Capitulo 23

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Aula de educação física pra mim consiste em: correr, pular, chutar, movimentar, suar, e assistir a um espetáculo magnifico da natureza, e esse espetáculo que nem  as melancias da Mandy brincando de ping-pong (credo)n na blusa dela conseguem ofuscar.

Um fenómeno que fez,  todas as cadelas no cio ladrarem: o meu namorado, suado, e sem camisa correndo pra lá e pra cá dentro do campo.

 Pouco? Visualizem: cabelos molhados, olhos sérios, cara de mau, calção pendendo na cintura, e tatuagens enfeitado a pele dele que nem a cereja do bolo.

 Ainda pouco? Você então é uma iludida pervertida.

Em meio a gritos, berros e xingamentos em volumes estridentes e prejudiciais a minha audição, a minha carranca só aumenta, elas estão bem animadas e eufóricas, e o facto é que até estaria também, juro que estaria, se o motivo dessas desgraçadas estarem gritando não fosse o MEU namorado, ou melhor, amigo.

Procuro pela minha querida professora de educação física, tentando fazer a mulher acabar com essa baderna, (até delicia elas estão gritando, e o cara está jogando futebol. Imagina?) quando vejo a bendita mulher, percebo que ela está muito ocupada fofocando com a outra professora que nem liga pro chilique que as galinhas estão fazendo.

-- Não está gostando da torcida? – Liz aparece do meu lado, com um sorrisinho irónico nos lábios. – Se você deixasse de ser cabeça dura e desse uma chance pra ele você poderia até mandar essas oferecidas calarem a boca.

E o pior é que eu acho que isso é verdade. Mas imaginem se isso bate bem: Eu, Pricilla, voltando com o Bernardo só pras galinhas pintadinhas oferecidas pararem de gritar o nome dele e de dizer coisas indecentes? Não me parece.

-- Fodam-se. – Falo categoricamente e emburro ainda mais a cara, e assim fico até a porcaria do jogo acabar.

-- Ok pessoal, tomem o vosso tempo e depois saiam sem fazer baderna. – A professora fala e eu me pergunto se só agora ela resolveu dar uma de professora. Mocreia sem coração.

Enquanto eu pego a minha bolsa pra dar o fora, algumas das desocupadas penduram no idiota do Bernardo tal como roupas na cabide, e começam com os sorrisinhos falsos, jogadas de cabelo falso, e palavras idiotas. No momento o meu sangue ferve, chego ao meu limite e vejo tudo vermelho quando uma das megeras passam a mão pelo cabelo do bastardo que em vez de chutar a bunda dela, dá meio passinho pra trás.

Eu quase avanço sobre o grupinho ridículo, quase mesmo, mas eu me controlo, cerro os punhos e respiro fundo. Eu não posso fazer nada, ele não é mais o meu namorado, a gente é só amigo, e essa bosta está me irritando.

Não me julgue por favor, porque eu descobri que eu não sou ciumenta, eu só não gosto que toquem no que é meu. Então eu sou conservadora.

Por fim engulo o meu sapão, e caminho em direção ao vestiário. Chego lá, jogo a minha mochila num canto e vou em direção a torneira e lavo o rosto com a água gelada, logo que me dou por satisfeita levanto o rosto no espelho e tomo um susto.

-- Oi ruivinha. – Ele fala com um sorriso descarado e se aproxima me segurando pela cintura.

-- O quê que você quer imbecil? – Pergunto irritada, tentando me afastar.

-- Eu vim te ver, não é obvio? – O sorriso irónico e descarado que ele tem faz a minha raiva aumentar. Empurro as suas mãos pra longe e me afasto. – Que foi? Não quer se divertir Pricilla? Eu sei que você e aquele mala do Bernardo Baker não estão mais juntos. você está soltinha gata.

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