Mais uma semana.

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Quando toda a droga que tinha em suas mãos, mais toda a bebida haviam acabado. Jennifer mesmo tonta se obrigou a voltar para casa.

Eram duas da manhã e ela estava cambaleando pelas ruas pensando em sua vida. Claro que a droga e o álcool deixavam seus pensamentos um pouco embaçados, mas o vazio dentro de si era nítido.

Jennifer não queria mais se sentir daquela forma, ela não tinha nenhum motivo para continuar, tudo parecia vago e sem sentido.

E ali foi a primeira vez que buscando uma solução, Jennifer pensou em morrer.

Pensou se sua morte faria diferença para as pessoas, e ela teve o baque de realidade, ninguém sentiria sua falta, porque ela não tinha ninguém.

Jennifer balançou a cabeça, ela não poderia fazer aquilo contra ela mesma.

Lembrou de André. Seu meio irmão.

Por tanto tempo o havia julgado, pensando que ele era fraco por ter cometido tal coisa, mas a cada dia, Jennifer via o quanto era difícil lutar contra isso.

A garota abriu a porta do apartamento e Patrick caminhou até ela:

-Oi. -Ele sussurrou.

Jennifer o olhou como se Patrick não passasse de um simples conhecido. Seus olhos estavam vermelhos e o rapaz se perguntou se a moça estava chorando.

-Onde você estava? -Ele perguntou chegando mais perto. Jennifer continuou em silencio e Patrick respirou fundo para não perder a paciência. -É sério, Jenny. Precisamos conversar.

Jennifer cambaleou até Patrick e colocou as mãos no ombro do rapaz:

-Eu... Te amo. -Ela sussurrou e beijou sua bochecha. -Agora... Jenny quer dormir... -E foi deitar ao lado de Valéria.

O rapaz respirou fundo se dando por vencido.

***

Jennifer acordou ainda pior, a luz parecia milhares de fragmentos de vidro contra os seus olhos. Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, franziu as sobrancelhas. Patrick e Valéria haviam saído logo cedo e ela estava sozinha.

Mesmo contra a sua vontade, Jennifer começou a arrumar as coisas de casa, quando ela percebeu que havia um bilhete de Patrick em cima da mesa:

"Jennifer, fui ao hospital, volto depois do almoço. Ass: Patrick."

Jennifer começou a se perguntar o porquê de Patrick ter ido ao hospital, quando seu coração se apertou.

O teste de DNA. Já se faziam uma semana que ela estava ali, era mais do que certo que o resultado estava pronto.

Jennifer sentou na cadeira. E se Valéria não fosse a filha de Patrick? O que ele iria fazer? Para onde ela iria?

A garota começou a se sentir sufocada e saiu da casa, foi até um bar e por mais que tivesse bebido, daquela vez nem o álcool tinha ajudado a relaxar.

***

Jennifer voltou para casa a tarde com alguns calmantes em sua bolsa. Entrou no apartamento e antes que fosse até Patrick, tomou milhares de comprimidos. Ela precisava ter controle.

Ela caminhou até Patrick que estava sentado ao lado de Valéria enquanto analisavam uma foto em meio a um monte de bagunças.

-Patrick? -Jennifer o chamou.

-Oi, Jenny. Aonde você estava?

-Fui na farmácia.

-Está tudo bem?

-Fui comprar apenas um remédio para dor de cabeça.

-Ah, sim.

-E aí?

-O quê?

-O teste. -Jennifer começou a suar frio.

-Ah, não saiu o resultado.

-Por quê?

-Deu falha nas amostras, tiveram que refazer.

-Então?

-Só daqui uma semana.

-Mais uma semana?

-Sim.

Jennifer concordou e foi para o banheiro. Encarou a navalha que Patrick usava para se barbear e fez um corte profundo em sua coxa.

"Idiota".

"Porca"

"Inútil".

"Imunda".

Eram essas palavras que ela já havia escrito. Tudo que estava dentro dela estava saindo e consumindo o que ela era por fora.

Feita de AmbiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora