45

8.2K 420 30
                                    

A Malu ainda faltava um pouco pra terminei, então eu liguei pro Caleb e mandei ele vim já. A Malu ficou pronta e nós começamos a descer o morro de fininho e de chinelo, óbvio que depois colocaríamos os sapatos, e largaríamos os chinelos no carro do Caleb mesmo. Até chegarmos à entrada do morro, bastante menorzinho ficou me olhando, até uns fogueteiros também, fiquei meio assim, mas ignorei. Nós chegamos onde o carros do Caleb estava estacionado: 

— E ae — eu disse cumprimentando o Caleb com dois beijos no rosto 
— Fala tu 
— Essa daqui é a minha amiga, Malu. — disse mostrando a Malu 
— Desculpa se atrapalhei alguma intimidade de vocês na praia — disse rindo 
— Que nada, pô! — ele disse e riu — Vamos? 
— Bora! 
— respirei fundo — Vamos 

Depois das apresentações, partimos pro Complexo. O Complexo era bem distante dali. Logo na entrada do Complexo dava pra ver o quanto ele era grande, não ganhava da Rocinha, mas era bastante grande mesmo. O Caleb foi de carro até certo ponto e a partir de lá tivemos que ir a pé, até o tal baile. Quando estávamos próximos do baile, meu celular começou a tocar. 

— Perai gente, tão me ligando. — disse pegando meu celular 
Na hora que eu peguei no celular toda distraída, olhei no visor e paralisei. 
— Mari, o que foi? — a Malu perguntou assustada 
— O Gaúcho tá me ligando... — disse meio pasma

— Não atende! — o Caleb disse 
— Atende! — a Malu disse 
Eles falaram ao mesmo tempo e se encaram, ai minha cabeça deu nó. 
— Não atende, porque se der merda, roda todo mundo — o Caleb disse — Em favela de comando é foda, eles não perdoam. E eu duvido muito também que o cara lá — disse se referindo ao Gaúcho, em códigos — perdoe também. 

Eu não queria atender, mas o Gaúcho cismava de ligar, por fim desliguei meu celular e continuei o caminho até o baile. 
O Baile era numa quadra improvisada também, mais parecia um campo de futebol, com caixas de som bastante potentes e um mini-palco improvisado. Ali deveriam caber umas 500/600 pessoas, mais ou menos, tudo que eu sei é que ali com certeza era o fervo. 
A Música alta já tava rolando e tava tocando uns pagofunks. Já se via uns homens vendendo umas mercadorias, e um povo já alterado. 

— Bem vindas ao baile do Complexo! — o Caleb disse brincando 
— Gostei daqui, a vibe tá boa! — a Malu disse 
— Eu gostei daqui também, mas não to com um pressentimento bom. — disse angustiada 
— Ih Mariana, relaxa, já disse que nada de ruim pode acontecer, tu não é nada de nenhum grandão lá onde tu mora — o Caleb disse 

Ele não pode dizer a palavra “Rocinha” alta, porque se alguém escutasse era o fim de nossas vidas, definitivamente. Mas ainda sim eu estava com receio de alguma coisa, porém ele tinha razão, eu precisava relaxar, dançar, aproveitar e esquecer.

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora