Infinity

Capítulo 2: O Mistério de Universe Online

- Argh, ele não morre nunca! Ainda está na segunda barra de HP! - Desde que o sistema de ALO cria novas missões e chefes regularmente, sempre temos trabalho a fazer aqui e não costuma ser tão fácil. Esse chefe possui cinco barras de vida e muita resistência física. O limite de nível aumentou para 150, por enquanto. Esse boss é nível 85. Mesmo que sua vida não seja tão grande, a forma como se mantém dificulta as coisas, isso porque trouxe Excalibur comigo - A barra mal se move. - eu disse com desânimo.

- Mas pelo menos os golpes deles não causam tanto dano, eu tenho mais medo do gigante de gelo do que deste cara! - ele disse, se desviando do golpe.

- Tem certeza Klein? Você pareceu mais assustado quando a sua pretendida futura esposa NPC se transformou em um velho barbudo gigante. - minha voz ofegante de tanto correr.

- Vá se ferrar Kirito! Além disso eu não entro mais nos jogos procurando esposas...

- Realmente. Pra ser franco, fiquei surpreso por você conhecer sua esposa fora do jogo. Por falar nisso, como vai Akemi? - eu disse, virando meu corpo bem a tempo de driblar o machado do chefe. Sua aparência é de um híbrido de ave e réptil, mas sem asas. Uns 20 metros de altura, com esporas nas costas e braços escamosos cor de ferrugem.

- Pensei que fosse contra as regras falar da vida real no jogo - ele disse, sarcástico.

- Só quando falar da realidade nos deprime. - respondi.

Dei a volta por trás do monstro e o golpeei nas costas. Ainda no fim da segunda barra de vida. Ele virou a cabeça emplumada na minha direção. Os buracos sem olhos pareciam se preencher com uma expressão zangada.

- Nunca vamos matá-lo nesse ritmo, estou cansado de voar em torno desse bicho. - Klein estava quase desistindo - Foi burrice vir aqui tentar derrotar um chefe desse nível sozinhos.

O Pássaro-réptil furioso me acerta e me derruba no chão como se eu fosse uma mosca.

- Cansei - digo me levantando e tentando me recompor - Isso pede apelação! - Acionei a habilidade de lâmina dupla. Corri para cima do chefe com tudo. Comecei cortando os pés dele. Depois movi os braços armados freneticamente até fatiá-lo completamente. Urros de dor e ruídos graves se seguiram. Tomei distância e me aproximei rapidamente, usando as lâminas que se cruzaram para separar a cabeça do monstro de seu corpo. As cinco barras se esgotaram e nossa vitória foi anunciada.

- Pelo menos tem menos gente para dividir os itens - sorrio.

- É uma maneira de enxergar isso. ALO está quase morto esses dias, ninguém mais joga. Novos chefes surgem e não tem ninguém para enfrentar. Talvez Asuna tenha razão.

- Asuna? O que tem ela? - pergunto, ansioso.

- Há umas duas semanas, Sinon, Liz e eu logamos no ALO para enfrentar um chefe que surgiu a uns 10 quilômetros da capital de Alfheim. A missão que envolve esse boss já está disponível, e nós íamos tentar juntar alguns grupos de jogadores pra ir até lá. Mas não vimos ninguém, o mapa do jogo estava vazio. Como o chefe era de um nível muito alto, achamos melhor esperar na cidade até mais jogadores logarem para ir na masmorra. Só que esperamos por quase uma hora e ninguém apareceu.

- Não tinha ninguém no jogo além de vocês? O servidor estava vazio? - questionei, intrigado.

- É, exatamente. Mas aí a Asuna chegou com a Yui nos perguntando porque a gente estava ali parado. Depois de contar pra ela o que acabei de te explicar, ela disse algo sobre os jogos com origem no VR seed perderem usuários para aquele novo jogo que lançou, Universe Online. - contou - Eu pessoalmente nem cheguei a jogar, não me interesso muito por jogos de espaço e batalhas estelares. Acho que a Silica e a sua irmã estavam jogando esse... Me lembro de a Asuna dizer que esse jogo tinha relação com Alfheim estar despovoado. Ela queria verificar o Universe e disse que ia entrar no jogo.

- Agora que mencionou, muitos na Mecaphial me falaram desse jogo e sobre o quanto ele está superando outros lançamentos, como se estivesse dominando a indústria de VR. Mas Asuna não me disse nada sobre entrar no jogo. Há uma semana ela está agindo estranha, como se quisesse me dizer algo mas não diz nada. Acha que pode ser isso? Talvez ela esteja pensando que eu posso me apavorar pelo fato de ser um jogo estranho e que não temos controle sobre a operação do sistema. - digo, olhando para frente com uma expressão curiosa.

- Eu não acho que...

- No trabalho, testamos realidades virtuais o tempo todo mas, agora, estaríamos mergulhando no trabalho de outra pessoa, como em SAO. Já faz um tempo que os jogadores perderam a confiança em jogos desenvolvidos individualmente através da Semente... - eu disse com uma voz pensativa, enquanto mexia no meu cabelo.

- Kirito você está me ouvindo?

- Com certeza ela está pensando em entrar no jogo para descobrir o truque para atrair tantas pessoas. Confesso que eu também estive pensando em entrar em UO e descobrir algumas informações valiosas. Estou até aliviado por ela cogitar isso também. Talvez você até possa nos acompanhar, o que me diz Klein? Klein? - acabo de perceber que estou sozinho.

- Maldito! Ele deslogou e me deixou aqui falando sozinho. - exclamei para mim mesmo.

Desloguei em seguida e removi o Amusphere da cabeça. Quando saio do quarto, um cheiro ótimo sai da cozinha e sobe as escadas até o nosso quarto. Tempura. Quase acho a comida da Asuna a melhor parte de morarmos juntos. Eu também cozinho, mas minhas habilidades não são lá essas coisas.

Gostaria de comer aquele peixe novamente, como quando almoçamos com aquele velho pescador em SAO. Estava delicioso. Também gostaria de ter provado uma receita com aquele ingrediente raro de pernas de sapo quando estávamos lá... Mas Asuna se recusou.

Sem pensar mais em comida, resolvo abafar os pensamentos com um estômago cheio. Desço as escadas e ajudo Asuna a por a mesa. Durante o jantar, observo ela atentamente. Como tive sorte de não perde-la em Sword Art Online, e sou mais sortudo ainda por me casar com ela.