Capítulo 40

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- Noah, eu não consigo acreditar em tudo isso! É absurdo, é algo totalmente... – eu não conseguia encontrar as palavras certas para expressar o quanto chocada estava com tudo isso.

- Eu sei! Eu sei. Esse é o pai que o orfanato encontrou para mim. Acredite, preferia mil vezes ter continuado por lá - Noah dizia cabisbaixo. Ver ele daquela forma, fazia meu peito apertar cada vez mais, era como se já não houvesse mais espaço para meu coração.

- Noah – coloquei minha mão sobre a sua – se não fosse assim, eu não teria tido a chance de te conhecer – por fim conclui.

- E não estaria em risco agora Bela – ele rebatia – Eu tenho tanto medo. Não consigo confiar nele. Não consigo acreditar em nenhuma palavra dele. E depois... – ele não conseguia continuar, estava tão aflito.

- Noah – eu passei a suplicar – olha para mim – ele cedeu, com seus olhos já vermelhos e sua cicatriz parecia ressaltar com sua pele tão pálida que estava – vamos conseguir sair dessa, juntos.

- Como? – ele questionava, como se já não visse mais solução.

- Termine de me contar tudo que houve e então vamos encontrar uma maneira – respondi.

- Tudo bem...

Depois que se passou alguns anos, quando estávamos já planejando para qual universidade iriamos, as coisas passaram a ser mais claras, sobre o que ele queria de mim. Já éramos bem amigos em aquele momento. E então, um dia que saímos, quando voltei, Aguirre estava me esperando.

- Olá filho – ele passava a dizer – como foi sua tarde?

- Normal – respondi sem querer muita conversa. Já era bem ciente de tudo que ele fazia. E ele sabia que não queria entrar para esse mundo, ele já sabia que eu não estava de acordo com nada do que ele fazia. Isso certamente o irritava.

- Precisamos conversar – ele dizia e então cedi, sentando na sala junto dele – Saiu com Isabella Parker, não é verdade?

- E isso interessa? – eu rebati no mesmo instante.

- Muito. Duvido muito que tenha se esquecido da primeira vez que falou com ela. Duvido que se esqueceu do momento em que descobriu sua primeira paixão, ou melhor, da única, até o momento – Aguirre respondeu.

- O que o Senhor quer com ela? – questionei com meu estômago começando a virar do avesso.

- Uma rosa por uma vida! – ele passava a dizer – chegou o momento do pagamento meu filho.

- Aguirre, primeiro, eu não sou seu filho. E segundo, pode ser mais claro? – resolvi perguntar com o coração na mão. Sabia que ele sempre foi capaz do pior, e isso era o meu maior medo.

- Quero a vida dela! Está claro o suficiente? – ele dizia, e minha cabeça girava. Não era possível o que eu escutava. Eu não conseguia aceitar.

- Você quer matá-la? – perguntei por fim.

- Não! O que eu ganharia com isso? Eu quero que você faça isso! Assim, criarei o filho que poderá comandar os meus negócios – ele explicava.

- NÃO! Você enlouqueceu de vez? Jamais faria isso. Isso é ... Meu Deus, não!!! – eu não conseguia mais expressar o que estava dentro de mim. Me levantei e ficava andando de um lado a outro, não conseguia colocar a cabeça no lugar. Era um pesadelo, o que ele me dizia.

- Heitor! Vou te dar outra opção. Poderá escraviza-la para a nossa vida. Até seria melhor, preciso de mais pessoas trabalhando para mim. E, mostro que dou um voto de confiança a você. Mas é isso. Você pegou algo que era meu, e eu quero que isso seja pago. Eu quero a vida dela Heitor – ele falava.

- Em aquele momento, quando eu tinha oito anos, você me dizia que o pagamento era uma vida. A minha você já tem. Posso ... – eu não acreditava no que ia dizer, mas era a única ideia absurda que vinha a minha mente – posso lhe pagar com outra vida? – perguntei por fim. Ele se recostava em sua poltrona, como se estivesse pensando em tudo para conseguir chegar a uma conclusão. Aqueles poucos segundos, foram aterrorizantes.

- Heitor, você a ama mesmo não é? – ele perguntou e eu não conseguia dizer, se quer uma palavra – Vou te repassar suas opções. A vida de Isabella, aceito mesmo que seja para trabalhar a mim, mas, até o fim da vida dela sem volta. E se desejar, pagar com outra vida, deverá ser alguém próximo a Isabella e deverá realmente ser a vida dela. Lhe dou alguns dias para me informar sua decisão. – ele expressou e por fim se levantou, se posicionando em minha frente – Só vamos deixar bem claro meu filho: A rosa tem um significado muito especial para mim, deveria ter me pedido antes de simplesmente pegá-la. Se você não fizer nada, eu farei. – ele concluiu e então se retirou.

Alguns dias se passaram e minha mente girava a todo instante, eu não sabia o que fazer, não sabia o que pensar. Sabia que se deixasse para lá, Aguirre não deixaria quieto e certamente pelas mãos dele seria muito pior.

Então, um certo dia você me convidou para uma festa e sua irmã estava junto nesse momento. Lembro que começamos a conversar enquanto dançávamos e ela percebeu que eu não estava nada legal. E então me convidou para irmos para fora, conversar um pouco sem todo o barulho que estava lá dentro. Lembro-me de enquanto caminhava em direção a porta, eu via o seu olhar fixo em mim, e sentia que estava desapontada. Isso, me doeu muito.

- Então Heitor, me conte por que está tão para baixo, em uma incrível festa dessas? – Miriella dizia ironicamente.

- Como eu já disse, não tenho o que dizer. Não é nada – respondi passando a mão em meu cabelo, querendo que isso a convencesse. Mas, sabemos que Miriella é bem insistente.

- É a Bela, não é? – ela questiona sem rodeios e meu olhar estala – sei que você a ama Heitor. Você nunca escondeu isso de ninguém. E se tentou, me desculpe dizer, mas falhou e muito – ela falava enquanto soltava uma leve risada.

- Mas... – eu não sabia certo o que dizer – mas, eu não posso mais amá-la.

- Isso, eu tenho que concordar – ela rebateu me deixando completamente confuso – Heitor, enquanto eu não tinha certezas sobre minha irmã, eu não estava nem ai com isso. Porém, ao perceber que ela também o ama, bem mais que amigo, isso começou a me preocupar – ela esperava que eu dissesse algo, mas estava completamente perdido no que ela falava.

- Como assim? – resolvi perguntar.

- Não quero que me entenda mal Heitor. Mas, meu pai e eu nos preocupamos com o fato do seu pai ... – ela procurava as palavras.

- Não ser boa coisa – conclui por ela.

- Isso. Já perdemos nossa mãe, não queremos perder Bela também Heitor. E sabemos que poderá se distanciar, sabemos que você não tem nada a ver com ele. Mas, nosso pai quer pelo menos um tempo para ver como tudo irá acontecer. E por isso estou falando contigo, sei que minha irmã tem intenções de expressar a você o que sente e bom, gostaríamos que pensasse no que é melhor para ela. – Miriella se explicou e então uma pontada de vontade de contar tudo surgiu em mim. 

A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|Onde histórias criam vida. Descubra agora