Mais uma tentativa falha.

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Jennifer ficou mais de uma semana sem ir para a igreja e ninguém se deu o trabalho de ir atrás dela.

Mandaram algumas mensagens, o Pastor a cobrando, mas ninguém pareceu de fato se importar com ela.

Jennifer não queria voltar para a igreja e ter que olhar na cara de Júlio. Seu coração estava partido, ele não tinha o direito de fazer aquilo com ela.

Na verdade, ninguém tinha. Jennifer se sentou em sua cama e olhou para o espelho. Ninguém merecia as suas lágrimas, a sua tristeza ou o seu desespero.

Ela não precisava que alguém se importasse com ela. Jennifer não precisava de ninguém!

A garota passou seu uniforme e voltou a ir as reuniões, voltou a sustentar a sua falsa realidade, voltou a ser perfeita. Mas por mais que tentasse, ela sabia da existência do vazio em seu peito. Ela era só uma casca bonita, uma madeira tão bela, mas que havia sido comida por dentro pelo cupim da mágoa, do orgulho, da prepotência e da raiva.

Só tinha isso dentro dela e não deixaria mais ninguém mais pisar em si.

***

Não demorou muito para que Tânia e Rafael fossem levantados a Obreiros o que Jennifer achou um absurdo. Eles lá tão bonitos e sorridentes e a garota no canto resmungando:

-Certamente foram levantados só porque ficaram enchendo o saco do Pastor! Quero ver quando houver a troca! Duvido que eles irão durar menos de dois meses! -Jennifer havia se tornado uma pessoa amarga, ninguém mais queria ficar perto dela. -Mas se eles pensam que comigo vão ter moleza, estão muito enganados! Eu não tive! Ninguém me ajudou! Eles vão ter o que merecem!

E eles tiveram, Jennifer se tornou a pior Obreira que eles poderiam ter. Tânia ainda pensou diversas vezes em contar tudo para o Pastor, mas Rafael sempre a convencia de que não adiantava nada, que aquele era o deserto e que eles enfrentariam coisas piores.

Os dois eram apenas duas pessoas para ela atormentar, até que Teresa voltou a ir para a igreja. Após um mês de reabilitação, a garota voltou a igreja e consequentemente todo mundo a recebeu de braços abertos. Mas não era só aquilo, Jennifer percebia como a garota estava estranha, parecia até mesmo distante...

Júlio havia ido embora, e Jennifer começou a perceber que outra pessoa discretamente admirava Teresa.

Rafael tentava ao máximo disfarçar, mas era nítido que havia um sentimento. Jennifer poderia ter deixado de lado, mas não suportava mais Teresa ter toda a atenção, Teresa ter tudo e ao mesmo tempo não conseguir ficar com nada. Aquilo não era justo.

-Você deve estar feliz que a Teresa voltou. -Jennifer falou quando Rafael varria a sala de campanha.

-Ai meu Deus, Obreira. -Rafael colocou a mão no coração. -Não sabia que a senhora estava aí!

-Você fica muito bonitinho assustado. -Jennifer sorriu.

Rafael se engasgou:

-Perdão?

-Sabe, eu tenho observado você. -Ela se aproximou de Rafael. Ela o teria. Tudo que Teresa tinha, ela queria.

Rafael engoliu em seco:

-Obreira, acho que a senhora está entendendo errado...

-Não estou... Eu só...

-Eu gosto de uma pessoa. -Rafael a cortou.

-E essa pessoa gosta de você? -Jennifer arqueou uma sobrancelha não perdendo a pose.

Rafael engoliu em seco:

-Ok, então eu vou reformular a frase... Eu não gosto da senhora. -Rafael disse cautelosamente esperando que Jennifer soltasse fogo pelas narinas e o engolisse vivo.

-Você é muito idiota. -Jennifer bufou.

-Teve um tempo, Obreira. Que eu tinha todas as garotas que eu quisesse, mas eu percebi que Deus vai me preparar uma só, e ela será o bastante.

-Não tente dar lição de moral em mim, garoto.

-Só acho que a senhora deveria procurar ajuda. -Ele deu de ombros e saiu.

Jennifer revirou os olhos.

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