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Um ano depois.

Gaúcho - Final.

Um ano e meio se passou. Como eu estou? Melhor, tô bom pra caralho, depois que a Mariana ralou eu fiquei muito mal, aí, mas me convenci que ia ser por pouco tempo, e olha só o quanto de tempo que essa porra já tem. Pelo menos eu já vi minha filha umas 5 vezes, é pouco, é pouco pra caralho, mas pelo menos é alguma coisa. As coisas aqui no Complexo não poderiam estar melhor, eu até me sentia mais vivo, as vendas de drogas tavam indo de vento em polpa, os armamentos só de primeira e uma porrada de gente trabalhando pra mim. Um rei nunca perde sua majestade, seja no seu reino ou no reino vizinho. 
Tava eu e TFA conversando, rindo pra caralho, ele tava contando da Malu que tá doida com o moleque deles, contando como tava a vida de pai, e divulgando as novidades.

— Cara, tu tem que ver a moradora nova. 
— Gostosa? 
— Porra, aí se Malu me houve falando isso, ela me mata, mas Gaúcho... 
— Porra, eu não tava aqui quando ela veio fazer a ficha. 
— Perdeu, mó patricinha, independente, e tá construindo maior casarão. 
— Opá, essa vai rodar! — eu disse esfregando as mãos e rimos 
— Patrão. — um soldado disse interrompendo 
— Fala. 
— Policial subindo. 
— É nós que desce então. — eu disse pegando meu fuzil encostado na parede — Vamos meter bala. 

Destravei as armas, peguei munição e vamos que é mais um dia de luta, já assinei meu ponto, agora é a hora do trabalho pesado. O Celso não me admitiu como um dos responsáveis pelo A.D.A. novamente não, mas eu sabia que eu era, minha favela tava produzindo mais dinheiro que a dele, meu campo de força era basicamente indestrutível. Os bailes daqui sempre bombavam, eu posso dizer que o Complexo tava melhor que a Rocinha, mas a Rocinha ainda vai ser minha de novo, Rocinha vai ser sempre minha paixão, assim como a... 

— Bora, Gaúcho! — o TFA disse 
— Bora pô! 

Fomos descendo correndo, eu adorava correr risco né. 
Há mais ou menos 2 meses teve guerra, mas foi depois de um baile, caverão chegou querendo quebrar a banca aqui, e eu tava mal pra caralho, tinha bebido muito, mas dizem que Jesus protege as criancinhas bêbadas, e só pode ser verdade, porque eu fui pra guerra e sai sem um arranhão.

Nós chegamos em um ângulo que dava pra ver um caveirão subindo, eu tava com uma arma que tinha poder de derrubar um helicóptero, aquele caveirão ali era nada. Era só explodir aquela porra que eles rapidinho iam trancar o cu, e querer recuar, o Complexo tava a verdadeira faixa de Gaza. 
Eu atirei e em segundos o caveirão foi pro espaço. 

— Headshot! — eu disse e geral riu 
— Foda, foda! — o TFA disse 
— Bora, quero comer na porrada esses cuzões. 
Fomos correndo descendo um pouco. Tinha três policias mandando tiros na nossa direção. 
— Caralho, será que eu vou ter que usar a bomba, mesmo? — eu perguntei rindo 
O rádio do TFA apitou: 

—... 
— Malu, não dá pra comprar chupeta pro Wesley agora, porra, tá doida? 
— ... 
— Desculpa, amor, depois te ligo tá, te amo 
Eu comecei a ri, era só a Malu gritar com ele que ele trancava. 

— O porra, a Malu não sabe que tu tá no meio da guerra não? 
— Sabe, mas ela queria é tá aqui, por isso quer me tirar daqui. Mas o Wesley pode esperar. 
— Pode mesmo, tem policial tentando atirar na gente e a gente aqui, no mó papo. 
— Até tomar um na nuca. 
— Quer saber como calar eles? 
— Como? 
— Assim — eu tirei o pino da granada com a boca e lancei 
Como eles tavam perto de um poste, fez um estrago do cacete, mas foi necessário. 
— Caralho, sou foda na mira! 
— Porra, mais tarde o baile vai te que tá o bixo. 
— Relaxa, que já reservei 200 caixas de cerva, pra nego não botar defeito. Afinal, um ano do fim da guerra né.

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora