Poesias e Historietas - Góticos

A Primeira Revolução

        *Ano I*
"Preciso de alguém diferente...", dizia o grande ser, olhando todas as suas obras magnânimas e perfeitas com belezas e características únicas.
— Miguel, meu filho, venha cá. — Ele olhou e abençoou-lhe com muita força e honra, fazendo sua armadura se tornar dourada. Os outros anjos e arcanjos olharam admirados e Amitiel se encantou com tal beleza divina concedida. — Agora, você é um arcanjo como bem merece.

Entretanto, Ele continuava insatisfeito, apesar de amar Lúcifer até mais que os outros; Lua e Sol não reclamavam e diziam ao irmão a beleza que eram aqueles seres.

— O que te insatisfaz? — perguntou Lua, olhando para o longe, onde estavam todos aqueles seres.
— O círculo de vida está criado como nos outros planos de nossos irmãos... Mas está tudo tão parado! — aquilo era sua tristeza e maior incômodo.
— O círculo de vida espiritual, sim; e o massivo? Coloque vida naquela bolha, os seres podem ser brilhantes. — Disse Sol com seu arco de estrelas a pairar em sua cabeça, prestigiando seus olhos dourados.
— Estes seres têm que saber de vossa existência e de tudo isto. — Disse Ele, animado.

Ano XI
— Meus filhos! Neste dia de hoje, no plano massivo que chamei de Terra, criei dois seres: Adão e Lilith. Terei contato direto com eles e, mais futuramente, Jesus é quem irá morrer por todos os pecadores da Terra, ajudando a criar uma Nova Ordem.

— Como assim, meu pai? — indagou Lúcifer.
— Jesus será meu filho terreno e propagará tudo aquilo que vos ensinei. — Respondeu.
— Fazendo-o sofrer? — os outros anjos querubins e arcanjos já falavam entre si.
— Meu filho, não seja ospicioso! É somente para aprenderem a viver.
— Com dor? Como na Constelação Montauk?! Isso é cruel!
— E o que você sabe de crueldade?! — gritou. — Você ainda está aprendendo! Onde já se viu indagar seu pai? Saia daqui, Lúcifer, e volte somente para pedir desculpas!

    *O Dia*
"Deus", como gostava de ser chamado, resolve conversar com Lúcifer diante de todos e, ao mesmo tempo, resolver o problema de Adão e Lilith; porém, priorizou a primeira prole de seu sangue — queria dar um basta naquilo.

— Meu pai... antes, responda: vai fazer Jesus sofrer para povos de um mundo todo?
— É necessário. — Respondeu Ele calmamente.
— Você sabe que não. — Disse Amom, ficando do lado irmão.
— Seres tão pequenos não precisam de dor — resmungou Balaal.
— Pensa isso também, minha filha Valak? — indagou Deus à pequena, que estava encolhida ao lado de Asmodeus.

Sol e Lua se entreolharam e Os Quatro Cavaleiros Luminosos sentiam que algo ali seria toda a mudança que ambos os mundos e galáxias iriam sentir.
— Deixe a perfeição surgir, Deus. — Disse Lúcifer.
— Eu sinto muito, Portador de Luz; mas isto acaba aqui e agora.
As feições de todos se enrijeceram e os anjos favoráveis a Deus começaram a atacar e empurrar os que estavam contra, fora do Presbitério Divino. Miguel, com sua espada de fogo, arrancou brutalmente as asas de Lúcifer e pisou em sua cabeça, derrubando-o para fora. Os Cavaleiros tentaram ajudar; porém, com seu cavalos, foram jogados — e no mais fundo mundo espiritual, cadeias de gelo e fogo surgiram para receber aquela legião, que agora seria conhecida como: demônios, arautos, bestas, entidades e tudo aquilo que humanos como Adão sentiriam, pois Lilith acolheria Lúcifer após ser expulsa do Paraíso.

— Vocês, meus filhos, um dia surgirão novamente, mas espero que não! — Lua virou fumaça e suas roupas escureceram ao ver tamanha crueldade. Sol parecia haver perdido o brilho de seus olhos.
Anjos perdiam suas asas ou a candura dentro de si, ficando de vestes e com cabelos negros. Sentiam o sofrimento e o ódio, que só ouviam como "lenda", dominarem.

"Pensar diferente é isto, então?", repetiu Lúcifer até bater fortemente contra o chão e ser sugado pela terra como se esta o comesse.

Adão e Lilith, em seu sofrimento, foram ambos privados de ver e sentir a queda dos seres antes celestiais e divinos; os impactos eram extremamente fortes e, talvez, fosse sorte que eles nunca conheceriam o beijo da Morte, e sim, seriam amigos em massa.

— "Revolucionário" é ser isto?! — surgiu uma palavra nova, que algum de seus fiéis irmãos gritou.
E a Primeira Revolução nada mais foi que sua; ao mesmo tempo, sentiu de imediato uma simples alegria, fosse bom ou mau aquilo lhe dera satisfação e ninguém podia tirar-lhe. Nem tudo era só sofrimento — alguns caíram orgulhosos; outros, animados. A nova era começaria agora.