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Mariana.

Eu acordei com o médico no quarto, que porra eu estava fazendo ali? Eu não me lembrava de nada... Espera, tinha alguém, alguém na casa, que quando eu fui na cozinha beber água eu senti tamparem minha respiração, depois não vi mais nada. 

— Então mocinha, o que lhe levou a aplicar morfina em si? Você deu um grande susto na sua amiga! — ele disse em voz de repreensão 
— Eu, não fiz por mal? — eu disse, mas mais me pareceu uma pergunta 
— Ok, certo... — disse sem muito entender — A enfermeira deixou café aí, tome-o e já liberarei as visitas. 
— Tá bom 
Ele saiu e eu suspirei aliviada, eu estava com medo, medo do que havia acontecido. Eu fui trazer a bandeja e na bandeja tinha um celular, eu até pensei que fosse o da enfermeira, ele estava desligado. Eu o liguei e assim que liguei ele tocou. Com muito receio eu resolvi atender 

— Alô? 
— Olá, Mariana. 
Na hora eu gelei, era uma voz robótica, impossível de poder deduzir quem seja. 
— O que você quer? 
— Avisar que estamos com sua filha. 
— Estamos, quem? 
— Você sabe. E você sabe que queremos algo em troca. 
— O que vocês querem? 
— Que você troque de lugar com ela. Você vai sair desse hospital, uma enfermeira irá te acobertar e te levar até um carro que te trará aqui. 
— Como eu posso ter certeza de que estão com a minha filha? Deixa eu falar com ela! 
— Não venha querer ditar ordens, você acredita no que lhe convém. Só não chore depois... — disse em tom ameaçador 
— Ótimo. Eu posso sair daqui que horas? 
— Agora.

Eu estava um pouco fraca, mas minha filha, minha criança tava na mão daqueles infelizes do Alemão. Coma maior dificuldade do mundo eu fui até um mini guarda-roupa que tinha ali e achei a roupa que eu estava usando. Eu a vestido apressada e sai do quarto. Assim que eu sai uma enfermeira veio até eu. 

— Opá, a senhorita acha que vai aonde? — perguntou me fazendo apoiar nela 
— Eles mandaram você? — eu perguntei 
— Me segue. 

Ela foi em direção à Saída de Emergência, que deva no estacionamento. Eu deveria ter comunicado ao Gaúcho, mas eu sou mãe e eu estou desesperada, desesperada por saber da minha filha. 
Ela me levou até um carro preto, com o vidro fumê, abriu a porta e me jogou lá dentro, eu ainda estava um pouco fraca. Um homem me segurou. 

— Cadê minha filha? 
— Quando nós chegar no morro, tu vai saber. 
— Quem é o mandante disso tudo, hein? Que chefe covarde é esse que não dá as caras, não bate do peito e assume? 
— Cuidado, que tem microfone no carro hein rapariga. — ele disse e me deu um tapa na cara

Eu queria revidar, porém eles tinham armas, eu estava sem nenhum método de proteção e sem forças. 
Eles partiram de lá, numa só pro Complexo, o Hospital era um pouco distante, pelo que eu consegui me localizar. 
Quando eles chegaram no Complexo, ou disseram que chegaram, eu não fazia a mínima noção de onde estava, das três vezes que eu vim aqui, eu nunca tinha vindo até tal lugar. Antes de sair do carro eles me amarraram. 

— Cadê minha filha? — eu perguntei 
— Sai do carro. — ele disse sério 

Eu sai, eu não tava com medo, eu tava é com ódio. Assim que eu saí, estávamos na garagem de uma casa. 
Assim que eu desci, eles me empurraram: 
— Anda, pra casa! — ele disse e eu andei mais rápido — Anda porra! — disse puxando meu cabelo apressado 
— Ai, tá machucando, merda! 
— Fala direito! 

