Feita de Ambições

Agressões.

A garota pensou realmente em se virar e dar meia volta indo embora como André fez assim que escutou os xingamentos.

Ela pensou, mas não fez. Daquela vez, algo chamou sua atenção. Murilo não xingava   sua mãe, ele gritava que aquilo não era possível.

Jennifer andou até a porta da cozinha e espiou pela janela:

-... Sua vagabunda! Isso não é possível! -Ele gritava.

-Murilo, por favor... -Kátia implorava com lágrimas.

-Por favor, nada! Você não pode estar grávida de mim!

-Mas eu estou...

Ele deu um tapa no rosto dela:

-Você vai dar um jeito de tirar essa criança de dentro da sua barriga!

-Eu não vou! -Kátia gritou e a ira de Murilo se acendeu.

-Você não vai? Então acho que você vai precisar de ajuda.

Quando Jennifer e Katia foram entender o que ele queria dizer já era tarde. Murilo estava com um pedaço de madeira e se virou batendo com toda a sua força na barriga de Kátia.

As duas ficaram sem fôlego. Kátia gritou em dor e caiu no chão com as mãos sobre a barriga encolhida em posição fetal.

Murilo não se compadeceu com a dor da mulher, sem nenhum pingo de misericórdia continuou batendo em Kátia.

Jennifer sentiu sua garganta se fechar e saiu correndo até aonde sua mãe estava.

-PARAAAA! -Ela gritou rouca e se debruçou pelo corpo de sua mãe, levando um golpe de madeira em suas costas.

-O que pensa que está fazendo? -Murilo rugiu.

Jennifer olhou para ele e sentiu o medo aflorar seu corpo. Ela havia defendido sua mãe uma vez e Murilo havia feito ela pagar caro, afinal ele dizia que assunto de marido e mulher, criança não colocava colher. Depois da agressão que havia sofrido, mesmo que seu coração doesse por ver sua mãe sofrendo daquela forma, ela não fazia mais nada.

Mas naquele dia ela não aguentou.

Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Murilo a jogou no chão batendo sua cabeça contra o concreto, Jennifer sentiu a dor penetrar seu consciente e desejou ardentemente que desmaiasse logo.

Chutes e socos. Cada um era uma nova que explodia pelo corpo da garota.

Ela não resistia mais, ela não tentava mais.

-Murilo, por favor, pare! -A voz fraca de Kátia fez o homem parar por alguns momentos. -Ela é só uma criança.

-Uma criança muito rebelde! Eu já disse milhões de vezes para não entrar no meu caminho! -Um flash passou pelos olhos de Murilo como se ele tivesse acabado de ter uma ideia. -Você merece ficar de castigo! Fica de pé.

Jennifer tentou mexeu qualquer músculo de seu corpo, mas a dor era insuportável.

-EU DISSE PARA FICAR EM PÉ! -Ele gritou e pegou o cabelo loiro de Jennifer puxando para cima.

A garota gritou, mas ele não se importou. Arrastou Jennifer pela casa inteira até que chegaram em um cômodo que eles não utilizavam. Murilo a jogou ali dentro e sorriu:

-Que esse tempo que ficar aí você aprenda alguma coisa. -Ele fechou a porta e na escuridão do cômodo Jennifer escutou ele trancando o quarto.