NOVA ERA - CRIMINAL! (F)

145

Luísa.

Eu não tinha raiva de ninguém mais em especial do que o Gaúcho, meu objetivo eu havia conseguido, Eu estava no alto, olhando os fogos vermelhos e olhando boa parte da Rocinha, aquilo agora me pertencia!
— Parabéns, patroa! — um dos meus homens me cumprimento e eu só assenti
— É a gente, chefa — o outro disse
— É nós porra! — eu corrigi 
— Perdão — disse abaixando a cabeça
— Mais um e tu vai pra forca — eu disse e virei as costas indo em direção a uma lage
Eu subi na lage e a visão era ainda melhor. Eu sempre quis isso; poder e ostentação, agora, a maior favela do mundo estava nas minhas mãos, nas mãos de uma mulher. Eu sorria só de pensar nisso tudo e sentia o vento bater e me sentia leve. Eu não tive que sujar minhas mãos matando ninguém, faziam isso tudo por mim. A Cauana, o Jojo e o Deco, eles eram marionetes minhas, eu sim soube manipulá-los como ninguém. Mal sabem eles que o tempo deles está contado. De todos, eu só quero um vivo, o Gaúcho.
Eu desci de lá e fui caçar a boca, que agora e pertencia. O que muitos donos de morro tentaram por ano, eu consegui, nem preciso dizer que meu ego estava lá no alto né.
— Nando, a barra tá limpa, sem A.D.A aqui?
— Eles estão concentrados em uma parte da Rocinha, fragmentada, são poucos.
— Eu quero que deem um jeito de expulsá-los, não quero nada que possa manchar meu vermelho.
— Patroa, um conselho, é melhor a gente não mexer com quem tá quieto, os caras não tão nem incomodando, eles sabem que essa eles já perderam mesmo.
Ele dizia como se fosse um sermão, lembrava meu pai com os sermões dele sobre minha vida, meu futuro, que se eu continuasse nesse caminho, eu ia morrer, tudo isso tava me irritando. E espero que de onde meu pai estiver ele veja meu sucesso.
— Uma dica? Não venha dá conselhos quando eu nem pedi sua opinião, faça o que eu estou mandando! — eu disse séria
— respirou fundo — Como a patroa quiser — disse 
— Já pode ir, tenho uma ligação importante a fazer!
Eu disse e ele saiu, eu estava amando mandar nas pessoas, no Complexo eu quase não pude fazer isso, eu não queria me expor pelo simples fato de causar uma surpresa pro Gaúcho, mas aqui, eu tinha esse morro nas minhas mãos.
Eu liguei pro Jojo e disse:
— Jojo, tá tudo certo aqui e ai?
— hesitou — Aqui também.
— Fala a verdade.
— É sério!
— pois bem, daqui a pouco vão aí buscar o Gaúcho, pra prepararem ele pro grande momento.
— Eu já dei um toque de início.
— O que você fez?
— Atirei na perna dele 
— Porra Jonathan! O que eu falei sobre tiros? Umas porradas, tudo bem, mas nada de tiro, que fosse na vadia da Mariana, mas não nele!
— Qual foi, Luísa? — perguntou um pouco raivoso
— Enfim, qualquer coisa tu me liga.
Eu desliguei e fui ligar pro GG:
— GG, vai com o Jorge fazer aquilo que eu te pedi, e depois tu pode tacar fogo na casa.
— É pra pegar quem, mesmo?
— O famoso Gaúcho.
— Jaé.
— E traga ele pra Rocinha, quando você chegar aqui, te pagarei.
— Pode deixar, madame.

Eu desliguei e ri, eu não gostava de contar vitória antes do tempo mas dessa vez eu estava realmente bastante confiante.