- Precisamos ir ao hospital – Noah fala depois que alcanço um copo de água para Alyssa que continuava em prantos.
- Não adianta! Ele está em cirurgia no momento – ela consegue dizer entre as lágrimas que caiam em seu rosto.
- Ficou sabendo em que momento Aly? – pergunto a ela.
- Assim que saímos do trabalho fui à casa dele, e o encontrei caído no chão com vários ferimentos, sua roupa com sangue, e a sua avó... – ela não conseguia dizer nem sequer uma palavra a mais.
- Isso é tudo culpa sua! Todos esses crimes acontecendo, sumiço de Turner, tudo – esbravejei com Noah, não aguentando mais o que estava entalado em minha garganta.
- O que? – ele perguntou perplexo – acha mesmo que eu queria isso Bela?
- NÃO ME CHAME ASSIM – gritei – nunca mais!
- Isso não é momento – Aly solta expressando grande tristeza, pelo ocorrido com Jullian, e por sua amiga estar entrando em um colapso de nervos sem levar em conta o que ela estava passando.
Por incrível que pareça, em questão de horas, Aly já sentia algo por Jullian. Algo que não estava ao meu alcance de entender. Algo que a havia deixado completamente sem rumo ao pensar na possibilidade de o perder. Sempre soube que Alyssa se apaixonava fácil por qualquer cara que surgisse em sua vida. Mas já se passava alguns meses que isso não acontecia. E por mais que eu tivesse minhas dúvidas quanto a Jullian, a nossa amizade era o que mais importava, e ela precisava disso agora.
- Aly! Ele vai resistir, você vai ver – digo por fim ao me sentar ao seu lado e ao puxá-la para um abraço. Noah continua a nossa frente, parado, intacto, uma completa rocha sem brecha para se saber o que está se passando em sua mente.
As horas até a cirurgia de Jullian acabar, foram torturantes. Alguns minutos antes, chegamos ao hospital e não havia mais ninguém esperando notícias dele. Era apenas ele e sua avó por muito tempo, e Noah de amigo. E agora, só tinha nós três.
Em seguida, o médico aparece para nossa surpresa, e as notícias dentro do possível, eram boas. Nos contou que ele havia fraturado uma costela e que um de seus órgãos havia sido lecionado. Porém, o processo cirúrgico havia sido um sucesso, e agora, devíamos esperar pela boa recuperação de Jullian, e as chances eram grandes de ele ficar bem novamente. Era tudo questão de tempo!
Por fim, vi novamente um pequeno sorriso no rosto de Aly, e aquilo era o que mais importava para mim. Seja quem for, se for para a felicidade dela, eu apoiaria. Ela decidiu ir para casa, mesmo que eu a insistisse para ficar em meu apartamento o resto da noite, porém, ela queria o seu canto e estava ansiosa para que o dia seguinte chegasse e ela o pudesse ver. Mas, me dei conta de que voltaria ao meu apartamento com o Noah, o último cara em que estava querendo ver em aquele momento.
- Vai fazer greve de silêncio? – ele corta meus pensamentos por fim, ao entrarmos em meu apartamento – Você precisa falar alguma coisa, precisamos conversar.
- Não Noah! Não precisamos. Por sinal, nem ficar aqui, você precisa mais. Espero que amanhã quando eu voltar do trabalho, você não esteja mais aqui! Eu não preciso de você – disse, indo em direção ao meu quarto, até sentir que sua mão segurava meu braço e me impedia de dar mais um passo. Depois de olhar para sua mão desvio meu olhar para os seus olhos e algo em aquele instante me indagou, algo me paralisou e eu não sabia nem chegar perto de descrever o que foi.
- Por que está agindo dessa forma comigo? – ele questionou e em esse momento sai de como poderia dizer, de algo parecido com um certo transe.
- Você ainda pergunta? Você já percebeu quantas tragédias está acontecendo por sua causa? Jullian está como está, por que veio até aqui te defender! Perdeu sua avó por isso – expressei.
- E isso não te prova que estão querendo cada vez mais me incriminar? – ele retruca.
- Prova Noah! Mas, raciocina comigo. Mataram Paul, para te incriminar, tentaram me matar, ao tentar descobrir a verdade, e agora, tentaram matar Jullian por te defender. Quantas pessoas você vai deixar se machucar por você Noah? Quantas pessoas irão pagar pelos seus segredos? – e novamente um silencio tomou conta do ambiente, sentia que Noah estava sem saber argumentar. Mas, não esperava a sua personalidade mudar novamente tão drasticamente.
- Pare de me acusar! Pare de me pintar como criminoso! Eu não sou – seu olhar já não era mais o mesmo, sua afeição já não era a que eu conhecia, ou achava que conhecia. Ele se virou e começou a bater na mesa, jogou o vaso de flores que havia, no chão, eu não sabia o que estava se passando dentro dele – EU NÃO SOU PARKER! NÃO SOU UM ASSASSINO, SOU APENAS UM CARA AMALDIÇOADO – seu tom de voz depois disso diminuiu novamente – sou apenas um cara amaldiçoado a machucar a muitos. A machucar você!
- Como assim? – foi a única pergunta que foi capaz de sair de minha boca em aquele momento.
Mas, em vez de ter uma resposta, apenas o vi ir em direção a porta e direcionar seu olhar ao meu, o seu olhar que em este instante, era de arrependimento, de desapontamento, de angustia. Foi esse olhar que vi antes de sair de meu apartamento. E eu ali, simplesmente uma estátua sem nem conseguir o impedir,sem nem conseguir escutar um simples "adeus".
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A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|
ActionIsabella Parker sabe realizar bem o seu trabalho. Encarada como frágil mulher, já foi capaz de colocar criminosos perigosos atrás das grades. Esquece de sua vida pessoal para se dedicar ao máximo em sua profissão. E o que era para ser apenas mais um...