Jennifer fez tudo que precisava ser feito. Limpou o apartamento de cima a baixo, lavou as roupas e lençóis que estavam sujos, organizou o guarda-roupa e finalmente fez o almoço com a melhor comida que sabia fazer.
Assim que Patrick chegou e entrou, viu Jennifer arrumando a mesa:
-Hey! Que bom que você chegou! Acabei de terminar o almoço, Lela e eu já estamos nos preparando para almoçar! Senta!
Patrick apenas deixou que Jennifer o levasse até a mesa em silêncio. A jovem falava sobre diversos assuntos que o rapaz até tentava acompanhar, mas seu pensamento estava longe dali.
Patrick sentou e começou a comer em silêncio quando percebeu o olhar ansioso de Jennifer a cada garfada que ele levava até a boca.
-O que foi? -Ele perguntou.
-Nada. -Jennifer deu de ombros. -Só queria saber se está boa...
-Está. -Ele respondeu tomando um gole de suco.
-Acha que eu daria uma boa esposa?
O rapaz começou a tossir.
-Patrick! -Jennifer se levantou, foi até o rapaz e começou a dar alguns tapinhas em suas costas.
Patrick a afastou:
-Jennifer, obrigado pela comida. -Ele limpou a boca. -Mas não precisa fazer isso, eu sei cozinhar.
A expressão de Jennifer azedou com a grosseria do rapaz.
-Jennifer, podemos conversar? -Ele perguntou.
-Lela, você poderia deixar eu e o seu pai conversar sozinhos?
Antes que Patrick pudesse abrir a boca para retrucar que Valéria não era sua filha, a garotinha apenas acenou com a cabeça e saiu correndo.
-Ela é uma graça! -Jennifer suspirou.
-Falando sério, Jenny. O que você está fazendo aqui?
-Eu já disse, quero uma família para Valéria.
-Eu não nasci ontem, Jenny. Eu te conheço, há motivos que envolve você!
Jennifer mordeu o lábio em sinal de que Patrick havia acertado. Um a zero para o rapaz.
-Certo. Eu perdi o emprego e tive que sair do quarto que eu estava, como eu não tenho nenhum parente, resolvi que já estava na hora de Valéria conhecer o pai dela... -A mentira escorria dos lábios da garota, jamais ela falaria que havia se envolvido com um traficante e ajudava nas questões da vila.
-Sobre isso, eu fiz o teste de DNA, o resultado vai sair daqui duas semanas.
-Você realmente não acredita em mim, não é?
-Então eu não serei injusto. -Ele continuou falando, ignorando a pergunta da jovem. -Você e a Valéria podem ficar aqui por esse tempo.
-Você realmente ainda não entendeu o que eu quero né...
-E eu só quero uma coisa.
-Pode falar. -Ela arqueou uma sobrancelha.
-Quero que você aceite ir a igreja comigo amanhã.
Jennifer o olhou assustada esperando algum sinal de brincadeira no rosto de Patrick, mas nada surgiu.
Ele realmente queira que ela fosse a igreja.
Jennifer sentiu seu coração bater contra a sua costela cada vez mais rápido. Ela não podia, não queria voltar a igreja, o que as pessoas iriam falar sobre ela? Mesmo que quase três anos haviam se passado, Jennifer sentia como se tivesse sido ontem que havia entregado o seu uniforme de Obreira.
A garota concordou derrotada, ela iria, mas iria pelo motivo errado.
Ela não estava indo para se reencontrar com Jesus, ela estava indo para agradar Patrick.
***
-O que você acha desse vestido? -Jennifer levantou um vestido vermelho na frente de Patrick que estava estudando.
Patrick levantou os olhos para o vestido:
-É bonito.
-Bonito? Só isso? Achei que gostasse de vermelho!
-E eu gosto, mas acho que o corte desse vestido não vai cair bem no meu corpo. -Ele voltou a olhar para o caderno.
-Sem graça! -Ela abafou uma risada e Patrick deu um sorriso de lado. -Vou com ele para a igreja.
-Minha filha, ainda são quatro horas da tarde e você já está se arrumando?
-É claro!
-E a Valéria?
Jennifer o olhou confusa:
-O que tem ela?
-Já separou a roupa dela?
-Pra quê?
-Pra ela ir a igreja! -Ele exclamou.
-Ela não vai. -Jennifer constatou o óbvio, se ela iria até a igreja, então as pessoas não precisavam saber que ela havia tido uma filha. Imaginem só os milhares de comentários que as pessoas fariam!
Não, Jennifer não iria suportar aquilo.
-Como assim?
-Patrick, não posso chegar na igreja com uma criança!
-Por quê? -Patrick perguntou, mas já sabia a resposta.
-Patrick, meu querido. -Ela se sentou na frente do rapaz e segurou o rosto do rapaz. -As pessoas vão criticar apenas pelo fato que eu vou a igreja, imagine se eles souberem que eu tive uma filha!
-Mas Jenny, se você não percebeu, nós dois vamos a igreja, a Valéria vai ficar em casa sozinha? -Patrick perguntou ironicamente.
-Não vejo problema. -Às vezes, quando ela precisava ir em uma reunião na boca de fumo, Valéria ficava sozinha e nada acontecia.
-JENNIFER! -Ele a olhou horrorizado. -Ela só tem dois anos!
-Quase três. -Ela deu de ombros.
-Ela é uma criança!
-É só coloca-la para dormir, uma hora apenas, nada de ruim vai acontecer.
-Já deixou ela sozinha alguma vez?
A jovem se levantou e simplesmente virou as costas para o rapaz.
Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos. Pegou um casaco rosa de Valéria e sua carteira.
-Lela?
A garota correu até ele e Patrick a pegou no colo.
-Já volto. -Ele gritou para Jennifer e fechou a porta atrás de si.
Jennifer revirou os olhos, era só o que faltava, Patrick se importar mais com aquela criança do que ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feita de Ambições
SpiritualEssa é uma história que não tem um final feliz. Jennifer por toda a sua infância e adolescência fez uma única promessa para si, não deixaria que mais ninguém a colocasse para baixo como haviam feito. Ela era uma mulher que não deveria aceitar migalh...