Capítulo 11

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- Noah! – entrei no armazém olhando por todos os lados, o procurando, até vê-lo vir em minha direção.

- Você não aprende a bater na porta não? Entrar sem permissão é invasão, abuso de sua autoridade – ele respondia ironicamente – e, olá para você Alyssa  - conclui a cumprimentando.

- Oi – Aly responde com desdém.

- Pare de provocar Heitor... - passo a dizer.

- Noah, por favor – ele me interrompe.

- Desculpe, Noah. Precisamos conversar com você e dessa vez você precisa realmente ser sincero – supliquei a ele.

Achar o detetive Turner, dependia de tudo o que Noah sabe e prometi ao Capitão que conseguiria pistas de seu paradeiro, não podia falhar. Nos sentamos em seu sofá e ele puxou uma cadeira próximo a nós, com mais uma bebida em mãos. Nos ofereceu, mas recusamos em seguida. Seu olhar era fixo em mim, e por mais que eu conhecia Heitor, eu não conseguia mais encontrar semelhanças dele em Noah. Isso certamente me assustava. Ele havia mudado completamente e eu não tinha ideia do que o fez mudar assim.

- Noah, preciso que me conte tudo sobre o Paul, sobre a Jessy e todos que você sabe que estão envolvidos – passei a dizer a ele.

- Isso de novo? Já disse que o assassinaram para me incriminar – ele teima na mesma tecla novamente.

- Não vim aqui para saber o que querem com você, preciso saber o que você sabe a respeito deles – digo até ser interrompida por Aly.

- Noah, precisamos que colabore. Um detetive que estava envolvido neste caso, está desaparecido – ela expressa.

- Turner – Noah solta com um semblante pensativo – eu o conheço.

- E quando foi a última vez que o viu? – perguntei não contendo a minha fala. E por dentro temia o pior, temia que Noah podia ser culpado. Ainda queria encontrar Heitor dentro dele, e sei que se ele tem algo de quem era quando convivíamos juntos, ele não seria capaz de nada assim.

- O vi quando ele veio aqui, para dizer que eu deveria tirar você do caso – ele falou me olhando fixamente, convicto do que estava dizendo.

- Como assim? Que relação você tinha com ele? O que está querendo dizer com isso? – comecei a ficar alterada.

- Calma Bela, controle-se – Alyssa dizia calmamente.

- Bela – ele tenta dizer.

- Detetive Parker, já te disse – respondi firme.

- Parker! Turner, não é quem você pensa que é. Ele não quer justiça como vocês, ele não virou detetive para prender criminosos. Ele está junto com todos que estão por trás do assassinato de Paul – ele explicava e minha mente ficava cada segundo mais confusa, eu não sabia se deveria acreditar, não sabia se deveria confiar nele.

- Quem assassinou Paul? – pergunto a ele sem delongas.

- Não posso dizer – ele responde fazendo meu sangue ferver por dentro.

- Como não pode? Quer que eu confie em você – me levanto, andando de um lado para o outro – mas, não me diz a verdade. Não diz quem está por trás de tudo isso, não me diz por que o querem incriminar, não me diz por que Turner veio até aqui pedir para me tirar do caso e como você poderia fazer isso. Noah! Cansei, se não quer responder aqui, responderá no tribunal. E espero que consiga um bom advogado, por que eu vou, eu vou te colocar atrás das grades – conclui enfurecida.

- Isabella Parker – Alyssa chama minha atenção – que droga está acontecendo com você?

- Eu sei o que está acontecendo – Noah passa a dizer, se levantando ficando frente a mim – já falhei com sua confiança uma vez, não pude salvar sua irmã, e sei que tem todos os motivos do mundo, para descontar toda a sua raiva em mim.

- Não tem nada a ver com minha irmã Noah – respondi e vejo que Alyssa aproveita para sair de fininho.

- Tem a ver com o que? Acredita mesmo que matei Paul? Que sou o culpado pelo sumiço de Turner? Bela – ele dá mais um passo próximo a mim – por tudo que já passamos, acredita que sou capaz disso?

Não consigo pronunciar nenhuma palavra se quer. Fico ali parada em sua frente, olhando dentro de seus olhos, procurando o Heitor, o cara que passou anos ao meu lado, que cresceu comigo, que estava comigo nos meus piores momentos. Não sabia o que pensar.

- Eu sei Bela, que é tudo confuso no momento – ele quebra o silencio entre nós – mas preciso de mais um voto de confiança. Preciso que me deixe te proteger, que me deixe estar ao seu lado novamente. Bela – ele pega em minha mão e não consigo recuar – preciso que me deixe te ajudar.

- Como vai me ajudar, se não me conta nada do que preciso saber? – o indago.

Antes que ele pudesse dizer qualquer palavra, uma explosão nos surpreende, nos fazendo ficar desnorteados com tamanho barulho, até mesmo a garrafa que estava em sua mão vira cacos com o susto. Quando me dou conta de que veio do meu carro, sem demora, corro até ele procurando por Alyssa.

- Aly! Aly! – começo a gritar, com medo do pior, vendo o carro em chamas. 

- Ela está aqui! – Noah grita para mim quando a encontra no chão a alguns metros do que foi um dia meu carro. Quando chego até ela vejo alguns ferimentos em seu braço e em seu rosto, mas ela está consciente.

- Tinha uma bomba em seu carro Bela – ela diz quando chego - a vi, uns segundos antes.

- Vou ligar para o socorro – digo a ela.

- Eu estou bem! – ignoro sua fala e continuo a ligação. Depois que desligo, vejo o semblante de Noah preocupado.

- Quem está atrás de mim Noah? – por fim pergunto sedenta por uma resposta.

- Quando me deixar te proteger, eu te contarei, contarei tudo – ele contesta em seguida.

- Chega de teimosia Bela – Aly responde sem perder o bom humor. E a única opção que me resta é aceitar e assentir com a cabeça. 

Logo vemos o socorro chegando. E me dou conta de que nunca antes, havia sido perseguida dessa forma. Uma tentativa de atropelamento e uma bomba em meu carro. Nunca tive um traço de medo de nenhuma ameaça, até então! 

A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|Onde histórias criam vida. Descubra agora