A Inocência (Completo)

Marisa

O senhor A acordou agitado essa manhã, a noite ele não dormiu direito e ficou andando de um lado para o outro pelo quarto como se estivesse atormentado e o pior é que não sei o motivo, ajudo Tiago com o leite enquanto Gisele descansa depois de mamar, o senhor A fica olhando pra nós e percebo que está chorando.

– Não mereço ter vocês em minha vida, porque não fiz o certo?

Olhei pra ele sem entender muito bem o que estava acontecendo, ele começou a chorar de soluçar e aquela cena preocupou nosso filho que quis ir para o colo dele na hora.

– Papai!

Meu menino abraçou o pai pelo pescoço e os dois ficaram daquela maneira por um bom tempo, o senhor A não comeu nada durante o jantar e nem agora no café da manhã portanto imagino que o restante da conversa com o senhor Felipe não tenha sido boa.

Gisele já havia dormindo e Tiago também mas no colo do pai, pego primeiro Tiago e levo pro quarto enquanto o senhor A leva nossa filha pro quarto dela e fico olhando da porta ele admirando nossa pequena, o amor que tem por nossos filhos é tão lindo.

– Você e seu irmão são as minhas maiores riquezas, perdoa o papai por ser um fraco egoísta, é porque amo muito sua mãe e não suporto pensar que não terei vocês comigo nunca mais, ela nunca vai me perdoar e o papai não merece perdão mas sofrer por ter sido um monstro.

Aquela conversa me deixou assustada e quando fico assim gosto de ficar no jardim olhando minhas flores e é isso que faço, desço as escadas indo até o lado de fora, fico admirando minhas flores e outras plantas, sinto que algo vai acontecer e que vai mudar a minha vida para sempre.

Escuto um barulho de carro perto da entrada principal de repente vejo meu pai Enzo e o senhor Felipe acompanhado dos filhos e de Murilo, fico quieta observando toda cena, entro pela porta dos fundos e fico escondida observando eles esperando na sala pelo senhor A, dona Geralda os recebe muito bem.

– Onde está seu patrão?

O senhor A aparece com o semblante raivoso e parece que vai atacar meu pai à qualquer momento, Geralda já tinha saído da sala percebendo o clima horrível que se instalou no lugar.

– Vim buscar Marisa e as crianças, aonde estão?

– Não é da sua conta, porque trouxesse esse homem, Felipe?

O clima estava pesado dentro daquela casa e fiquei tão preocupada, afinal de contas notei que todos estão armados e se a situação piorar pode acontecer algo ruim e meus pequenos estão dormindo.

– Ele está aqui como meus filhos e genro para garantir que vai cumprir com sua palavra, já contou a verdade para Marisa?

Novamente essa história, o que ele precisa me contar de tão importante?

– Ainda não, é difícil pra mim! Não se esqueçam que ela é minha esposa e mãe dos meus filhos, não é algo fácil de fazer.

– Não seja hipócrita, Alexandre. Nunca tratou Marisa como esposa e se não fosse por mim seu filho mais velho estaria morto, é isso mesmo que está pensando, fui eu que ajudei Marisa para que ela pudesse ter a oportunidade de ser mãe além disso se hoje tem as crianças é por causa de mim e não por você.

Vejo o senhor A apontando uma arma em direção do meu pai, em um momento de desespero vou até eles e fico na frente do meu pai, dando um abraço apertado nele.

– Senhor, porque está fazendo isso? As crianças vão acordar assustadas com tudo isso, por favor abaixe essa arma.

Ele parecia perturbado enquanto os outros estavam em alerta.