A Prisão Abandonada de Krai de Krasnoyarsk

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Info🚩
O Krai de Krasnoiarsk é uma divisão federal da Federação Russa. É, em área, a segunda maior divisão administrativa da Rússia depois da República de Sakha, abrangendo uma área de 2 366 800 km², cerca de 13% da área total da Federação Russa. O centro administrativo do krai é a cidade de Krasnoyarsk, no sul.

Fonte: wikipedia.com
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Sempre admirei muito a Rússia, tirando a parte cruel dos Czares e entre outros que deixaram essa gente tão miserável no século XIX e XX; mas com outras responsabilidades, acabei deixando mais para frente este sonho: formei-me, comecei a cantar em uma banda de rock (heavy metal) com amigos com quem fiz amizade na faculdade e, como qualquer grupo, começamos pequenos, até que deslanchássemos incrivelmente.

Os outros integrantes, Mike, Ryan, Isaque e Matheus "Andy", em nossas férias, preferiram seguir rumos diferentes, ainda mais Ryan e Isaque, que já têm seus filhos e esposas. Nada mais justo. Para não viajar só, chamei um amigo de longa data, Andrew, para não ficar totalmente sozinho. Ele e sua banda estavam de férias — melhor ainda.

O nosso destino era Krai de Krasnoyarsk e seus lugares abandonados. Na primeira semana, ocorreu tudo bem: gravamos stories, tirávamos fotos e ficávamos madrugando, bebendo vodka e rum e vendo a neve pairar naquele céu anil-escuro.
Já na segunda semana... fomos ao primeiro local, que era uma igreja em um morro. Por fora, parecia nova; por dentro, pareceu nunca ter vida ali.
— Que fenda temporal doida é essa?! — disse Andrew, batendo o solado da bota no chão podre de madeira.

Fizemos várias rotas para diversos lugares. Uma das mais interessantes foi para o parquinho do "Inferno". Por quê, cara?! Que coisa bizarra!
— Quem brincava com isso? — perguntei, passando a mão num pequeno carrossel enferrujado e esbranquiçado pela neve.
Virei-me e vi que Andrew não estava mais ali. Os balanços se mexiam lentamente sem o vento, até que a bizarra estátua se mexeu e veio em minha direção com gritos. Tirei minha bota e joguei-a em sua face, começando a chuta-lá, que também nada tinha de dura — ouvi gritos de dor.

— Para! Para! Para! — então, ele tirou a capa lentamente e fez uma expressão de paisagem. — Jura que você não grita?! — peguei minha bota e fiz um sinal de dedo do meio para ele.
— Achei que era uma estátua por conta de onde estava! Vamos sair daqui. Qual a próxima parada?
— Prisão Krasnoyarsk. — Entrei no carro após ele o destravar e seguimos adiante. Gravei boa parte do caminho como um documentário, pois adorava rever bons momentos.

Era tão longe... parecia nunca chegar. Estava anoitecendo e o fuso horário acabando comigo, apesar de não me importar tanto em dormir. Andrew ligou os faróis do carro e vimos uma pessoa de cabeça baixa, atravessando a estrada. Ele tentou desviar e o carro rodopiou; pelo menos, não capotou. Eu respirava rapidamente enquanto Andrew se recuperava de ter batido sua cabeça no volante.
— Que merda! Que porra foi essa?!
— Um sinal para a gente voltar?! — questionou, respirando pesadamente.
— Eu não tatuaria uma cruz invertida em meu peito se tivesse medo de demônios, Nayara! — revirei os olhos.
[C]— OK, demonologista! Siga em frente. — Fomos o caminho todo em silêncio até aquelas partes.

Chegamos ao tal lugar e já estava me arrepiando totalmente. Andrew gravava no momento e o pessoal na live ia à loucura. Chutei o portão e este se abriu, rangendo.
— Segura. — Ele me entregou o celular e colocou a mochila no chão imundo daquele lugar, que fedia a mofo e morte.
Tirou seus dois casacos e as três blusas. Arqueei uma de minhas sobrancelhas, pois o percebi tremendo, e ele colocou os casacos, deixando suas tatuagens visíveis. Nem quis perguntar, somente fui olhando. Sentia a sensação de ser observada.

Até que... ouvi sons de gritos e flashes de luz muito fortes — e mãos me pegando como se me puxassem para trás. Ouvia os gritos de ordem de Andrew, pedindo para soltá-lo de imediato, e escureceu.
Ao acordar, sentia o frio me congelar: estava coberta de neve. Tentei me levantar com muita dificuldade, pois me encontrava de bruços; então, algo segurou meu pé e gritei, chutando-o como tentativa de fuga.

— Caralho! Para de fazer isso! — levantei-me rapidamente e abracei-o.
— O que realmente aconteceu?!
— Tinha aquela placa ali antes?!

A placa branca, enferrujada com letra vermelhas e azuis, dizia:
Não é bem-vinda a entrada de visitantes! Se tentou entrar, NÃO VOLTE MAIS!

Pegamos o carro e fomos embora. Não parecia, mas a noite havia passado rapidamente. Rússia e seus mistérios... escoriações no corpo, marcas de mãos e fotos com vultos foram o que nos restou desta temporada.

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