Life Sucker, eu vim das sombras. (Era Cyberpunk)

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Rasguei-vos de forma impiedosa e o grito agonizante já não era mais um incômodo. Uma vida desgraçada de um melancólico e medíocre escritor! E eu tinha um belo futuro, sim, pela frente, até aquele dito cujo me vender. Tive o prazer de destruir meu pai, minha mãe e meu irmão malfeitor da ideia.
Hoje, escrevo com facas meus mais belos poemas; com sangue, misturo o líquido de cor negra, consolidando as sombras e saindo lentamente daqueles corpos inanimados. Minhas marcas além dos poemas são o terno e minha máscara de sorriso sarcástico.

— Sombra? — chamou Thay, acompanhada do Anjo de Ferro e Letras de Sangue.
— Pois não? — ele se virou, tirando a máscara e mostrando os olhos negros e fundos. A pele branca já recebia o tom amarelado de desnutrição, ou dos entorpecentes que andava aplicando em suas veias.
— Mattew foi claro que nos queria no jantar e ganhamos armas bem interessantes. — Completou Anjo de Ferro.
— Não me importam essas armas, sabem bem disso. E qual é a de estarem reunidos? Jurei que era cada um por si após os ensinamentos, Thay.
— Às vezes, preciso ficar com meus filhos. E hoje, preciso mostrá-los uma amiga.

O treinamento era rápido. Os demais olharam com um ar de... "Novata, que maravilha! Tomara que morra cedo", até que um machado se soltou e passou raspando por Sombra e Thay, que desviaram. Letras de Sangue, como muito amigável, quis partir para cima só para testá-la, e esta revidou o soco em sua face com chute na barriga.

— Vai parar ou está difícil? — os dois se recompõem e ela tira sua máscara, mostrando um semblante inexpressivo.

Aquela noite era somente de Sombra, mais conhecido como Life Sucker: impiedoso, formal e poético; um demônio formal. E aquela noite seria o ápice de sua insanidade.
— Nada educado, você! — retrucou a garota em direção à porta.
— Você é bem maior que a garota. Meio injusto! — falou Sombra, quase que pausadamente. Só se ouvia silêncio até a "Noite da Limpeza" começar. Os outros "filhos" de Thay compareceram, saindo e pulando de prédios, e os dez, agora, tornaram-se onze.

A chuva já não era mais água e versos de poema e gritos de raiva podiam ser ouvidos ao longe, bem como gritos de sofrimento ao som de balas e lâminas; todos que estavam naquela — e justamente naquela — festa, estavam marcados para morrer... menos um.

Life Sucker adentrou a janela da residência. Seus sapatos fizeram um sutil barulho. Tirou a adaga de dentro de seu bolso e, então, começou:

"Lembro de ouvir...
ouvir sutis batidas
com gritos e pedidos,
estes pedidos que almejam vida,
humanos perdidos
sem rumo e sem suas vidas.
E hoje, meu amigo, vim buscar
a tua sutil vida."

Aquele grito, assim como os outros, era inaudível. Só a lâmina e o respingo de sangue o faziam sentir-se vivo. O líquido negro sempre consolidava a sombra, pois a sua já havia se perdido há tempos sem explicação.

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