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Gaúcho.

Eu já tava perto na boca há uns 30 minutos e nada do TFA: 

— Maicinho, Rubinho e os três aí, borá se espalhar e caçar o TFA, aqui ao redor da boca, tá muito estranho isso. 
Eu fui ao redor, fui até um pouco mais longe e nada do TFA, eu fui perguntar pra uns caras e eles falaram que ele desceu, e eu fui descendo um pouco mais, mas sempre atento a tudo né, não podia dar esse mole. Eu fui perguntar do TFA e o outro cara disse o mesmo, mas disse que ele vazou com um outro cara. 

— Caralho, que porra é essa, TFA resolveu virar viado? 
— Não sei senhor, só sei que ele desceu aí com esse cara. 
— Jaé. 
Eu peguei meu rádio e apitei pro TFA, nada do filho da puta responder. Eu apitei pra Malu então: 

— Malu, tu já tá vindo com a Mariana? 
— Mais ou menos... Por quê? 
— Porque teu namorado resolveu sumir com um homem, tu pode tentar apitar pra ele pra ver se ele te responde, porra, o TFA perdeu o juízo, né? 
— Gaúcho, o que tu tá dizendo? 
— Onde vocês tão? 
— O foco, não é o TFA? 
— Se fode e fala direito comigo. Liga pra porra do teu namorado e manda ele voltar e não me pôr nervoso!
Eu desliguei porque eu realmente tava puto da vida, tava com um stress do caralho por causa dessas operações, e o TFA ainda resolve sair por aí atravessando outras favelas, ele deve tá doido. 
Eu subi um pouco mais, agora eu ia ter que achar o TK, então fui voltando pra boca e apitei pro mesmo: 

— TK, borá pra boca agilizar umas tarefas 
— Já tô aqui e tenho presentes pra você. 
— Ai caralho. 
— Ai caralho mesmo! 
— Jaé, to rapando pra aí. 
Na subida, eu ia dar um passo, mas algo me fez paralisar no lugar que eu tava e atiraram, não pegou em mim por pouco, na hora meus soldados mandaram bala na direção de onde veio o tiro e eu vi os dois pivetes sendo explodidos de tantos tiros que mandaram pra eles. 

— Caralho, eu vi minha alma sair do meu corpo — eu disse embasbacado 
— Bora, chefe, tu tá correndo perigo! 
Nós voltamos em dois pés pra boca. Chegando lá o TK tava com um saco na mão: 
— Que porra é essa? — perguntei 
— Presentinho que o Coelhinho da páscoa deixou pra gente. 
— Bombas? 
— E não são de chocolate. 
— Quem foi que implantou isso aqui? 
— Não faço ideia. Mas eles devem tá rondando aqui. 
— TK, o TFA ralou daqui. — disse mudando o assunto 
— Foi pra onde? 
— Pergunta sem resposta. 
Mal eu disse e meu rádio apitou, era a Mariana: 

— Fala. 
— O TFA tá na Rocinha 
— O QUÊ?! 
— É, eu ainda não entendi o porque, mas foi tudo que eu ouvi da conversa. 
— Já é, tá bom. Eu vou dar algum jeito aqui, qualquer coisa me apita. 
— Ok, se cuida. 
— Você também e fica longe do Caleb. 

Eu nem dei tempo dela responder, eu tinha que ralar dali pra Rocinha de algum jeito, mas não tinha como, era muito arriscado eu passar sozinho.

O que o TFA foi aprontar naquela porra de morro? 
— TK, seguinte, eu preciso ralar pra Rocinha, o TFA é meu parceiro, eu não vou deixar ele se foder, seja lá o que esse filho da puta tá aprontando, ele é meu irmão e eu não vou abandonar ele na pior. 
— Tá certo, vai beirando até o Alemão, assim dificilmente te pegaram e não vai armado. Vai como uma pessoa normal. 
— É arriscado pra caralho. 
— É o único jeito. 
Eu parei pensativo, o cara era meu irmão basicamente, e sabe-se lá o porque dele tá fazendo isso, vai que tão ameaçando ele. E nem que seja eu sozinho, mas eu vou pegar meu parceiro! 
— Eu vou. 
— Dá aqui as armas então. — o TK disse 

