Querida Hellen!

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Jennifer abriu os olhos e mesmo no escuro pode ver uma barata correndo pela parede. O cheiro de mofo e poeira acertaram seu nariz em cheio. Ela fechou os olhos querendo que tudo aquilo não passasse de um sonho, mas quando sua barriga reclamou em fome ela sabia que era real.

Com dificuldades, a garota se obrigou a ficar em pé. Todo o seu corpo doía.

Gemendo ela se arrastou até a porta e tentou abrir.

Sem sucesso.

O tempo se arrastava lentamente e ela não fazia ideia de quanto tempo fazia que ela estava ali.

-Socorro! Alguém me tire daqui! -Ela gritou rouca. -Eu estou com fome! Eu preciso ir no banheiro! Mamãe! -Ela bateu os punhos contra a porta. -Por favor, mamãe! Me tire daqui!

Ela escutou uma movimentação do lado de fora, mas ninguém veio ajudar.

Por uma fresta da telha uma fraca luz sinalizando que era a noite entrou no quarto.

Jennifer limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto e caminhou entre as coisas que estavam entulhadas naquele cômodo. Por pura sorte, entrou um lápis e um pedaço de papel e se sentou no chão.

"Querida Hellen,

Estou presa, com fome, suja e com vontade de fazer xixi.

Quero a minha mãe, mas acho que ela não me quer."

Jennifer olhou para a última frase que havia escrito, mesmo com a letra toda tremida, ela sentiu uma dor bem mais profunda do que os hematomas que Murilo havia feito. Era uma dor que ela não sabia explicar, só estava dentro dela.

Seu coração se apertou e naquela noite ela não poupou suas lágrimas. Deitou sobre o chão imundo daquele cômodo e chorou. No começo seus soluços eram fracos, mas logo eles ganharam força e ecoavam pelo cômodo inteiro.

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