Eu vi

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Eu tinha acabado de deitar para dormir, a noite estava plena e fresca, meus olhos se fecharam lentamente e não durou mais que meia hora.
Ouvi a janela se abrindo brutualmente ao fundo de meu subconsciente que me fez sair do meu sono, meu noivo não deixou eu me levantar, ele mesmo foi lá e fechou com certa dificuldade os gritos e explosões preenchiam o ar.
O céu vermelho sangue pelo brilho da Lua, nuvens densas e lentas, observei tudo isso sentada com o medo tomando conta de cada canto de meu corpo.

— Que merda é essa? — Perguntou estupefato, ao sentar na cama e fazer ela ranger.
— Não faço ideia, amor. — respondi perplexa tentando entender, os gritos me afetam de alguma forma.
Só sabia que era meu noivo, por só morar eu e ele, a escuridão estava densa e parece que acender as luzes não era uma boa ideia.
— Isso é estranho. — Edgar me abraçou e esperamos o que é que aquilo fosse passar.

A lua estava tão próxima e grande assim como seu esplendor sangrento, que parecia que iria se colidir a qualquer instante com a Terra. Resolvi arriscar ir até a cozinha beber água e rezando para não encontrar nenhum despacho, vai que o demônio quer fazer visitinha que nem quando a gente vai ao banheiro (isso não é hora para zoar, cérebro!).
Edgar protetor como é, foi comigo e eu tremia, vi a luz do meu vizinho debaixo se acender e ele sair com um facão em mãos, logo algo o possuiu fazendo ele entrar em sua casa com grunhidos e gritos tomaram o ar.
— Ashley se acalme... — sussurrou. — Shhh... Amor... — Ouvi seu coração disparado e sua mão trêmula sobre sua boca.

Tentei gritar e Edgar tapou minha boca e puxou para o quarto me colocando na cama, sentia seus olhos em mim, eu me deitei e respirei fundo.
Senti meu celular vibrar de baixo do travesseiro, tateei com as mãos procurando e puxando com moleza, ao abri meus olhos era de manhã e vi Edgar na janela olhando para fora e segurando uma xícara de café.
— Bom dia, meu amor. — ele falou com a voz rouca porém, parecia distante.
Me sentei e olhei o horário no display do celular: 9h:30min.
— Bom dia, amor. Ed, você viu o que, eu vi?
— Sim, Ash... Eu vi. — Ele bebeu mais um gole. — Algo pode estar vindo.
Me levantei da cama e fui até ele e o abracei, ele me deu um leve beijo na testa.
— Pelo menos o aviso prévio veio com antecedência.
Os gritos ainda ecoam em minha cabeça.

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