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Gaúcho.

Eu tava esperando impaciente pela Mariana, já se passavam de uma da manhã e nada dela, eu tava com medo de ter dado ruim no plano dela, mas eu não podia ligar, porque se ela estivesse na delegacia eu só ia foder ela! 

— Papai, cadê a mãe? 
— Ela foi resolver um negócio princesa, e vai chegar tarde, vai dormir. 
— Deita comigo? 
Eu sorri pra ela, era a primeira vez em tanto tempo que eu ia dormir com a minha filha, sendo um escudo protetor pra ela. 
— Aham, vamos lá. 
Ela deitou e logo pegou no sono enquanto eu fazia cafuné nela, mas eu só conseguia pensar no quão eu tava ansioso pra falar pra Mariana, o que seria de mim daqui pra frente. Não é possível que a praga da maldita da Lohanna tenha pego.

Eu não tinha mais influência sobre o A.D.A. e eu sabia que era questão de tempo pro Celso querer me substituir, mas eu não ia perder tudo que eu lutei minha vida toda assim, de mãos beijadas. Faltava apenas mais um capítulo pra eu resolver isso, lutar como um homem pra manter tudo que eu conquistei, ou perder de cabeça erguida. 
Eu acabei dormindo com a Ana Flávia, eu acordei pela manhã e a Mariana ela tava com o semblante de choro. 

— O que houve? — eu perguntei assustado 
Ela fez final de silêncio e apontou pra Ana Flávia e me chamou com a mão. Eu levantei e segui ela: 
— Deu errado o plano? 
— Não, deu certo. Eu liguei pra polícia e eles acreditaram e seguiram o plano. Ele foi levado preso. 
— E qual foi o caô então? 
— Ele deu com a língua nos dentes pro policial, ele disse que eu tô com você. 
— Merda! Você e a Ana Flávia não vão mais poder sair daqui... 
— Gaúcho, eu vou perder o direto na empresa do meu pai, ela vai ficar pro Governo, minha filha dificilmente vai ter um bom estudo, e eu tô sem dinheiro. Eu tive que pagar um advogado. 
— O que você quer fazer então? 
— Um tempo, um tempo pra pensar em tudo. Meu advogado disse que o melhor era eu sair desse morro e voltar pra Rocinha, assim ia provar que eu não tenho nada com você. 
— TÁ LOUCA? É você entrar na Rocinha e eles te matam, a Luísa te mata! 
— Eu sei, tá tudo tão confuso, não tá dando certo, a gente não tá dando certo. 
— A gente? 
— É, Gaúcho eu não posso abrir mão do futuro da minha filha, ela é sua filha também. 
— Então você quer terminar? 
— Não, eu quero endireitar as coisas. 
— Por quanto tempo? 20 anos? — perguntei um tanto irônico 
— Pelo amor de Deus né, aí você já tá apelando demais — revirou os olhos — Eu só preciso de alguns meses. 
— Alguns meses é o caralho, eu não vou ser passado pra trás não, Mariana, você vai ter que decidir, ou tá comigo, ou não tá. Sem enrolação! 
Eu disse isso gritando, bem nervoso, ela se assustou, eu me assustei, e quando eu olhei pra trás eu vi que a Ana Flávia tava ouvindo tudo.
— Aninha... — a Mariana disse 
Ela tava olhando com a cara assustada, parecia que ia chorar. 
— Merda! — eu disse baixo com a mão no rosto. 
— Vocês tão brigando, vocês só brigam. 
— Filha, a gente vai parar com essas brigas — a Mariana disse 
— Você sempre diz isso. Minhas amiguinhas do colégio do ano passado falavam que os pais delas compravam flores pras mães delas, mas vocês só brigam. Eu não quero ser adulta como vocês. 
Era foda tu aguentar um sermão da tua filha de sete anos, e sabendo que ela tava certa. Eu olhei pra Mariana e ela tava com o olhar baixo chorando. E eu resolvi falar: 
— Essas brigas vão acabar agora, princesa. Você vai morar com a sua mãe, perto da praia, eu sei que tu gosta de praia. 
Eu olhei pra Mariana e ela olhou pra mim sem entender. Mas se o Ivan fosse preso, tudo que ele tem no nome dele ia passar pra Mariana porque tudo foi com o nome da empresa, e a casa dele também ia passar pra ela.

Elas iam precisar de um tempo, eu me virava, cada vez mais o que a Lohanna disse começava a fazer sentido, esses pensamentos de doentes, de que tu só é um encosto. 

— Como assim? — a Ana Flávia perguntou 
— Vocês vão morar na casa que era do Deco, ela agora é de vocês. 
— E você, pai? — ela perguntou 
Eu olhei pra Mariana, e disse: 
— Eu vou continuar aqui no morro. — disse voltei a olhar pra ela sorrindo de lado 
Ela veio até eu e me abraçou nas pernas mesmo, eu passei a mão na cabeça dela e ela disse: 
— Mas a gente é uma família, a gente tem que morar juntos e não se separar, e também não gritar — ela disse pegando na minha mão e pegando na mão da Mariana. 

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Onde histórias criam vida. Descubra agora