-Não vai contar o que para mim? -O Pastor perguntou e os dois ficaram em silêncio.
O Pastor Marcos se sentou na cadeira a frente dos dois e começou a bater na mesa com a ponta da caneta.
Jennifer se lembrava de quando era mais nova, Murilo quando estava bravo com André e já sabia de tudo que ele havia aprontado, batia a caneta da mesma forma enquanto esperava pela confissão.
O Pastor já sabia de tudo, não tinha o que esconder.
-Pastor... -Jennifer começou a falar e Patrick limpou a garganta. -Patrick! Não adianta! O Pastor já sabe de tudo!
Patrick abriu a boca para se defender, mas o Pastor Marcos o interrompeu:
-Jennifer tem razão, eu já sei de tudo. Só esperava que vocês tivessem coragem para me contar.
-Pastor, eu posso explicar... -Patrick começou a falar.
-Não tem muito o que explicar, Patrick. No começo eu não queria acreditar, mas quem me contou veio com provas e infelizmente eu tive que aceitar. Vocês dois estão em pecado e mesmo assim não quiseram pedir ajuda. Patrick, e a a Teresa? Em nenhum momento você pensou na jovem? Que tipo de homem você é? Se não gostasse dela, então terminava com ela! -O Pastor respirou fundo. -Levei o caso para o Pastor Regional, que consequentemente foi mandado para o Pastor do Estado. Patrick, você não é mais Pastor.
-Como assim?
-O Pastor responsável pelos Pastores Auxiliares determinou que você seja removido de Pastor.
-Isso não é justo! -Patrick gritou furioso. -Eu sou um Pastor perfeito!
-Por mais que nós Pastores sejamos homens sujeitos a erros e falhas, devemos buscar ser imitadores de Cristo, devemos dar exemplo para o povo. Como você consegue subir em cima do Altar, pregar sobre boa conduta, caráter e o Espírito Santo, sendo que você faz tudo ao contrário?
O ódio era visível no rosto de Patrick, o rapaz se levantou, arrancou a sua gravata e sem olhar para trás, ele saiu.
Jennifer engoliu em seco e o Pastor olhou para ela:
-Jennifer, eu vou te ajudar a se reerguer, você aceita a minha ajuda?
-E-eu aceito...
-Então a partir de hoje você não é mais Obreira, preciso que você me traga o seu uniforme.
-Meu uniforme? Meu uniforme não, Pastor! -Jennifer começou a chorar.
-Desculpe, Jennifer, mas não posso deixar você continuar sendo Obreira sabendo da sua atual condição, eu mataria você! Condenaria sua alma ao inferno, e eu não vou permitir que isso aconteça, eu vou te ajudar, vou lutar por você.
As lágrimas escorriam pelo seu rosto e Jennifer concordou saindo do escritório.
Ela não era mais Obreira, ela estava mal, ninguém mais podia contar com ela.
-Obreira, a senhora sabe se o Pastor Marcos está aí? -Fábio perguntou inocentemente.
Obreira.
Como aquela palavra doía. Eles haviam tirado o seu bem mais precioso. Eles haviam tirado tudo dela.
O Pastor havia dito que a iria ajudar, mas como aquilo era ajuda? Como a afastar da única coisa que ainda a fazia vim a igreja era o melhor?
E ao invés de enxergar com bons olhos a dívida de que aquelas pessoas queriam realmente o seu bem, começou a surgir.
Ela concordou com a cabeça afirmando que o Pastor estava lá e foi andando até que o Pastor a chamou:
-Jennifer!
-Sim, senhor? -Ela sussurrou.
-Chame o Obreiro Mateus que está aí do lado de fora, por favor.
Ela concordou, caminhou até o lado de fora da igreja aonde Mateus e Teresa estavam conversando.
-Obreiro, o Pastor está te chamando.
Mateus concordou e saiu andando, deixando as duas jovens sozinhas ali.
Jennifer olhou para Teresa de cima a baixo e pensou, por que ela sempre tinha que levar a pior?
Teresa era tão perfeita... Mas se realmente fosse, Patrick não teria a traído com Jennifer...
Uma satisfação tomou o peito de Jennifer.
-Então quer dizer que você e o Pastor Patrick estão namorando... -Ela comentou.
-Sim, por quê? -A arrogância era notável na voz de Teresa.
-Não, por nada! -A Obreira levantou as palmas das mãos para cima em um ato de demonstrar inocência. -Achei realmente que você ia ficar com o Obrei... quer dizer Pastor Rafael...
-Pois é, muitas pessoas acharam.
-Bem, eu só vim aqui para te pedir desculpas, Teresa.
-O quê?! -A voz da garota soou incrédula.
-Eu vim aqui te pedir desculpas! -Jennifer a olhou duramente.
-Por?
-Por ter falado qualquer coisa que te magoasse. -Ela abriu um sorriso que a jovem não pode decifra-lo. -Eu quero muito que vocês dois sejam felizes. -E estendeu a mão para Teresa.
Ela acenou e saiu andando com um mísero sentimento de satisfação.
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Feita de Ambições
SpiritualEssa é uma história que não tem um final feliz. Jennifer por toda a sua infância e adolescência fez uma única promessa para si, não deixaria que mais ninguém a colocasse para baixo como haviam feito. Ela era uma mulher que não deveria aceitar migalh...