Eu dei as armas, me livrei de todo armamento, agora seria só eu e Deus. Eu subi o máximo que pude, porque ai eu iria pelo matinho, ou então pelos becos, era mais difícil de me pegarem. 
Eu andava rápido e olhando pra frente, abaixar a cabeça era dar pinta demais, fora que Gaúcho não abaixa a cabeça em circunstância nenhuma! 
Pra quem achou que eu só passar de lá perfurado achou errado, eu até vi uns bandidinhos, mas eles nem me repararam. Quando eu cheguei no Alemão, peguei uma moto qualquer e acelerei pra sair de lá, eu ia dar uma puta voltinha até a Rocinha, mas nada que colocar a moto a 110 Km/h não ajude a resolver mais rápido. 
Durante o trajeto eu nem ouvi meu rádio apitar, eu estava voadão e ainda tive que fugir de uma blitz policial. Só quando eu tava próximo a Rocinha eu parei a moto e deixei por lá, pra me aproximar eu ia a pé, eu tinha avisado pra uns homens me seguirem e o TK provavelmente ia mandar reforço também, se fosse necessário eu começava uma guerra aqui, na minha casa, na MINHA Rocinha. 
Quando eu ia me aproximar mais eu vi o viado do TFA correndo:

— Filho da puta! — eu gritei 
— Gaúcho, é a chance, tá tudo um caos, chama tropa pra cá, vamos pegar um pedaço da Rocinha também. 
— Por quê, o que tu fez seu viado? 
— Explodi a boca com a Luísa dentro. 
— Tu fez o quê? 
— Adiei a ida da Luisa pro inferno. 
— ri amarelo — É a gente porra, A.D.A. caralho! 
Eu disse isso apertando a mão dele e ligando pro TK pra contar a novidade, era chance de pegar a Rocinha, ou pelo menos uma parte. 

— TK, Luisa morreu, é a chance da gente recuperar a Rocinha! 
— Ow, ow, como? 
— TFA explodiu a boca, com ela dentro. Manda a tropa pra cá, vamos retomar essa porra. 
— Gaúcho, a gente tá com menos homens que antes e se a gente for invadir aí, o número vai diminuir, fora que a Rocinha é mais extensa que o Complexo. Tu vai ter que escolher entre o Certo e o duvidoso. Se quer o Certo; que é o Complexo, ou o Duvidoso; que é a Rocinha. 

Aí bate aquele dilema filho da puta, o Complexo era terra nova, extensa e também dava pra tirar um lucro do cacete, mas a Rocinha era meu amor e eu queria ela de volta. Mas partindo do lado racional, era uma guerra super arriscada, em média teríamos que, cada homem meu, matar três deles, só assim daria super certo, mas isso é basicamente impossível.

— TK, vamos manter na Rocinha por enquanto, com a Luisa morta, as coisas vão facilitar pra nós. 
— Desconfie se tudo estiver fácil demais. 
— Ué, se Deus foi generoso com a gente, a essa hora não existe mais Luisa. 
— Parte pra cá de volta, preciso voltar pro Vidigal, a mulher já tá enchendo. 
— Já é. 

— E ai? — o TFA perguntou 
— Vamos manter o Complexo, é o mais certo, antes que a gente acabe sem nenhum. 
— Já é então. 
— Bora voltar pro Complexo. 
— Eu vou no hospital. 
— Fazer o quê? 
— A Malu tá lá. 
— olhei desconfiado — O que tu tá sabendo que eu não sei? 
— Relaxa que não é nada com a Mariana. A Malu tá grávida. 
— Ah ê, papai! — eu disse zoando — Falando nisso eu quero ver minha princesinha, quero que essa porra de guerra acabe logo pra eu ajeitar um cantinho pra eu, ela e a Mariana. 
— Pelo menos tu tá firme com a Mariana, agora a Malu, sei lá, eu sinto que ela vai vim com alguma coisa de terminar. 
— Terminar? 
— É, eu to sentindo isso. 
— Que isso porra! Coisa de viado. 
— De qualquer forma, to partindo pro Hospital já é? — ele disse saindo

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora