Capítulo 26

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Depois de cobrirem meus olhos, dirigiram por cerca de meia hora. O que conversavam me deixava cada vez com mais incógnitas em meus pensamentos. Diziam que deveriam se livrar logo de mim e em seguida, que precisavam de mim. Eu não tinha ideia do que me aguardava.

- Chegamos lindinha - Turner disse quando paramos me tirando do carro.

- Será que posso enxergar agora? - rebati, curiosa em saber para onde haviam me levado.

- Claro - tirou a venda em seguida - ficará hospedada aqui até decidirmos se você é ou não útil para nós! - concluiu.

Passei a olhar em minha volta, mas a única coisa que havia era um barracão velho e abandonado. Mais homens saíam de dentro e logo avisto minha irmã também.

- MIRIELLA! - exclamei ao vê-la me debatendo para escapar dos braços de um dos capangas de Turner, mas sem sucesso.

- Ei! - Turner disse se voltando para mim - se acalme lindinha, ela está conosco, não irá te ajudar.

Suas palavras eram como lanças entrando em meu peito. Fiquei paralisada, impactada, sem reação, sem conseguir raciocinar, sem fala. "Não é possível", é o único pensamento que estava chegando aos poucos. Cada passo que me faziam dar, eu nem se quer sentia. Somente ao entrar no barracão que me dei conta que estava andando. Logo me amarraram em um cadeira e ali fiquei em silêncio, sem força pra lutar, sem motivo para querer fugir. Em seguida o espaço estava praticamente vazio apenas com um capanga na porta observando.

- Eu fico com ela - minha irmã disse ao entrar e ele saiu.

Ela pegou um copo d'água e um prato com comida que havia na mesa e trouxe até mim, ficando em minha frente.

- Como você pôde? - perguntei com pouca voz que me restava, pois a fraqueza já me consumia.

- Era necessário - ela respondeu e em seguida tentou colocar o copo em minha boca, mas esquivei meu rosto - você precisa de água!

- E você precisa recobrar sua sanidade - rebati olhando fixamente para ela a qual via que não conseguia olhar diretamente em meus olhos.

- Parker, não dificulte as coisas. Somente façam o que te pedem, ok? - ela respondeu se erguendo, deixando a comida e a água no chão e partindo.

Não conseguia entender que motivos ela tinha para estar com Turner. Desde o instante que Noah apareceu, desde o momento que descobri que minha irmã estava viva, nada mais se encaixava, nada mais fazia sentido algum, nada mais era compreensível.

- Aposto que já estava começando a sentir saudade de mim - Turner entrou dizendo.

- O que fez com minha irmã para ela estar te apoiando? - perguntei sem rodeio, com meu sangue fervendo por dentro. Nunca consegui engolir Turner em meu trabalho, agora muito menos o suporto.

- Ah Bela, há tanta coisa que você ainda não faz nem ideia. Isso envolve sua irmã, Noah, até mesmo seu pai - cada palavra de Turner era impossível aceitar - você sempre foi uma detetive tão fraca. Sempre tão inocente, querendo salvar o mundo, querendo só o bem. Sinto muito lindinha, mas não é assim que as coisas funcionam. Sua irmã estava apenas fazendo um teatrinho de boa moça perto de você, e Noah também não está muito longe. Ele ainda receia um pouco, não posso negar que esse tal sentimento de paixão atrapalha, mas, ele sabe realmente o que tem que ser feito...

- Você está blefando! - soltei o interrompendo.

- É compreensível você ter motivos para não confiar em mim Bela. Mas, deixa eu te fazer apenas uma simples pergunta - ele então se aproximou mais e se abaixou ficando com seu rosto frente ao meu - Que motivos Noah lhe deu para acreditar na versão que ele conta? Ou melhor, que ele conta por cima, vagamente?

A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|Onde histórias criam vida. Descubra agora