A Fera e a Quase Bela |LIVRO 1|

Capítulo 43

   A noite demorou muito para passar. Não consegui nem sequer dormir. O medo continuava tomando conta de mim. Toda a informação que Noah havia me dito. Como meu pai estava, se minha irmã estava bem. Se Aly e Jullian estavam bem. Tudo girava em minha cabeça, fazendo latejar como nunca antes.

E agora estava a caminho do trabalho, com todas as instruções de Aguirre em minha cabeça. Um passo em falso e sei do que ele é capaz de fazer. Estou livre e completamente aprisionada no mesmo instante.

Ao estacionar o carro, me surpreendo com alguém em minha janela logo em seguida.

- Oi Noah – disse ao descer do carro e vê-lo a minha frente. Seu semblante me assustou por dentro, era evidente que não tinha boas notícias, era notável sua aflição.

- Oi Bela. Desculpe, mas – suas palavras eram como apunhaladas em meu peito – eu, não consegui encontrar sua irmã!

- O que?! – exclamei me escorando no carro como suporte, pois sentia minha cabeça latejar mais.

- Eu cheguei a seu apartamento e encontrei Aly dizendo que tentou fazer de tudo para convencer a sua irmã a ficar, mas ela estava decidida a ir atrás de você e desde então, não houve mais notícias – Noah expressou.

- Ela, ela deve estar bem – eu tentava convencer a mim mesma, mas sentia a agonia em meu peito apertar mais e mais.

- Bela! – escutei a voz de Aly, e ao erguer minha cabeça a vi chegando em minha direção, me envolvendo em um abraço em seguida.

- Eu estou bem – respondi com uma voz cabisbaixa.

- Por que fez isso? Por que foi até ele? Você, ai Bela... – ela já não sabia mais o que dizer.

- Várias perguntas, que sinceramente não tenho respostas. Jullian está bem? – perguntei por fim.

- Está sim. Só não temos notícias de sua irmã – ela disse e seu semblante mudou.

- Noah me disse. Temos que encontrá-la, temos que achar uma solução para tudo isso – respondi.

- E vamos achar Bela – Noah expressou positivo, e eu certamente queria acreditar nisso.

- Acho melhor você sair daqui Noah. Sabemos que Turner continua por ai, e a qualquer momento pode te ver. É melhor você ir – pedi a ele, porém meu coração queria que ele não saísse de meu lado. Ele corria risco, tanto quanto eu em essa história toda.

Depois de que Noah se retirou, Alyssa e eu fomos a caminho de nossas mesas. Era estranho ter que fingir para todos. Era estranho não pode contar ao capitão, tudo que estava acontecendo, que eu havia encontrado quem sempre procuramos. Era tudo estranho.

Logo Turner chega a sua mesa também. Seu olhar em mim, me incomoda um tanto insuportável. Decido me concentrar em meu trabalho, o que é praticamente impossível, porém me esforço para desfocar minha atenção de Turner. Em seguida, Capitão Hoffman, chega até mim.

- Tenho um caso para vocês – ele passou a dizer, com toda a gentileza de sempre, jogando uma pasta em minha mesa – Parece que Aguirre está agindo mais uma vez, preciso de vocês em este caso. E dessa vez, sem falhas! – concluiu e por fim se retirou.

- Sim Capitão – Aly disse com tom irônico ao meu lado – O que iremos fazer? Tenho certeza, que... – ela queria dizer algo, mas sabia que alguém poderia escutá-la.

- Bem, conforme o relatório, temos um cenário, precisamos ir até lá investigar. Devemos começar por ai – disse a Aly, que prontamente pegou as chaves e nos dirigimos ao local.

Durante o caminho, pude explicar por cima tudo que havia acontecido na casa de Aguirre e toda a história por trás da tal proteção que Noah sempre quis me oferecer. Alyssa mal sabia o que responder com respeito a toda informação que lhe passei. Era como se tudo fosse uma completa história de filme, totalmente impossível de acontecer.

- Agora as coisas se encaixam! – ela expressou – Mas e, o que iremos fazer? Tem alguma ideia? Qualquer coisa? – questionou por fim aflita.

Alyssa era minha amiga de anos, e sabia perfeitamente que estava envolvida nisso também. Além disso, sabia o quanto Jullian estava envolvido. Ele certamente não estava completamente fora de perigo ainda. E isso a preocupava.

- Comecei a pensar em algo agora, antes de sairmos – passei a dizer, pegando meu celular na bolsa.

- Chegamos Bela – Aly diz estacionando o carro, em frente ao local que constava no relatório de Capitão.

- Certo. Mas antes... – disse até que fui interrompida pelo meu celular em mãos que tocava – Olá – atendi.

- Oi Bela! Aqui é Phillip, estou ligando de outro número, pois, estou com certos problemas – Phillip, meu antigo amigo, tanto de Noah também, passava a dizer do outro lado da linha.

- O que houve? – perguntei, porém sem cabeça para qualquer outro problema.

- Eu preciso de algum conselho, ou que me diga o que devo fazer. Estou sendo acusado de algo e já faz dias que estou escondido, mas sei que não posso passar minha vida inteira assim e não tenho como pagar um advogado e, Bela, você é a única que me veio à mente que pode me ajudar – ele explicou por fim.

- Phillip, você realmente é inocente? – perguntei e logo me arrependi, pois sabia muito bem quem é Phillip.

- Claro que sim Parker! – ele esbravejou e com razão.

- Desculpe Phil! Estou com a cabeça cheia no momento. Mas, preciso que me explique melhor. Há alguma testemunha de sua inocência, o que foi que houve realmente? – questionei.

- Na verdade não posso entrar muito em detalhes. Porém, há uma garota, ela é a única que sabe que sou inocente – Phillip disse.

- Isso é ótimo. E ela não poderá testemunhar ao seu favor? – perguntei.

- Talvez futuramente, pois no momento, há um pequeno problema – ele expressou.

- E qual é? – perguntei em seguida, curiosa, querendo encerrar logo o assunto, pois havia outras coisas em que precisava me concentrar.

- No momento ela está em coma – ele responde por fim.

- Que situação. Phillip, no momento estou em meu trabalho e preciso resolver algumas coisas. Seria necessário nos encontrarmos para que eu possa entender toda a história e quem sabe lhe ajudar em algo. O que me diz, em meu apartamento, amanhã à noite? – disse a ele.

- Ok Bela. Desculpa incomodá-la. Me encaminhe seu endereço e nos vemos amanhã – Phillip respondeu e em seguida desligou.

- O que houve? – Alyssa perguntava ao meu lado, curiosa como sempre.

- Um amigo precisando de ajuda. Agora, preciso fazer uma ligação antes de descermos – disse a ela e então liguei a Ollie.

- Bela? – ele atendeu logo.

- Sim. Oliver, preciso de sua ajuda – disse.

- O que?! Oliver? – Alyssa perguntava surpreendida ao meu lado. Depois de fazer sinal para ela ficar em silêncio, expliquei a Oliver o que precisava dele. E ele aceitou ajudar-me, e agora, eu precisava confiar que havia tomado a decisão certa, de pedir ajuda a Oliver. Ele disse diversas vezes que já não estava mais do lado de Turner, e essa seria a hora de ele nos provar o que dizia.