NOVA ERA - CRIMINAL! (F)

01

"Nenhuma felicidade presente pode apagar a tristeza passada."

Mariana narrando:

O táxi parou na autoestrada Lagoa Barra, um pouco depois do "Minhocão" em frente à famosa "Rocinha". O que eu estava fazendo aqui? A pior escolha da minha vida talvez, mas é ai que tá, eu não tinha outra opção, logo, não tinha escolha. Estava eu, segurando a Ana Flávia pela mão:

- Mamãe, a gente vai morar aqui? - ela perguntou olhando para o alto
Quando eu digo olhando pro alto, quero dizer: olhando pra mim.
- Sim minha filha, temporariamente. - enfatizei a última palavra.

Eu tinha três malas cheias e grandes, óbvio que o taxista não iria subir o morro, então eu teria de me virar. Eu dispensei o taxista, pagando o mesmo. Quando eu estava me preparando para começar a entrar na favela, um cara; não muito forte, com uma tatuagem, sem blusa, e com um Nextel bem chamativo preso na cintura se aproximou de mim:

- Coé, quem é tu princesa? - perguntou me encarando
- Mariana.
- A princesinha é o que tua?
- Minha filha.
- Tu tem quantos anos?
- Dezoito.
- Novinha... Seguinte, tu ta de mudança?
- Aham.

Eu respondia seca, eu não queria dar confiança pra bandido, eu tenho horror a essa raça.

- O chefe sabe disso? - perguntou cheio de marra
- Eu não sei, só sei que eu vim morar aqui.
- Pois é, mas antes tu vai dá uma subidinha na boca e conversar com o chefe.
- Eu não quero conversar com chefe nenhum.
- Então tu não vai poder morar aqui.
- pensei bem - Ok, eu vou falar com ele. Mas como eu faço para subir com as malas?
Ele assobiou pra um cara e chamou o mesmo com a mão, quando o tal chegou ele disse:
- Trovão, vem me seguindo com as malas da mina.
- Jaé, brother.
- Vão borá! - o tal cara disse
- Vamos andando? - perguntei
- Fumou? Onde já se viu subir a Rocinha a pé nesse calor e ainda mais com uma pirralha? Vamos de moto!
- Eu não tenho moto - eu disse fria
- Tu vem na minha.
- Eu não!
- Então vá andando.
- Tá - disse cedendo
Ele sorriu de lado e subiu na moto. Eu coloquei a Ana Flávia atrás dele e eu fui atrás dela.
- Onde é?
Eu tirei um bilhete do meu bolso e entreguei a ele, ele leu e me devolveu.