Sensação de bem-estar.

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Jennifer não havia sido levantada de imediato como Teresa, ela precisou fazer seis meses de CPO, mas não se importou.

Agora ela era Obreira. Ela havia levado ainda um maior número de testemunhas do que Teresa. Ela era melhor, o uniforme combinava perfeitamente com ela.

Agora ninguém poderia colocar ela para baixo, mas mesmo tendo conquistado um de seus maiores sonhos, ela ainda se sentia vazia. Tentava compensar um vazio enorme que ela começava a seguir, fazendo alguma coisa para se sentir melhor.

Ela evangelizava, fazia ponto de fé, cuidava de reuniões, era secretária do FJU... Mas ela sabia que estava se perdendo. Jennifer se perdia cada dia mais que tentava ser melhor não somente que Teresa, mas que todas as Obreiras. E ela se sentia fraca, pequena e inútil quando fazia as coisas, dando o melhor de si com a força de seu braço e o Pastor não a elogiava.

Teresa nem era tudo aquilo, mas mesmo assim ela continuava sendo o centro das atenções.

Jennifer havia sido curada de sua carência quando havia um desejo sincero, mas ela começava a voltar para o mesmo lugar de quando ela havia chegado. Ela precisava que alguém reparasse nela, que alguém a colocasse em um pedestal.

Jennifer precisava ser amada, mas procurava isso de maneira errada.

Ela sustentava sua máscara de perfeição. Ninguém desconfiava, menos sua tia. Mariana sabia que havia algo errado, ela amava Jennifer, mas esse amor para a garota não servia de nada.

-Jennifer? -Mariana entrou em seu quarto.

-Sim? -A garota fechou o caderno que toda a noite escrevia e sorriu.

-Eu queria conversar com você.

-Ok, pode falar.

-Eu estou te achando distante esses últimos meses...

-Como assim, tia?

-Estou achando que você está estranha... Está acontecendo alguma coisa? Você quer conversar?

-Não está acontecendo nada.

-Jenny, por mais que você seja Obreira agora, você pode pedir ajuda.

-Eu sei, mas não está acontecendo nada.

-Tem certeza?

-Sim, senhora.

Mariana hesitou, mas por fim de deu por vencida e saiu do quarto.

Não era a primeira pessoa que perguntava aquilo, talvez a máscara de perfeição de Jennifer estivesse com rachaduras.

"Querida Helen,

Eu sou Obreira agora, me diz o que uma Evangelista pode me ajudar?

Eu que tenho que ajudar as pessoas, eu não posso ter nenhum defeito ou problema.

Eu sou um exemplo."

Ela escrevia. As pessoas estavam enxergando de mais ou ela que se recusava a ver?

Jennifer não reconhecia que aquilo não era simplesmente algo para encher sua paciência, era uma forma não das pessoas se preocuparem com ela, mas de Deus a tentar alcançar.

Deus tentaria até o último minuto, Ele sentia falta de Jennifer e o que era para ser algo maravilhoso, ela ser Obreira foi a pior coisa.

E você pode perguntar, será que ela não ouviu a Deus em nenhum desses pedidos?

Ela ouvia, mas sua consciência estava cauterizada.

Ela estava bem.

Feita de AmbiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora