Dois anos depois...
-Jennifer... -Uma tosse. -Jennifer, por favor, acorda!
Jennifer abriu os olhos ainda sonolenta e quando viu Vitor com o ombro sangrando e a cara pálida, custou a entender o que estava acontecendo ali.
-Vitor? -Ela esfregou os olhos e Valéria resmungou ao seu lado acordando também. -O quê está acontecendo?
-O complexo foi invadido pelo Késio e os soldados dele. A maioria dos nossos foi atingido, são poucos que ainda estão de pé.
-Como assim? -A garganta de Jennifer fechou. E ela se ajoelhou em sua cama para ficar da altura de Vitor. -Esse ferimento! Precisamos colocar algo para parar o sangue!
Alguns tiros lá fora e correria:
-Jennifer! -Ele a segurou pelo ombro. -Não temos tempo! Eles sabem quem é você e irão vim até aqui para acabar com você e sua filha.
Jennifer engoliu em seco:
-E o Caíque? -Ela sussurrou.
Alguém começou a bater na porta e os olhos de Vitor se alarmaram:
-Isso não importa, você precisa ser esconder! -Ele sussurrou a empurrando para de trás da cabeceira da cama junto com Valéria.
-E você? -Ela perguntou, mas Vitor não respondeu. A porta veio ao chão com tudo fazendo Jennifer prender a respiração.
-Cadê a mulher do Caíque? -Uma voz grave rompeu o cômodo.
Valéria abrir a boca para falar, mas Jennifer a tampou arregalando os olhos em sinal de advertência.
-Anda! Responde!
-Você não está vendo? Ela não está aqui! -Vitor gritou de volta. -Ela fugiu de vocês, seus ratos!
-Você vai se arrepender de ter deixado ela escapar!
O coração de Jennifer estava disparado e um baque de Vitor caindo no chão a assustou:
-Diga oi, para os seus amigos que vão estar lá te esperando de braços abertos. Queime no inferno, miserável! -Dois tiros e um gemido de Vitor.
Além da mão que estava na boca de Valéria, Jennifer levou a outra mão a sua própria boca. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas a jovem nem sequer ousou se mexer.
Alguns passos do homem soaram pelo piso de seu quarto.
-Querida Jennifer? Será que você fugiu mesmo? -Ele sussurrou e se aproximava lentamente da onde Jennifer estava.
Sua respiração começou a ficar mais forte e Jennifer sentiu suas costas ficarem molhadas de suor e por mais que Valéria fosse apenas uma criança, seus olhos atentos mostravam que ela estava assustada também.
Enquanto o homem se aproximava, Jennifer sabia que precisava de um plano, era a sua vida e de Valéria que estava em risco. Jennifer já se preparava para fazer alguma coisa, quando alguém entrou no quarto chamando o homem que estava lá. Sem hesitar, ele o seguiu e finalmente Jennifer conseguiu respirar novamente.
A jovem se levantou e desviou o olhar do corpo inerte de Vitor. Começou a pegar algumas roupas de Valéria e suas e enfiar em uma pequena bolsa. Valéria não chorava como uma criança normal faria naquela situação, e mesmo que isso a preocupasse, Jennifer agradeceu em silêncio.
A mulher começou a vestir a garota rapidamente e Valéria a olhou com aqueles olhos enormes e escuros:
-Qe se fazenu, mã? -Valéria perguntou.
-Vamos embora, Lela. -Ela pegou um arma que estava na gaveta, parecia mais pesada do que nunca. -Vamos encontrar o Caíque e ralar peito daqui.
A jovem colocou a arma na cintura e pegou Valéria no colo para poder sair do lugar. Ainda eram quatro horas da manhã e na viela apenas a luz da lua iluminava o local.
A garota olhou para os lados, alguns jovens corriam de um lado para o outro, em algum lugar perto dali se escutava alguns tiros e Jennifer começou a correr pelas escadas.
A adrenalina estava alta em seu corpo e quando estava passando por uma pequena rua, alguém a puxou pelo braço nas sombras. Jennifer soltou um grito e transferiu seu punho fechado para quem quer que fosse que a estivesse segurando. A garota tropeçou e caiu com tudo no chão junto com Valéria.
-Jennifer! -Caíque resmungou baixinho.
A garota levantou o rosto:
-Caíque! Meu Deus! O que está acontecendo?
-Não importa. -Ele a ajudou se levantar. -Vocês precisam sair daqui.
-Eu sei...
-Você precisa voltar para São Paulo, eles não vão parar até ver você morta.
-Pra São Paulo? Caíque! Tu ficou maluco?
-Jennifer, toma. -Ele tirou a carteira e entregou nas mãos da jovem. -Agora vai.
-E você? -Ele a olhou e Jennifer sabia o que aquele olhar significava. -Não! Não vou embora sem você!
-Jennifer... -Ele suspirou se aproximando dela e colando sua testa na da jovem. -Eu preciso que você vá! Você tem uma filha, ela precisa de você.
-Mas eu preciso de você.
Ele a beijou:
-Vai embora. -Caíque limpou as suas lágrimas e se afastou dando um beijo na testa de Valéria.
Jennifer vendo que não podia ir contra a vontade do rapaz, pegou Valéria no colo e sem olhar para trás começou a andar até a rodoviária.
Seu coração, sua alma e seu espírito estavam quebrados, mas a única Pessoa que podia colar e restaurar, Jennifer não queria procurar.
Voltar para Jesus parecia uma vida muito distante da dela.
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Feita de Ambições
SpiritualEssa é uma história que não tem um final feliz. Jennifer por toda a sua infância e adolescência fez uma única promessa para si, não deixaria que mais ninguém a colocasse para baixo como haviam feito. Ela era uma mulher que não deveria aceitar migalh...