Eles adentraram na casa, e lá tinha uma mulher de cabelos negros, longos e lisos, um corpo escultural e um salto agulha vermelho acompanhado de um vestido justo cor champagne. Quando ela se virou ela tava com fuzil na mão. Meu Deus! Era a Luisa. 
— Você... 
— Olá, piranha — disse com desprezo 
— Perai, isso é alguma pegadinha? Cadê a minha filha? 
— Tá muito bem na casa do Caleb, sim, eu tive piedade de não sequestrar ela, só se houvesse resistência sua. 
— Perai, você dando ordens... — parei pensativa — Você é a dona. 
— Pois é, aqui tá a dona covarde. — ela disse vindo até eu e puxando meu cabelo, olhando bem fundo nos meus olhos — Você vai me pagar por tudo! 
— O que eu te fiz? 
— Além de me tirar o Gaúcho? Você tirou meu pai, ele preferiu assumir você a me assumir, uma pena, eu seria tão boa filha... — disse com amargura e eu arregalei os olhos. 
— Hãm? — perguntei sem entender — Luisa, você tá louca? 
— Ah, você ainda não entendeu, Mariana? Ou eu deveria te chamar de maninha? 
— Luisa, você, com certeza, tá me confundido com outra pessoa! Eu sou filha única. 
— É o que você pensa, Mariana. Você só sabe de metade da história. 
— Que história? 
— A que envolve o estupro.

Ela disse isso e meu olho se arregalou em surpresa e eu respirei fundo, seria impossível isso; meu pai ser pai dela, pelo que eu sei ela mora no morro desde pequena, não tem lógica! Fora que ela pra mim, até então, nem sabia do estupro. 

— Então conte-me você — eu disse desafiando 
— Seu pai, um homem também conhecido como meu pai, tinha envolvimento no morro, ele começou a empresa com o dinheiro do tráfico, ele vendeu drogas por toda zona sul. Lá, no morro, ele conheceu minha mãe, eles namoraram, até a sua aparecer, ele largou minha mãe grávida pra ficar a sua. A empresa cresceu e ele formou a parceria com o amigo dele. Alguns anos depois minha mãe foi procurá-lo, pra falar de mim, ele me renegou, não quis fazer um exame de DNA, não quis saber nada de mim, falou que ele já tinha família, e ainda disse que minha mãe era uma piranha, quem garantia a ele que eu não fosse filha de outro homem? Você não sabe o quanto isso doeu. Eu ser criada na favela com minha mãe e um padrasto que não valia nada, enquanto você morava em um condomínio de luxo, com seus pais. Se você soubesse o quanto eu te odeio, porque não bastou roubar meu pai, ainda teve que roubar meu homem. Homem que eu lutei pra conseguir, fiquei anos me fazendo de amiga dele, fingindo não ter sentimentos, fingindo ser fria, só pra conseguir o respeito dele, coisa que eu havia conseguido até você chegar. Você destruiu as duas coisas mais importantes da minha vida. — ela disse olhando bem no fundo dos meus olhos, com um olhar gélido — Mas não tem problema, eu vou destruir a sua também.

Eu chorei com ela contando, mas eu não tinha culpa, meu pai, sim! Meu pai foi o culpado de tudo, eles escondeu isso de todo mundo, ela era minha irmã. 

— Luisa, me desculpa, eu não sei o que dizer, eu não tive culpa, se eu soubesse... — eu dizia nervosa e ela me interrompeu. 
— Nada iria mudar. A culpa é sua sim! O pior de tudo é que eu tenho Martins no meu nome, mas não foi pelo meu pai, e sim porque minha mãe também tinha esse sobrenome. 
— Luisa, me desculpa. 
— NÃO! Mas chega de melação, eu não tenho mais nada pra falar com você. Eu tenho uma operação pra comandar. 
— Então você realmente se tornou dona disso tudo, mas como? 
— Nada que um golpe de estado não resolva. — ela disse com um sorriso maléfico — Homem, olho nela, daqui a pouco um amigo meu vem visitá-la, vocês sabem quem são. Deixem eles se divertirem — ela disse fria pra um homem 
— Amigo, que amigo? 
— Sem perguntas, vadia. 
Ela me deu um tapa na cara e eu queria reagir, mas era impossível amarrada.

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora