Capítulo 22

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- Eu sinto muito! - Heitor me dizia com as lágrimas cobrindo o seu rosto, sua camisa e mãos com sangue, na porta de minha casa.

- O que aconteceu Heitor? Cadê minha irmã? - eu comecei a me alterar, minha preocupação já havia tomado conta, meu coração cada segundo mais acelerava, era como se eu já nem soubesse como respirar.

- Eu tentei Bela. Eu juro que tentei. Mas ela não resistiu - ele disse e meu chão se abriu. Eu não conseguia processar suas palavras, eu não conseguia acreditar, era uma piada, só podia ser.

- Eu preciso ver ela - passei a dizer tentando sair, mas Heitor me segurou.

- Não pode Bela. Você precisa me ajudar - ele pediu.

- Me solte! Quero minha irmã Heitor. Que droga que aconteceu? Por que você está com sangue? - minha voz já começou a falhar em meio ao pranto.

- É complicado. Havia uns caras atrás de meu pai, e queriam se vingar usando a mim, mas... - ele pausou como se ele também não conseguisse acreditar no que acabara de acontecer - mas, ela se jogou em minha frente!

- Ela, ela está morta? Isso, isso é verdade? - comecei a gaguejar e só via Heitor confirmar - NÃO!! - passei a gritar em prantos - NÃO HEITOR!! ISSO É TUDO CULPA SUA - batia em seu peito com a pouca força que me restava - CULPA SUA!! - repetia cada vez mais em prantos, estava ficando com a respiração pesada, coração acelerado, angústia, remorso, raiva, tudo estava dentro de mim.

- Ei, ei - escutei alguém dizer calmamente segurando minha mão. Ao abrir meus olhos, vi Noah sentado a minha frente - Acho que estava tendo um pesadelo.

- Estava sim - falei ainda um pouco atordoada. Mas, o que estava sonhando não era simples imaginação. A cena do dia da suposta morte de minha irmã, não parava de se repetir. E pelo visto, passou a tomar conta em meu sono também.

- Vou pegar um copo d'água para você. Ainda parece um pouco agoniada - Noah disse se levantando, porém segurei sua mão antes de pudesse dar um passo.

- Não. Eu estou bem - disse olhando fixamente em seus olhos - minha irmã, está lá em baixo?

- Não. Ela... - ele começou a dizer, mas algo o travou - vocês, ainda terão tempo uma para a outra, não se preocupe.

- Noah, cadê minha irmã? - perguntei começando a ficar aflita novamente.

- Ela teve que ir! - ele respondeu e se sentou a minha frente novamente - Ela, precisa resolver umas coisas.

- Noah, que droga está acontecendo? Isso ainda tem a ver com seu pai? - perguntei a ele desejando respostas novamente, sabendo que me decepcionaria, mas era necessário tentar.

- Vai começar a me culpar novamente Parker? - Noah disse se levantando em seguida - Eu não sou um criminoso, mas parece que você só quer me ver como um. Como o culpado por tudo isso - sua expressão de preocupação, passou a ser de desapontamento e ele não estava errado em se sentir assim.

- Minha vida mudou demais depois desse fingimento todo de vocês. É difícil não ficar lembrando de tudo que aconteceu, de como me senti e de você sabendo tudo isso e continuar ali, vendo como eu estava e não falar nada - desabafei o que precisava antes que tudo aquilo me consumisse. Eu queria lutar para não culpar Noah por tudo, mas a verdade, é que era algo difícil de conseguir.

- Foi difícil para mim, ok? Sei que você só consegue ver o seu lado. Sei que sempre quer estar certa e nunca dará o braço a torcer. Eu sei! - ele passou a esbravejar - mas só irei falar mais uma coisa: Se eu não tivesse feito o que fiz, você não estaria aqui me condenando como criminoso!

Depois de sua última palavra, o silêncio tomou conta. Sua expressão mudou completamente, e eu não conseguia raciocinar nada, muito menos colocar meus pensamentos em ordem. Então, eu continuei ali, sem deixar uma palavra se quer sair de minha boca, enquanto o via com remorso e mágoa em seu semblante, saindo do quarto em que estava.

A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|Onde histórias criam vida. Descubra agora