A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|

Capítulo 38

Quando me dei conta, estava apenas Noah e eu, e claro, os capangas de Aguirre na sala. Acabei tão concentrada em meus pensamentos, que nem vi o momento em que ele se retirou.

- Onde ele foi? – resolvi perguntar a Noah que pelo que podia notar, também estava perdido em seus pensamentos.

- Atender uma ligação – Noah respondeu com sua voz cabisbaixa – eu não acredito que confiei em você – ele continuou e em aquele momento senti um aperto em meu peito – por que fez isso Bela? Por que tinha que vir aqui? 

- Eu... – em aquele momento eu já não sabia mais o que pensar, mas Noah estava certo, foi a pior ideia e agora já não tinha mais volta – eu não sei. Me desculpe - foram as únicas palavras que saiu de minha boca. 

- Sabe que, eu já não posso mais fazer nada por ti, não é? – ele falou em seguida.

- Olha Noah, vou ser sincera com você, em nenhum momento eu pedi que fizesse algo por mim. Você apenas fica ai dizendo que precisava me proteger, que tudo sempre foi para me salvar, mas em nenhum momento me explicou o porquê. A verdade é que, pela primeira vez na vida, eu não sei com o que estou lidando, mas algo é certo, eu não pedi nada a você! – acabei expressando com uma pitada de arrependimento ao dizer a última palavra, mas eu precisa falar o que estava dentro de mim.

- Bela, por passar a minha vida inteira, praticamente, tentando tudo que podia para te salvar dele, eu me tornei o inimigo número um de Aguirre. E eu prometi a mim mesmo, que até o meu último suspiro, eu iria te proteger. E quando digo que não posso fazer mais nada, é por que ao chegar aqui, a qualquer momento, eu já não poderei fazer nada por ti, e nem mesmo por mim Bela. – ele por fim disse, me fazendo perceber a realidade em resultado trazendo uma sensação horrível.

- Está dizendo, que eu acabei de dar sua sentença de morte? É isso Noah? – resolvi perguntar, não querendo muito saber a resposta. E por fim, recebi apenas um gesto confirmando que sim. – Então, por que veio atrás de mim?

- Por que ele não mudou Bela – Aguirre chega novamente na sala – ele continua o mesmo. Pelo mesmo motivo que ele levou a você uma rosa, quando ele tinha o que? Oito anos? Isso. Como um garoto pode com oito anos se apaixonar de uma forma que passa a se tornar tão burro, a ponto de perder completamente o medo pelo que pode acontecer com ele? – ele novamente se divertia com a situação, dando uma leve risada ao terminar de falar.

- E como você pode ser um pai tão horrível? Você fez o que, o ameaçou desde seus oito anos? Que tipo de pai faz algo...

- Eu não o ameacei – Aguirre me interrompeu – eu o estava educando, o ensinando. Foi longe de ser uma ameaça.

- O ensinando a ser como você? – questionei.

- E qual é o objetivo de um pai? Educar o filho para que seja melhor que ele. Isso, foi o que eu sempre quis para Noah, que ele fosse melhor que eu. Pois sei que acabei deixando alguns rastros por ai, e eu queria ensinar Noah a ser imbatível, invencível. Queria que ele me desse orgulho. – ele concluiu por fim.

- Você é louco! – esbravejei, com meu sangue por dentro começando a ferver, com nojo de tudo que Aguirre era capaz de dizer.

- Um louco, que você nunca conseguiu alcançar detetive Parker. Eu deveria ganhar algum ponto por isso. Pois, confesso, e admito, que você não é tão ruim em sua profissão. Nem sempre foi fácil me esquivar de você. – ele dizia feliz, como se fosse uma vitória para ele.

- Eu ainda não desisti disso - resolvi dizer, com meus olhos fixos nele.

- Pois deveria minha cara. Você não tem mais escape, nem mesmo poderá mais contar com a proteção de seu amigo. Dessa vez não deixarei brecha, pois eu mesmo me responsabilizarei por isso – Aguirre disse e senti Noah levantar sua cabeça, olhando fixo para ele.

- O que está querendo dizer? – perguntei mais uma vez com o medo dominando por dentro, do que podia vir pela frente.

- Não seja ansiosa detetive Parker. Você irá ver! – ele falou e em aquele momento encontrei os olhos de Noah, e a culpa, o medo, o arrependimento, começaram a tomar conta de mim. Eu nem sabia que muita coisa ainda ia acontecer, que estava apenas no início.