Vou direto pro banheiro escovar os dentes, volto pro quarto e pulo na cama do lado do meu namorado.
-- O meu pai quer que eu vá fazer minha faculdade em Londres. – Ele fala de repente.
Eu me levanto e olho pra ele. Faz tempo que eu não vejo ele estranho assim. Ele sempre brigava com o pai, ficava bravo, e deixava eu xingar no lugar dele.
Segundo ele, a Glorinha disse que é feio xingar o nosso próprio pai. Então eu faço no lugar dele.
Mas já tinha um tempo que o chato doutor Baker-o-chato não produzia bosta. Mas dessa vez ele até que foi muito legal. Sem perceber, é claro.
-- E você não quer ir? – Pergunto apreensiva.
-- Não sei, eu gosto de Londres. Mas eu sei que ele quer que vá pra lá pra nos afastar e pra poder mostrar que manda em mim. – Ele faz aquela cara de cachorro deixado na mudança e eu não resisto a piada.
Começo a rir.
Ele me olha como se eu fosse doida.
-- Qual é a graça Campel? Quer tanto assim se ver longe de mim? – Ele pergunta sorrindo. Lindo.
Paro de rir um pouco e o beijo.
Toco delicadamente (sim delicadamente, e isso, é porque eu sou um doce) os nossos lábios, e mantenho as minhas mãos nos dois lados da cabeça dele. Passo a língua pela sua boca e fico explorando tudo, então ele me segura pela nuca e me puxa pra mais perto, nossas bocas se movem num ritmo lento e gostoso, suas mãos passeiam pelo meu corpo e eu me sinto nas nuvens. Ganhei na mega sena gente! O meu namorado beija bem pra caralho!! Morram de inveja!!
Quando nos separamos pela milésima vez pra respirar, eu falo.
-- Bê, se eu for fazer faculdade em Londres, você vai junto comigo?
Ele para e me olha sério. Como eu disse antes, pensa demais.
-- Você quer ir pra Londres comigo? – Ele pergunta finalmente.
-- Não… -- Ele agora tem o senho franzido. Ele beija bem, mas as vezes é muito burro (merda, sou boa demais pra esse cara). – Eu sempre quis fazer faculdade em Londres, falei pra minha mãe hoje, mas ela não que saber da minha educação. Então sim, eu quero ir pra Londres, e se você for… bom, seria um bónus beeemm legal.
Ele sorri e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
-- O meu pai vai amar saber disso nanica. – Eu sei, eu costumo ser pedra no sapato das pessoas. E é tipo, por querer mesmo. – E se você prometer que não vai incendiar o país, eu posso ir com você pra Londres sim. Talvez você aprenda a ser mais educada lá.
Como tem pessoas que gostam de se iludir!
Eu apenas aceno e sorrio travessa.
-- Só não conta pro teu pai. Eu quero fazer uma surpresa pro meu querido sogro (eca!) e ele é capaz de te mandar pra Antártica só pra eu não te influenciar.
-- Ele é um idiota. – Ele faz cara feia e olha pro lado.
-- Hey. – Viro o seu rosto pra mim e sorrio. – Só eu posso xingar ele.
Ele sorri e me beija. Eu sei eu sou demais.
**
Eu sou uma garota traumatizada.
Não acreditam?
Sabem o que é ser acordada as 5h da manhã porque o seu namorado não pode ficar até o sol nascer de verdade, porque o seu pai pode dar um piti por isso?