Uma escapatória errada.

294 46 0
                                    

Patrick olhou para ela, sua boca estava aberta e Jennifer não sabia o que esperar.

Um filho mudaria a vida de ambos e aquilo não era brincadeira.

Então uma gargalhada enorme explodiu da garganta de Patrick.

-Grávida? -Ele se apoiou na mesa e continuou a rir. -De mim? Ah, por favor, Jé! Tanta brincadeira para você fazer e olha o que você está falando!

-Eu não estou brincando, Patrick. -Ela falou séria colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. -Eu estou grávida de você!

Patrick parou abruptamente de rir e a fuzilou com o olhar:

-Eu não vou ser pai.

-Vai sim! -A voz de Jennifer se elevou. -Você não me ama, Patrick?

-Não. -Ele se levantou pegou sua mochila e começou a andar até a porta. -Não gostei dessa sua brincadeira, fora da minha casa.

Jennifer correu até Patrick e segurou seu cotovelo:

-Você não pode me mandar embora quando eu estou esperando um filho seu! -Ela gritou rouca.

-Até aonde eu sei esse filho pode ser de qualquer um!

-Patrick! -Jennifer o olhou horrorizada, e pensamentos sobre Maycon a atingiram em cheio. -Eu amo você! Todos os sacrifícios que eu fiz por você não demonstraram isso? -Ela começou a chorar. -Quem você pensa que eu sou?

Patrick sorriu em escárnio:

-Você é só mais uma, Jennifer.

-Patrick e o nosso filho? -Ela o puxou para si e Patrick a empurrou com força perdendo a paciência.

-Esse filho não é meu! -Ele gritou. -Eu sou novo ainda! Tenho uma vida inteira pela frente, não vou assumir uma responsabilidade que eu não consenti!

-Engraçado que quando estávamos juntos seu consentimento era bem claro! -Ela falou e Patrick transferiu um tapa em seu rosto.

-Cala a boca! -Lágrimas surgiram no rosto de Jennifer, nunca que a garota havia pensado que ele poderia levantar a mão ou até mesmo agredi-la como estava fazendo. -Eu não mandei você ficar grávida! O filho é seu, o problema é seu! -Ele cuspiu no chão. -Eu vou trabalhar e espero que quando eu voltar não tenha nenhum sinal da sua miserável existência aqui!

Ele saiu e bateu a porta fortemente atrás de si escutando os soluços de Jennifer.

A garota sentiu o chão sumir de seus pés e a dor em seu coração aumentar.

Todos haviam deixado ela, Jennifer estava sozinha.

Ali quando ela não tinha mais nenhuma lágrima para escorrer pelo seu rosto, a garota pegou sua mochila e se levantou indo em direção a rodoviária.

Ela era uma mulher forte e ia conseguir se virar, por mais que as pessoas tivessem virado as costas para ela.

Jennifer olhou pela janela do ônibus e começou a reconhecer as ruas do Rio de Janeiro.

Fazia tanto remou que ela havia ido lá, e por mais que duvidasse que sua mãe ia a aceitar novamente, a garota foi assim mesmo.

Sua casa continuava a mesma. A tinha rosa já descascada, a porta riscada com vários desenhos que ela e André haviam feito.

Jennifer bateu na porta e sua mãe abriu. A mulher franziu as sobrancelhas, mas logo a reconheceu:

-Jennifer...

-Mãe.

As duas ficaram em pé uma de frente para a outra, nenhum abraço, nem um beijo ou algo mostrando que estavam com saudades.

O que era pra ser uma escapatória, era mais uma parte do inferno de Jennifer.

Feita de AmbiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora