Prólogo - Mexendo no passado.

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-Que tal você ir tirando as coisas da caixa, Val? -Larissa perguntou para Valéria, enquanto levava mais uma caixa de coisas para dentro da sua nova casa, afinal mesmo que Valéria tivesse doze anos, a mulher não acreditava que a pequena garota aguentaria.

-Pode deixar, patroa! -Valéria correu para dentro de sua casa. Era certo que sentiria falta de seu antigo bairro, da sua antiga igreja, da sua antiga escola, mas a mudança era necessária.

Seu pai havia acabado de abrir uma nova empresa no Rio Grande do Sul, e por algum tempo até a empresa se estabilizar eles ficariam por ali, assim como havia sido em São Paulo, Rio de Janeiro e em outros estados.

Valéria caminhou até a janela de um dos quartos e observou seu pai e Larissa. A mulher não era sua mãe de verdade, mas a garota não se importava, Larissa fazia seu pai feliz isso já fazia nove anos, e se era bom para o seu pai, era bom para ela.

Claro que como qualquer outra pessoa, Valéria queria muito poder ver sua mãe de verdade, quando Jennifer havia morrido, a garota tinha apenas dois anos e vai ser lembrava de nada mais sobre a aparência dela. Vez ou outra, Valéria pedia para que seu pai falasse como Jennifer era, mesmo que ele não gostasse muito, ele sorria, passava a mão pelo cabelo de sua filha e dizia o quanto ela o fazia lembrar de sua mãe.

Valéria respirou fundo, mesmo sem lembrar de sua mãe, uma tristeza a atingiu. Jennifer não havia morrido simplesmente, a mulher havia cometido o suicídio. Valéria não ficava triste por não ter uma mãe, afinal Larissa nunca havia deixado esse amor faltar, mas sim porque ela sabia que o suicídio jamais faria com que a dor da pessoa acabasse e sim aumentaria, porque ela havia morrido rejeitando a vida, rejeitando o próprio Deus.

A garota balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos, sua mãe havia tomado uma decisão e ela não poderia fazer nada além de ajudar outras pessoas que pensavam em tomar aquela decisão. Por mais nova que fosse, Patrick seu pai sempre havia ensinado aquilo. Deveríamos ajudar as pessoas em todas as oportunidades que tivéssemos.

Valéria pensava nisso quando começou a desempacotar algumas caixas. Algumas tinham documentos de seus pais, algumas fotos de seus avós, de seu pai quando era mais jovem e tantas outras fotos. O cheiro de mofo era notório, e Valéria deu um espirro se perguntando para que seu pai guardava tanta coisa.

-Existe pasta em nuvem, papai! -Valéria gritou sozinha. -O senhor precisa ser um pouco moderninho!

Ela começou a desdobrar algumas folhas para ver se valeriam a pena guardar, mas uma pasta com várias folhas que pareciam ser cartas. Estavam amareladas por causa da ação do tempo, mas ainda assim eu me senti interessada em ler.

"Querida Hellen,

Hoje na escola ganhei um novo apelido "Jennifer cheiro de xixi." Pois bem, mais um para a nossa coleção..."

Os olhos de Valéria percorreram rapidamente nas outras folhas, todas eram escritas pela mesma pessoa e dirigidas a tal Hellen.

No final da carta, a assinatura de Jennifer Garcia.

O peito de Valéria começou a bater mais freneticamente.

Cartas escritas pela sua mãe.

-Val? Precisa de ajuda? -Larissa apareceu no cômodo a assustando.

-Não! -Ela gritou e a mulher franziu as sobrancelhas. -Quer dizer, obrigada Lari, mas está tudo sobre controle.

-Tem certeza?

-Absoluta! -Ela pegou a pasta. -Só estou um pouco cansada pela viagem, posso ir para o meu quarto?

-Claro, minha querida.

Valéria pegou a pasta discretamente e foi até o cômodo que seria seu quarto.

Ela fechou a porta e deitou em seu colchão colocando as folhas ao seu redor.

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