É domingo, e por incrível que pareça, eu resolvi socializar. Convidei o casal 20 (Liz e Kevin), o Diego, e o Bê pra sair.
Bom, na verdade eu sugeri, educadamente (se é que me entendem), que a gente fizesse alguma coisa que não seja ficar vegetando em pleno domingo.
O resultado, foi um monte de morto de fome (Liz, Kevin e Diego, isso basta pra mim) na minha casa, falando pra caralho e estragando o meu dia. Eu e a minha grande boca. Merda!
-- E aí Pripri, o Bernardo não vem? – Diego, engolindo um sanduiche quase inteiro. Credo, até parece que nunca viu comida!
-- Porquê que você não pergunta pra ele esfomeado? Me viu nascer grudada nele? – Pergunto irritada. O Bê vem, só que não preciso ser simpática com ele respondendo sim.
-- Garota, as vezes eu acho que você é loucamente apaixonada por mim. – Ele diz engolindo o resto do sanduiche. A principio me deu uma vontade gigante de rir, mas depois eu reparei na gravidade da situação, ele quer me tirar do serio, então eu vou entrar no jogo né? Só pra não deixar ele no vácuo (sim, eu sou simpática).
-- O QUÊ? Bebeu? – Pergunto enraivecida, tem gente que não tem a mínima noção do perigo mesmo.
-- É, você dá todos os sinais de uma garota apaixonada: me ignora, depois me convida pra sua casa, briga comigo, mas mesmo assim não leva a sério, e o mais importante, você arrumou um namorado que você nem liga pra me fazer ciúmes. É tão óbvio! – Ele faz cara de quem acabou de matar a charada do ano e sorri brilhantemente. Chega a ser “gay” a pose dele.
-- Quer um osso? – Pergunto pra ele apos alguns minutos encarando ele, incapaz de acreditar que existe alguém tão sem noção no mundo. Eu realmente estou precisando mudar de planeta.
-- Ah? Osso? Porquê? – Ele faz cara de quem não está entendendo nada. Fazendo ele parecer mais lerdo ainda. Ó capeta, dai-me paciência!
-- Você está com essa cara de quem quer um premio por falar a maior bosta de sempre, então eu estou te perguntando se você quer um osso. – Explico pacientemente (mentira deslavada) e olho pro chão pedindo apoio do meu companheiro do lado de baixo.
-- Ah, não, não, não. Não muda de assunto. Eu sei que você está loucamente apaixonada por mim, só está com pena de contar isso pro Bernardo. Mas tudo bem eu entendo, não tenho culpa de ser irresistível. – Ele se deita todo folgado no meu sofá e sorri convencido.
-- Sabe, quando eu era pequena, eu fui levada ao psicólogo por ter tendências assassinas. – Faço uma cara assustadora e me aproximo dele. – As vezes essas tendências se tornam bem aparentes perto de idiotas se fazendo de engraçados. – Faço uma pausa e me aproximo mais dele, e o covarde vai chegando pra trás, hilario. – Então eu te pergunto, Diego: quer morrer? – Dou um sorriso angelical, e espero calmamente a minha resposta. Ele fica branco e duvida passa ela sua expressão, eu tenho certeza que ele vai acreditar.
-- Vo… você sabe que eu estou brincando né, Pripri? – O covarde sorri e fala gaguejando, levanta do sofá todo atrapalhado, e vai em direção ao casal vinte se borrando todo. Idiotas, os homens são verdadeiramente uns grandes idiotas.
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O Bê chegou em pouco tempo e nós começamos a bolar coisas pra fazer. É cada ideia de jerico que até dá dó. Meus “amigos” tem muito pouco senso de diversão, e nenhuma inteligência.
-- Que tal se jogássemos verdade ou consequência? – A Liz sugere animada, e para a minha infelicidade os outros concordam.
-- Isso é um jogo idiota. Se vocês quiserem falar coisas sujas sobre si mesmos não precisam rodar uma bendita garrafa, é só falar de um vez. – Falo emburrada, mas ninguém me liga, só o Bê que me abraça pela cintura e me beija no pescoço (uí, até arrepiou), e tenta fazer minha carranca desaparecer, com sucesso confesso.