Pricilla
Estou espumando de raiva. Estou pegando fogo de raiva. Não estou me aguentando de tanta raiva.
E o pior, eu acho que não tenho motivos pra ter raiva. Resolvo arrumar um.
Vou até o quarto do meu irmão e entro sem bater na porta. Encontro ele deitado de costas com fones no ouvido. Pego o copo de agua que esta lá e jogo na cara dele.
-- Isso é por você existir. – Saio do quarto deixando ele todo molhado e com cara de quem não em tendeu bosta nenhuma. Nem eu entenderia.
Já estou na porta do meu quarto quando sinto uma enxurrada cair sobre mim, “ai nossa que dia lindo”. Me viro e tenho um Kevin rindo horrores com um balde na mão.
-- Isso irmãzinha, É só porque eu te amo demais. – O desgraçado coloca o balde na minha cabeça e vai embora rindo.
Solto um grito e quando tento correr atrás dele caio de bunda no chão. Merda isso doeu. Sinto lágrimas queimarem nos meus olhos e minha bunda dói pra caralho, mas eu tenho meu orgulho né. Engulo o choro e entro no meu quarto, de balde e tudo.
Ok, essa fui eu quem pediu. Mas a culpa não é minha, é de um idiota chamado Bernardo que me beijou e depois foi embora como se nada tivesse acontecido. A culpa é toda dele.
Resolvo tomar um banho e ir dormir. Eu não quero ficar vegetando aqui e pensando em imbecis, eu sei que eu vou chorar se eu fizer isso. E eu nunca choro.
***
Acordo com a minha linda mãezinha me cutucando, que lindo dia.
-- Já entendi, pode parar de me cutucar. – Rosno, levanto e vou pro banheiro. Bato a porta. E grito logo a seguir. – Eu não vou acordar aquele imbecil, já estou avisando.
Tomo o banho que nem o bicho preguiça, hoje não estou boa, e se alguém vier pra cima de mim com alguma felicidade matutina esta morta. “Ouviu dona Elisabeth?”
Me arrumo e saio do quarto quando estou a caminho das escadas resolvo dar o troco. Eu não levo desaforo pra casa lembram?
Entro no quarto do Kevin, ele não esta, então isso vai ser melhor ainda. Pego um balde de água e começo a festa. Molho a cama dele todinha, molho o chão e coloco detergente, assim ele aproveita e da uma geral nesse chiqueiro, além de cair de bunda como eu caí, é claro.
Saio e vou em direção as escadas, quando estou nos últimos degraus escuto o Kevin sair do banheiro e entrar no quarto. De repente um estrondo. O som de uma bunda caindo no chão, e isso soa como música para os meus ouvidos. “ Eca. Exagerei.”
Escuto o imbecil gritar o meu nome e corro pra saída de casa, passo pela minha mãe e acho o meu pai dando partida no carro, e entro pra ir com ele.
-- Ué? Pensei que você ia com o Bernardo como todos os dias.
-- Pensou errado pai, vamos embora de uma vez? – Não quero pensar nele, que se lixe.
-- Ok. – Ele da partida no carro e eu sinto o meu celular tocar. É o Bernardo. E então atendo, não atendo, ou quebro o celular?
Apesar da terceira opção me atrair muito, resolvo ficar com a segunda, não acho que vai ser uma coisa bonita se eu atender esse celular. Então o coloco dentro da bolsa de novo. E ele toca e toca insistentemente.
-- Não vai atender? – Tava demorando.
-- Não pai eu não vou atender.
-- Porquê?