Seria Exu e Pombagira?

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Como qualquer pessoa da minha idade gosto de uma festa, apesar de não sair com muita frequência. Fui com meu namorado, eu pretendia mostrá-lo aos meus amigos e ter suas "bênçãos" — risos —. A festa começaria às 20h:30min,

Coloquei um vestidinho preto justo e uma tiara dourada, peguei minha bolsa e meu celular, e fui de encontro ao meu amado, com aqueles olhos verdes penetrantes, além de seus doces lábios rosados. A festa estava ótima, apesar que tinha gente que nunca vi na vida, bebi algumas e perdi o Vinícius de vista. Eu estava lá, bebendo uns goles de cerveja, até que me deparei com Vivian em meio aquela multidão, ela se aproximou e veio em direção do meu ouvido para falar devido ao som alto.

— Ué, você está aqui? Doida! — Olhei para ela com expressão, "Jura?", me aproximei novamente.

— Estou! Viu o Vinícius, por acaso? — Ela se afastou e deu um sorriso amarelo, arquiei uma de minhas sobrancelhas. — Que horas são?

— São exatamente 01h:03min. — Disse ela desbloqueando o celular.

Revirei olhos e respirei profundamente, gritei em pensamento: "Eu vou matar o Vinícius e depois bater nele até ele reviver! Como ele pôde fazer essa proeza?" Saí do local e fui até o portão ao lado de fora para pedir um Uber, mas lembrei que tinha deixado meu celular no bolso dele. Gritei internamente alguns palavrões; fui caminhando até o ponto de ônibus, tirei o meu cigarro e o isqueiro da pequena bolsa. Chegando no ponto, me sentei inconformada, resmunguei: "Ele bebe e esquece? Aquele Idiota! Se eu morrer, irei assombrar o Vinícius e ser um Poltergeist eterno! Ah!".

De repente, senti um vento frio soprar meus curtos cabelos, olhei para um lado e outro e nada de ônibus, quando uns homens esquisitos de moto passaram por ali fazendo rodopios. Olhei profundamente em seus olhos e foram rápidos, empinando as motos em direção contrária, tirei o salto e fiquei olhando.

Agora eu sentia um forte cheiro de perfume, só que muito bom, alguns barulhos de "Toc Toc" no asfalto e duas vozes distintas me fizeram arrepiar. Apavorada, eu não quis me virar. Até que ouvi alguém falar comigo:

— Nay, isso não é hora de mulheres da sua idade ficarem sozinhas. — Não conhecia aquela voz, e era de mulher.

Minha curiosidade falou mais alto que o medo, não aguentei e olhei para ver quem estava falando comigo. Era um casal, mas tinha algo estranho neles, eles estavam muito bem vestidos e me davam arrepios. Até que eles me perguntaram se eu queria companhia para ir pra casa, fiquei sem reação, mas acabei aceitando.

Acompanhei os dois mantendo uma distância que eu achava segura. Percebi que me olhavam discretamente, senti um arrepio subir pela espinha, tinha algo muito errado com aqueles dois. Em nenhum momento eu consegui ver os seus rostos, parecia que a escuridão da noite estava protegendo eles. Em meio as minhas observações, o homem me fala:

— Que cigarro é este? Poderia me dar um menina? — Eles caminharam até pararem, se concentrarem no meio da rua, a iluminação era escassa, eu ainda não conseguia ver seus rostos claramente.
Me aproximei e comecei a andar com os dois, parecia até o meu instinto falando alto: "Vá depressa!".

Ofereci o cigarro para o homem bem trajado de cartola e bengala, enquanto eu observava a mulher, ela era alta e trajava um vestido curto e vermelho, estranho... Parecia conhecer os dois de algum lugar, mas nada me vinha a mente. O homem novamente me pediu outro cigarro, acabei ficando no meio dos dois, a rua estava tão silenciosa e o medo não me veio em nenhum momento, era somente paz.

Não falei nada sobre mim para ambos, mas aparentemente ele me conheciam, já que me diziam coisas sobre mim e o meu nome. No fundo eu sabia quem eram, mas não lembrava e tinha minhas dúvidas sobre. Quando chegamos a casa de meu namorado, peguei a chave e abri o portão. Quando me virei para agradecer, os dois me olharam, sorriram e saíram andando, não deu tempo para agradecê-los.

No dia seguinte...
O

noticiário das 07h:00 da manhã informavam que duas garotas que estavam sentadas no ponto de ônibus foram mortas com os corpos decepados e aparentemente abusadas. No local foi encontrado resquícios de cigarros e drogas como cocaína. Alguns moradores próximos chegaram a ouvir gritos, supostamente seriam das jovens.

A quantidade de sangue na imagem censurada mostrava isso, eram aqueles "caras" de moto, claro! Vinícius chegou na sala, me abraçou pedindo desculpas e que nunca se perdoaria se fosse eu ali. Encostei minha mão em sua face, afastando-o.

— Estou tomando café, sai. — Fingi uma expressão de brava, ele estava até acostumado e deu um sorrisinho.

— Amor desculpa?! — Com manha.

— Não devia, mas eu te amo. E se fizer isso de novo, bato em você e termino nosso relacionamento.

Ele me apertou e me deu um beijo na bochecha, quase me fazendo derrubar o café.

— Amor, Então... Como chegou aqui?

— Estava fumando sentada no ponto de ônibus, após passar uns caras esquisitos de moto, então uma mulher alta e muito bem arrumada de vermelho e  um homem negro de terno apareceram e incrivelmente me trouxeram aqui.

Ele mostrou seu belo sorriso novamente e depois naquele dia mais tarde, lembrei. Pomba Gira e Exu. Esse é o nome daqueles que me trouxeram pra casa; agradeço muito a eles por terem me protegido.

E que Deus possa zelar pelas almas daqueles garotas.

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