Pricilla
Chegamos na praia que mesmo de manhã já estava lotada, e pasmem, metade das pessoas que estavam la é da minha família (exagerei só um pouquinho). Todo mundo desde os avós paternos até o cachorro materno. Sinceramente, eu já vi que isso não vai prestar.
Chego junto com um Bernardo com a boca aberta, ele até parece nervoso.
-- É só se fingir de louco e não se deixar contaminar. – Digo pra tranquiliza-lo.
Encontro o meu pai e minha mãe que cumprimentam o Bê muito animados e nos enviam pra falar com o resto da família, é tio, primo, avô, avó, de primeiro, segundo, terceiro e até o vigésimo grau, todos muito animados e irritantes, falando de como o Bê é bonitinho e simpático ou de como ele é um gato (isso quem falou foram as minhas tias e primas mais taradas).
Teve tia que até disse que eu não merecia um garoto tão simpático e bonito como o Bê, pois ele é uma graça, e eu sou o capeta. Vê pode? Eu não sou tão ruim assim (até que sou, mas qual é precisa esculhambar assim?)
Só não matei um porque eu ia perder a minha herança ;) é que eu não tenho planos de trabalhar por muito tempo (brincadeirinha eu penso em ser escritora um dia).
No final, o dia até que foi bem divertido, ninguém morreu, não ouve acidentes sérios e eu não fui expulsa da praia, mas acabou sendo legal.
* * *
Chego em casa sentindo como se um trator tivesse passado por cima de mim. Nesse momento eu quero mesmo é morrer.
Me despeço do Bê sem muito animo e deixo ele lá em baixo falando com o besta do meu irmão, eu nem sei como eles conseguem falar nesse momento.
Entro no meu quarto e vou direto pro banheiro, eu sei que assim que eu olhar pra minha cama eu vou querer cair nela, então é melhor não arriscar.
Tomo um banho rápido e de forma preguiçosa, já estava de calcinha e indo vestir minha camisa do mickey quando o Bê entra no meu quarto.
-- Vermelhinha, eu… Merda.— O idiota para e fica me olhando com a boca aberta, e juro eu gostaria de não estar cansada pra poder jogar um sapato bem no meio da fuça dele.
-- Que foi? – Pergunto petulante. Ele está muito ocupado ficando com a boca aberta e nem responde. – Bê assim eu acredito que você nunca tinha visto peitos.
-- Eu… -- Isso está de dar dó minha gente.
-- Você ainda tem a boca aberta Bernardo. – Sorrio e subo na minha cama, ele fecha a boca e balança a cabeça. Finalmente.
-- Sabia que você é muito boa em fazer as pessoas ficarem com vergonha de verdade? – Ele diz se aproximando da minha cama.
-- É, eu tenho esse dom. Mas não seria tão ruim se as pessoas não fossem tão hipócritas e não se importassem tanto. – Digo piscando.
-- É, você tem razão. – Sorrio e dou um olhar “eu sempre tenho baby”.
Puxo ele pra cama fazendo ele se deitar, então coloco a cabeça em seu peito (isso é porque eu posso minhas queridas.) ele fica quietinho e brinca com o meu cabelo.
-- Eu gostei de conhecer a sua família, de verdade.
-- Hum legal, fica pra você então. – Credo, eu acho que é doido demais pra uma só geração.