Falhas no Tecido. Falhas da Matrix.

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Via vultos, pessoas mortas, ouvia pedidos de oração e socorros constantes, coisas que somente eu via pela casa, sangue, pedaços de corpos e sinais escritos com carvão e até símbolos do Satanismo presente.
Quando ia nas férias para a casa de veraneio, existia seres, poucos eram iguais aos outros, meus irmãos diziam que minha imaginação era fértil e uma tia minha dizia que era o dom da Mediunidade em meu corpo, e que aquilo passaria, "Crianças são mais sensíveis, querida.", quem derá se fosse só uma fase.
Em 2005 com dezesseis anos, fazia uma trilha não muito longa com uma câmara fazendo um found footage, como não era muito extensa e não tinha risco de me perder, meus pais não se importavam, meus irmãos sempre esperavam-me no final.

Ouvi um barulho de galhos se partindo e aquele ser parecia ser... Não sei descrevê-lo, nenhum filme de terror tinha aquele ser medonho, comecei a caminhar de costas lentamente tentando não assustá-lo, respirei fundo e me virei para correr, a câmera acoplada na minhas costas gravaria tudo aquilo. Até que aquele demônio, aquela coisa, me agarrou e rolamos mata adentro.

Era uma floresta, mas não a que conhecia, me virei para trás e sentei-me, cutuquei na face daquele ser, era humano? Agora parecia. E ele se levantou rapidamente e puxou, grande e de olhos vermelhos e uma pele azulada, os cabelos negros era repicados e armados de uma forma muito bizarra.

— Errt ut nah. — Hã? — Ah, desculpe, Terrena?

Pelo fato que nunca usei drogas, estava alucinando, não fazia sentido, mordi a língua, cocei os olhos, e nós nos encaramos por uns minutos.

— Não sabe falar?
— Sei sim, isso é real? Sobrenatural? Que isso?
— No momento estamos no seu Inferno, algumas pessoas são escolhidas para ver coisas.
— Eu morri? Você é Deus? Gaia? Cornífero? Exu? Lúcifer? — ele segurou meus lábios.
— Você não morreu e eu não sou nenhum desses que você citou, sou um intermediador mental.

Continuei sem entender. Meu Inferno era uma floresta morta e fria, tinha nada, além de nada. Me fazia parecer boa, até que não percebi o lago a minha frente e cai dentro dele, fazendo-me cair em um lugar acinzentado como uma cidade, ônibus, carros, pessoas, só que mais triste.

— Aqui é SeteÁlem, o mais próximo da realidade de seu Universo.
— Hum?
— Existem muitas camadas e outros planos de galáxias, já ouviu falar em Buraco de Minhoca? É de lá que alguns demônios e entidades vem, pelo Inferno e muitos não conseguem sair.
— E? — Aquilo era muita informação para mim.
— Isso é de tudo um pouco que muita gente conspira, sabia que seu planeta é o mais ignorante e mentiroso? Eles negam mostrar a existência da verdade, por isso vocês nasceram condenados ao fracasso, e são estudados, sequestrados, entre outras coisas.

Um ônibus vinha em nossas direção e ele o parou como se um grande vidro se formasse e um gesto nele, o fez entrarmos e cairmos para cima. Sim! CAIR PARA CIMA!!! Que sensação horrível, literalmente um pavor em meu peito, ali era quente e tinha seres bizarros indo e vindo constantemente como se estivessem em uma grande empresa. Ele me puxou pela gola do casaco, levantando-me.

— Isso é o Inferno onde pessoas cruéis em grupos morrem juntas.
— Não parece tão mal.
— Verdade, é isso, não viu o sofrimento para esses estarem aqui, nem queira. E eu não tenho que dizer tudo ainda, aquelas pessoas que te clamam, ouçam elas e as ajude, não é todos que a podem ver.
— O que pode acontecer daqui quartoze anos?

Ele me puxou para um lugar que eu não conseguia enxerga nada e não ouvir nada além da minha respiração e coração baterem.

— Sílvia, terá guerras, fome, a pobreza irá aumentar, assim como o tecido também, por isso os auratos e bestar ressurgirão, sem piedade algumas, as pessoas terão mais filhos e mais ódio uma das outras, você terá enormes perdas e uma doença que vai vir cruelmente a fazendo amadurecer, a religião será somente uma e se agora está pior, ficará mais ainda. Humanos são uma das raças mais agressivas existente, o tecido já fora perfurado inúmeras vezes, e mais de seres como eu vão rastejar pela Terra e seremos temidos e odiados por nossa forma lá. Somente viva e até 2010 terá vídeos que são a realidade para alguns e mentira para outros. Agora você precisa ir.
— Esper... — Aquilo me doía a cabeça e não era o suficiente.

Acordei e conseguia ver o docel de árvores ainda balançado sobre minha cabeça a presença dos meus irmãos, logo em seguida me levantando. Que confuso.

E ainda consigo me lembrar de tudo aquilo, as coisas tenebrosas, possessões, mortes que via em locais, o meu câncer na adolescência, meu pai e meu irmão do meio morrerem, e tudo está piorando, ele tinha razão mesmo, as falhas...

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