mas que mesmo assim dava pra ter uma vista de tudo que acontecia, eu não podia ficar muito ali, porque ali eu seria um alvo fácil. Eu fui descendo o morro, quanto mais baixo, maior era o perigo. Eu voltei pra cima de uma laje, eu sabia que ali onde eu tava, ficar em cima de lajes era perigoso, mas foda-seEu tava por cima da laje e vi o TFA subindo sozinho, ele era louco?! Eu vi na mesma direção que ele vindo dois pivetes, iam pegar ele na certa. Eu tinha a opção de salvá-lo, ou deixar matarem ele.
— Droga, Malu! — eu resmunguei comigo mesma
Eu corri e mirei em um dos pivetes e atirei certeiro, matando. O outro lançou tiro e eu também lancei, me esquivando um pouco. Pelo que eu percebi o tiro que eu dei pegou no olho dele, e o dele de raspão no meu ombro.
— Malu! — o TFA disse surpreso me segurando pela cintura, ele sacou uma arma e atirou no pivete que ainda se mexia no chão — Tu tá louca?
— Ele ia te matar, seu idiota. — disse seca me esquivando dele e pondo a mão no ombro
— E tu resolve quase morrer por mim? — perguntou um pouco surpreso
— Eu acabei de ver um parceiro meu morrendo e não pude fazer nada, eu não quero ter que passar por mais angustia de novo, nem remorso. — eu disse séria
Ele se afastou e tirou a blusa. Depois de tanto tempo, naquele instante eu voltei ao normal, a cena dele tirando a blusa me deixou excitada, imagina a gente trepando loucamente em meio ao fogo cruzado? Que delícia, puta que pariu! Porém, isso não vai acontecer, eu ainda tenho raiva dele.
— Levanta um pouco o braço, pra eu amarrar a blusa ai no teu ombro pra estancar — ele disse
Assim eu fiz, e ele amarrou bem forte.
— Vamos subir que a gente não pode dar bobeira.
— Que subir o que! Eu vou é descer.
— Não desse jeito.
— Vai cuidar da sua vida!
— Que vida teimosa! — ele disse revirando os olhos.
Na hora eu olhei estática pra ele, mas não queria me dar por vencida, então tomei a frente subindo e senti ele logo atrás de mim, com duas armas na mão, como se tivesse fazendo minha segurança. Fomos subindo até a boca, "tranquilamente" vimos alguns bandidos que jogaram tiro na nossa direção, mas por sorte não pegou na gente e sumimos da vista deles, ou eles morreram. Quando chegamos à boca, ele disse:— Perai ai que eu vou passar um rádio pra um cara que vai te levar pra algum atendimento.
— Cara, foi só de raspão, é só pôr merthiolate e esparadrapo que tá pronto.
— Não, tu não como tava a bala, daí tu pega uma doença...
— Para de ser chato. — eu disse revirando os olhos — Eu tô bem, é sério.
— Tá — ele disse se convencendo — Mas, e a Mariana?
— O que tem? — perguntei erguendo a sobrancelha
— Onde ela tá?
— A essa hora deve estar saindo do Rio.
— Ela vai pra onde?
— São Paulo, eu acho.
— Ela vai ficar quanto tempo lá?
— Não sei, mas tu não acha que tá fazendo pergunta demais, não? — eu perguntei desconfiada
— Só queria me informar.
— Para...?
— Nada, esquece.
— Hum, Ok. Mas chegou minha vez de fazer perguntas.
— riu — Manda.
— E o Gaúcho? O que aconteceu com ele? — eu perguntei e ele ficou sério.
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NOVA ERA - CRIMINAL! (F)
Short StoryREPOST! Aos 12 anos, Mariana, que até então tinha uma vida de princesa, viu tudo desandar por conta de um assalto à sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. Ela foi estuprada o que lhe ocasionou uma gravidez precoce, antes fosse "apenas isso", mas n...