- Isso não faz sentido nenhum. Por que minha irmã não te contaria o que houve, o que ela fez? – passei a questionar, sempre sedenta por respostas.
- Eu realmente não sei Bela. Eu tentei muitas vezes perguntar, mas ela sempre desviou o assunto, sempre disse que não importava. E como eu estava sempre muito preocupado em lhe manter a salvo, eu acabei deixando esse assunto para lá. Seja lá o que ela fez, não tem como voltar a trás – ele dizia desapontado – e agora, bem, ele tem a você e a mim também.
- Nós temos que resolver isso. Temos que te tirar daqui, fazer algo – eu falava angustiada em pensar no que poderia acontecer a frente.
- Acha mesmo que vou deixar você aqui sozinha? A única forma de isso acontecer, será quando o pior chegar. Caso contrário Bela, não arredo o pé daqui. Não seria capaz de te abandonar com ele – ele dizia decidido. Era perceptível em seu tom de voz, que não resolveria nada tentar convencê-lo do contrário.
- Noah, você precisa parar de se sacrificar por mim – eu respondi e então vi seu pai chegar novamente.
- O jantar não agradou vocês? Vejo que mal tocaram na comida – Aguirre dizia com seu tom irônico. E certamente isso me embrulhava ainda mais o estomago.
- Aguirre, o que posso lhe oferecer em troca de Noah? – questionei sem pensar duas vezes e senti o olhar de Noah sobre mim e a surpresa de Aguirre.
- O que quer dizer detetive Parker? – ele perguntava.
- Exatamente o que parece. Quero estar segura de que Noah ficará bem, e lhe dou o que me pedires! – respondi confiante, sentindo mais uma vez o desapontamento de Noah. Mas, eu precisava fazer algo.
Esse é o meu trabalho. Proteger pessoas, colocar criminosos atrás das grades, fazer justiça. Quem eu seria se não tentasse salvar Noah?
- Podemos quem sabe, chegar a um acordo – Aguirre me respondia pensativo.
- Diga sua proposta – retruquei em seguida.
- Posso dar minha palavra de que Noah continuará a salvo, sob uma condição – ele expressou e os meus piores medos surgiram. O nervosismo tomava conta de mim, e eu tentava de todas as formas possíveis disfarça-lo.
- Diga-me sem rodeios – respondi escondendo o medo que sentia.
- Noah será o novo alvo da polícia. Ele é meu filho, ele assumirá o meu papel. Tudo o que eu realizar, cairá nas mãos dele. Você deverá colocar ele como o principal procurado. Se pegarem ele ou não, isso estará em suas mãos. E manter ele a salvo, estará nas minhas. Essa é minha única proposta, ele a salvo e eu fora do radar! – ele explicou sua condição por fim. E não era das piores, eu poderia muito bem lidar com isso, até achar uma solução para tudo. Até mesmo me veio uma dúvida se seria só isso mesmo. Mas a princípio, era o único meio que me apareceu.
- Certo. Eu aceito sua condição, mas terá que me dar sua palavra. – expressei em seguida.
- Sim detetive Parker, lhe dou minha palavra. E Noah sabe muito bem, que nunca falho com respeito aos acordos que aceito. Sendo assim, meu filho será aceito aqui sempre que quiser detetive Parker, será sempre como um convidado. Mas, para deixarmos as coisas bem claras entre nós, apenas um recado: não tente nenhuma gracinha detetive, pois sabe muito bem que tenho toda a sua família em minhas mãos – Aguirre disse e se virava para se retirar.
- O que você quis dizer com isso? – me levantei – Onde está minha irmã? – comecei a esbravejar e Noah colocava sua mão sobre a minha.
Aguirre não foi capaz de dizer se quer uma palavra, apenas virou seu rosto, soltou o seu pior sorriso e se retirou. Me deixando ali, plantada, gritando, querendo saber o que havia acontecido com minha irmã. Se ele a havia encontrado, ou se apenas estava me ameaçando, eu queria respostas. Noah me abraçava enquanto eu gritava, esbravejava, chorava e me rendia por fim, em seus braços.
- Sua irmã deve estar bem Bela. Ela deve estar com Alyssa, fique calma – Noah tentava me acalmar, mas algo em mim duvidava disso. Eu precisava ter certeza e isso era algo que não tinha.
Já bastava meu pai em suas mãos, o qual eu não tinha nem mesmo notícias de como está. E agora minha irmã, eu não conseguia lidar com isso.
- Precisamos entrar em contato com Aly – eu dizia em um tom de voz quase inaudível.
- Eu posso ir até a casa dela – Noah por fim respondeu – já que será minha última noite livre do radar dos policiais.
- Eu agradeço muito se fizer isso Noah. Preciso saber onde está minha irmã, preciso saber que ela está bem – eu respondia quase em prantos novamente por pensar o pior.
- Sim Bela. Eu irei. Mas, assim que você estiver mais calma, não posso te deixar em este estado, tudo bem? – a voz de Noah era como um porto seguro para mim.
A única coisa que fui capaz de fazer depois de escutá-lo, foi balançar a cabeça em sinal de confirmação. E em seguida, cedi as lágrimas enquanto seu abraço me sustentava. Eu sabia que precisava me recobrar, sabia que precisava manter a calma, mas também precisava de um minuto para desabar. Só assim conseguiria me recompor novamente. E foi exatamente o que fiz no próximo minuto, deixei minhas emoções tomarem conta.
Assim que consegui segurar as lágrimas, disse à Noah que estava melhor e que ele poderia ir. Pois, realmente precisava muito de notícias para aliviar a angustia que estava tomando conta. Em seguida Noah se retirou, e cada segundo de espera, era uma tortura.
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A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|
ActionIsabella Parker sabe realizar bem o seu trabalho. Encarada como frágil mulher, já foi capaz de colocar criminosos perigosos atrás das grades. Esquece de sua vida pessoal para se dedicar ao máximo em sua profissão. E o que era para ser apenas mais um...